domingo, 28 de novembro de 2010

Capítulo 9- Os irmãos Chavez

Ele abriu a porta do apartamento. Sua jovem esposa estava vendo um seriado americano na televisão. Era domingo à noite. Ele olhou para ela e lembrou de como ele sempre a amara.


Vindo do bar ele pensou nesse passado, de quando eram jovens. De quando ele fazia faculdade de sociologia. Hoje trabalhava em uma grande empresa. Havia se tornado um executivo.

Mas no carro lhe ocorrera algo que nunca havia pensado. Talvez por amar tanto a esposa.

---Eu vi o Ícaro no Genésio agora.

Carla mal tirou os olhos da televisão. Rubens repetiu:

---O Ícaro. Ele está tão diferente. Acho que faz uma década que eu não o via.

---O Ícaro?

Carla agora olhava séria para Rubens. ---Como ele está? Falou com ele?

---Chegou da Europa. Disse que viveu lá por seis anos, fazendo circo. Tomamos alguns chopes.

Carla se levantou e ia dormir. ---Bem estou cansada, amanhã conversamos. Eu estava só te esperando. Boa noite.

Ela ia saindo. Quando Rubens a puxou pelo braço. Ele sentou numa poltrona.

---No carro vindo para cá eu pensei numa coisa Carla.

A esposa disse que era tarde e que não queria conversar. Ainda mais aquele assunto de dez anos atrás, de Paraty, almoço de natal ela não lembrava mais daquilo. Depois que sua amiga fora assassinada ela tentou esquecer de tudo. Nunca pegaram o criminoso, foi horrível. O processo todo, fora dolorido. Pelo menos é o que Rubens achara até então. Até aquele domingo em que ele encontrara Ícaro sem querer num bar da Vila Madalena e ouvira algo quase sem importância. Fato que lhe revelou tudo.

---Estávamos todos em Paraty. Era para um almoço de natal. Um ano antes de Gabriela morrer. O que eu não sabia é que ele também estava lá.

---Ele quem Rubens? Já são duas da manhã.

---Carla eu acho que sei quem matou Gabriela Chavez.

 Ela sentou-se no sofá. Deu um olhar para Rubens que ele estranhou. Um olhar que ela nunca dera. Mas ele já tinha certeza.