sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Nova antiga Praça. Para sempre Roosevelt.


Antes de conhecer o Teatro do Satyros localizado na Praça Roosevelt eu conheci o
N.Ex.T. , um tetro próximo dali na Rua Rego Freitas. Na época o N.Ex.T. tinha outra proposta. Lá acontecia o Terça Insana, quando este espetáculo ainda era um tanto quanto off.
 Mas no fim tanto o Satyros quanto o N.Ex.T. têm mais ou menos a mesma configuração. Um bar na frente e um pequeno auditório nos fundos.
 A minha memória mais antiga da Praça Roosevelt foi quando meus pais me levaram num antigo cine clube que ficava onde hoje é o Teatro do Ator. Assistimos ao “Carteiro e o Poeta”. Acho que eram os anos 80. Lembro que gostei muito lugar.
 Meu pai sempre foi um pioneiro e garimpeiro cultural. Ele frequentava o Teatro de Arena nos anos 60, também ali perto. Outro dia descobriu um novo cine clube, acho que se chama “Matilha”, ali mesmo na Rego Freitas, galeria de arte na frente e cinema aos fundos.
 Mas voltando. Há uma década, o Satyros aportava na Praça Roosevelt. O lugar tem prédios que me lembram os de Buenos Aires.
 No começo ficávamos bebendo nos Satyros e depois também nos Parlapatões. Antes e após as apresentações de teatro.
 Eu achava a rua que separa os teatros e bares da Praça propriamente dita, uma fronteira do mundo encantado. De um lado a ficção da dramaturgia, feita com a luz do palco e os atores, do outro aquele lugar sinistro, com árvores antigas, construções que lembravam ruínas futuristas, nunca tínhamos a visão do todo da praça, pois a praça ficava elevada em relação aos teatros e bares.
 Terça feira passada fui à praça. Ver de perto a famosa e esperada revitalização. Não amei. Me lembrou vagamente o concreto do Memorial da América Latina.
 O lugar agora tem a mesma intensidade de luz à noite quanto de dia. Claro que para uma metrópole que sofre com o pesadelo da violência e das precárias condições dos aparelhos urbanos, a população sai ganhando.
 O lugar estava lotado, pela primeira vez vi mais gente na praça do que nos bares.
 Acontece que para mim, que era um frequentador que ia uma vez a cada duas semanas, quando não estava eu mesmo em cartaz, o pesadelo sumiu, mas sumiu também parte de um sonho.
 Aquele lugar sombrio, sinistro, fantástico, um bosque mágico e perigoso no centro de São Paulo, deu lugar a um horizonte que me lembra as orlas de Santos, Recife, Caraguatatuba... Só não há o mar no final. 
 E com isso tenho a certeza que aquele lugar nunca foi o que foi, por conta só da arquitetura e do urbanismo.
 Aquela praça é o que é por conta das pessoas. Por conta do acaso de juntar uma rua com prédios Portenhos, teatros alternativos, como o La Mama de NY, que não tem o mesmo charme do Satyros. Com o circo dos Parlapatões, com as atrizes gatinhas andando lado a lado com as garotas de programa bonitinhas.
 Com pessoas de todo o Brasil, com influencia, de arquitetos como Rino Levi, Niemeyer e  Artacho Jurado.
 Eu queria que algum Paulistano parecido em alma, como o Nova Yourquino Wil Eisner, autor da Avenida Dropsie, contasse todas as décadas da Praça da Roosevelt. Seus movimentos, sua arquitetura, e principalmente os personagens. Sonhadores, boêmios, prostitutas, viciados, poetas, descolados, moderninhos, políticos, curadores, dramaturgos, roqueiros, sambistas e belas moças.
 Que venha uma nova década, que venham outros jovens. Quero que daqui uns vinte, ou trinta anos, eu volte a Praça Roosevelt e veja jovens curtindo a noite, sem pressa de ir para casa, para ter acordar cedo no dia seguinte.  
 Vou lembrar das minhas noitadas. Lembrar do encantamento. E imaginar que na praça existam seres mágicos e segredos escondidos. Mesmo porque as mudas plantadas hoje serão árvores fortes, enormes e cheias de histórias para contar neste dia.
 Quem sabe neste dia, um texto meu, seja montado por um grupo destes jovens.  
 E que depois da apresentação, iremos ao Planeta`s jantar, na Rua Augusta e voltaremos para Praça, para beber. Beber até o sol nascer. Viva!

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Testemunho de um arrastão.


Estávamos ainda aguardando os pratos. Eu e minha namorada, jantávamos num restaurante Árabe descolado na Vila Madalena. Eu a havia buscado no trabalho, uma produtora de vídeo, bem perto da Rua Girassol, onde agora nos encontrávamos.
 Era uma noite feliz. Não tínhamos brigado, a paixão estava rolando no ar. Nos entendíamos tão bem. Vi uma conhecida na mesa ao lado. Ela parecia estar num encontro. Dei um oi de longe.
 Como nossa mesa era na porta, e outra mesa ficara vaga, os garçons gentilmente nos ofereceram trocar de mesa. No caminho para nova mesa, agora encostada na parede, parei alguns segundos, para conversar um pouco com a minha velha conhecida. Noite calma. O lugar tem uma atmosfera que mistura oriente com Vila Madalena, de um jeito contemporâneo.
 Em filmes, ou mesmo no circo e no teatro, as atrações são anunciadas. Um arrastão, um assalto, são uma cena, com começo meio e fim. Independente do estilo. Causa tensão.
 Mesmo quando se é só uma foto, ou um pedaço de cena, a platéia, ou o espectador tem de entender, que um personagem está roubando o outro.
 Foram só três minutos. Sem anuncio, sem trama, sem líder, sem organização alguma.
 O que eu senti? Posso afirmar que não foi síndrome de Estocolmo. Sei lá o que as pessoas sentem. Mas pra mim... Como dizer?
 Eu posso reproduzir este três minutos. A posição em que eu fiquei. Tudo o que eu pensei. Onde estava cada mão, pé. O que eu sussurrei para a namorada. Enfim tudo. Tudo o que eu vi e ouvi. As cores, as vozes... Mas como somos ensinados desde cedo para não reconhecer rostos e eu fiquei olhado para o meu prato vazio, logo não me é possível reconhecer ninguém.
 De tanto ler e ouvir sobre arrastões, não demora tanto tempo para sacar que você está fazendo parte de um. Como vítima.
 Não sei se é treinamento do Teatro. Mesmo porque até no teatro dizem que eu sou muito calmo. E acho que quanto maior o perigo mais calmo eu fico.
 Acontece que antes de entrar em cena, nos preparamos. Mesmo para um stand-up, ou show de palhaço. E se não rirem? E se não baterem palma? Bom, se não baterem palma eu não vou morrer por isso, correto?
 Andar de avião, praticar um esporte radical... Mas para tudo isso há um preparo, nada é assim de surpresa. Por maior que seja a adrenalina, já estamos aquecidos.
 O que eu quero dizer, e isto é algo muito particular. É que quando acabou o assalto e aqueles cerca de oito ou dez homens armados se foram, ficou uma sensação de quero mais.
 Já ouvi que jogadores de cassino são viciados na emoção de quando os dados ainda não pararam.
 Bombeiros, policiais, assaltante de bancos, soldados, eles têm esta emoção. Uma mistura de medo e prazer. Final de Copa do mundo, olimpíadas e resultado do vestibular são alguns exemplos.  
 Nestas horas ficamos totalmente livres. Esquecemos se estamos bem vestidos. Esquecemos nossa doença, nossa dor de amor, dívidas e até a eleição.
 Uma vez quando sofri um sequestro relâmpago, achei que iam me matar, e senti pena de mim, porque estava escrevendo uma peça de teatro e não poderia terminá-la.
 Mas dizer isso ao seu assassino:
 “Veja bem, você não pode me matar porque ainda não terminei de escrever a minha peça de teatro. Ela pode ser uma obra prima da dramaturgia nacional.”
 Acho que não é um bom argumento.
 Não acho que existam duas versões, para caracterizar um arrastão. Uma de esquerda e outra de direita. Sem maniqueísmo. Existe uma só. Quem pega em armas para realizar um ato banal dentro da democracia, é porque gosta dessa sensação.
 Acredito que seja muito mais forte que qualquer droga. Porque vem do nosso próprio corpo. Vicia. Liberta.
 Ruim é a expectativa. “Será que vão me assaltar se eu parar no sinal vermelho?”
 Durante é até um alívio. “Pronto finalmente aconteceu.”  
 Não gosto de pensar como sociólogo, porque eu não sou, nem tenho acesso a pesquisas ou a trabalhos sobre comportamentos sociais e tal.
 Mas querer substituir esporte, lazer e cultura pela violência, é uma tarefa muito árdua.
 Para não dizerem que sou um louco, digo que sexo ainda é bem melhor do que jogar entre a vida e a morte. Mas que essa adrenalina de um arrastão, é muito melhor do que um medinho controlado de parque de diversões e filminhos de terror. Ah! Isso é. 
 Não desejo que me aconteça de novo. Foi uma lição. Para eu entender que nem tudo é racional.
 Bom e para terminar, sou sim a favor de excluir um cidadão que ameaça outros com uma arma, do convívio da sociedade.
 Ainda mais quando eles são desconhecidos entre eles. Vítima e criminoso. Eu sempre estarei do lado da vítima.
O assalto acabou. Eu e minha namorada jantamos. Comida maravilhosa. No caminho para o carro, cruzamos com um grupo de Portugueses moderninhos bebendo vinho e rindo na calçada.
 Para a surpresa da minha namorada, eu contei ao grupo sobre o assalto, o arrastão, a um quarteirão dali. Eles se solidarizaram conosco e ainda nos chamaram pra ir a Mercearia São Pedro beber.
 Foi quando o Leo civilizado voltou e pediu para o Leo bárbaro sair. O curioso é que o Leo bárbaro é calmo, contido, frio, dissimulado, coordenado, rápido e feroz.
 Já o Leo civilizado é histriônico, comunicativo, afetado... Uma noite linda, luar e a tranquilidade da Vila. Nem mais sinal do pequeno exército mercenário que o destino nos colocou frente a frente.
 Era dia de São Francisco de Assis. 

sábado, 22 de setembro de 2012

Personagens de uma pequena Vila

  Crônica convidada. Texto de Livia Prestes. 

  Fui ao cinema assistir Fausto de Goethe. Além de contemplar a bela fotografia , fiquei imaginando aquela época, a vida no século XIX, na Alemanha. A passagem de um século para outro. Os personagens Mefistofilis e Fausto existindo de verdade naquele contexto. Quando lemos imaginamos, o cinema mostra e você vê a história viva na tela. Passeavam pela vila, iam a padaria, a venda, ao bar, no bosque. Viviam como as pessoas de hoje, claro, nas condições daquela época, e dos personagens que eram. Um era um diabo e o outro um médico doido! Dividiam a mesma vila alemã com os outros alemães “normais”. Embora se notasse bem que eram caras diferentões, esquisitos, como tantos que vemos por São Paulo.
   Esta cidade em que vivo tem hoje quase 20 milhões de habitantes. Dentro desta mesma cidade tem incontáveis vilas, vilarejos, comunidades, favelas e até mesmo outras cidades dentro de uma Sampa só. Eu escrevo sobre a minha vila. A que eu vivo. Eu venho do Bonfa, mas circulo da zona oeste, a sul e centro. E dentro deste circuito, consigo as vezes me sentir vivendo em uma vila pequenina do século XIX. Encontro as mesmas pessoas nos teatros, bares, vernissages que freqüento. Nas avenidas, ruelas, parques, se tornam pequenas, onde todos se conhecem ou já se viram antes.
 Consegui identificar uns tipos esquisitões na minha vila. Possíveis Faustos e Mefistófilis. Eles existem de verdade. Vou descrevê-los como vejo e como se comportam aos meus olhos! Espero que eles não fiquem bravos comigo... pois os encontro sempre.

 Tem a louca histérica. Ela é catadora e mendiga, vive nas partes ricas da cidade, mais pelos jardins e a avenida Paulista. Ela lembra aquela velha dos gatos de Os Simpsons. As ruas das áreas comerciais estão cheias de gente ao meio do dia, é a hora do almoço, das doze ás duas ou três tarde. Todos indo aos restaurantes. Então ela começa a gritar. A urrar na verdade. Um urro ardido e contínuo.  Ela escolhe uma vítima, grita e gesticula olhando diretamente nos olhos desta pessoa, fazendo todos ao redor (que não a conhecem) acharem que esta pessoa fez algo muito sério a ela. Como não dar uma esmola, pisar no pé dela ou algo assim.  Nada disso, o coitado foi simplesmente o eleito. Ela nunca me elegeu, graças a Deus. Mas já a alguém muito próximo a mim. O susto que todos levam é muito grande. Mesmo depois de saber de sua existência, os urros são muito altos e indignados. E ela continua meio que tentando reclamar algo incompreensível e até hoje eu vejo gente tentando compreender o que exatamente ela está a urrar.  Sempre tem curiosos que param de longe tentando entender o que ela está fazendo. Além de novos e velhas vítimas assustadas.
  

 Ronaldo Brévis o poeta. Tem uma esquina na Oscar Freire que tem um prédio completamente abandonado. Tem um processo judicial nele, alguns mendigos tomaram o local o deixando deplorável, mal cheiroso e pixado. É uma esquina fantasma. Ali é a sede do poeta. Tem um ponto de ônibus na frente onde ele senta para escrever. Ele tem uma cartola de Tio Sam preta, ou uma de lantejoulas roxas e ainda um chapéu estilo capitão Gancho com uma pena verde. Barba branca, é negro, magro, não possue os dentes da frente e as vezes parece mendigo, pois não deve ter  muitos acessos a  banho. Está sempre bebendo alguma coisa, não sei se é álcool mesmo, mas ele fala como se estivesse sempre bêbado. É engraçado pois as vezes cheira mal e as vezes se entope de perfume! Ele põe cartazes nesta esquina, onde escreve poesias de canetinha colorida, caneta bic e grafite. São vários cartazes pequenos e grandes. O português do poeta é muito ruim, o que me impossibilita de dizer se as poesias são boas ou não. Já tentei ler algumas mas só os inteligentes podem entender, eu não consegui ainda. E mais, se você der atenção a ele, vai te pedir uma caneta, e um papel e vai te escrever uma poesia. E colocar os links dele no you-tube, no papel. Tenho a minha poesia em algum lugar aqui em casa. Lembro de tentar decifrar, ainda não o fiz. Escreva o poeta dos jardins no you-tube, ele é famoso!

  Legionaire. Tenho medo deste cara. Inclusive de ele ler isso e me processar! Mas conto aqui a verdade,  que  vi deles na rua pública. São personagens da Vila São Paulo que freqüento, vivo e moro desde sempre! E este cara é outra celebridade. Todos os bares e restaurantes do Itaim, Vila Olímpia, Pinheiros e Vila Madalena o conhecem. E o temem. Pois a princípio ele é só um excêntrico. Depois de beber garrafas de tequila, vodka e whisky, óbviamente se transforma  e dá trabalho. As primeiras são no copo, depois ele começa a circular com uma e depois com duas garrafas uma em cada mão. Ele começa a conversar, tem os olhos arregalados, parece um soldado alemão. Usa calças camufladas de exército, é careca e no início usa uma camisa, depois de muito éter circulando nas veias, ele exibe seu abdome e peito super sarado. Para todos diz a mesma conversa, exatamente igual. Ele diz que é francês de Lyon. Com alguns começa a falar em francês. Diz que é agente secreto, faz cara de “por favor não conte a ninguém”. Diz que serve as duas nações: Brasil e França. Aí ele mostra os documentos: passaporte, reservista, o documento de dupla cidadania. Depois bebe mais um pouco, sobe no balcão, se houver, se não encontra algum tabladinho e começa a dançar como um gogo boy. Por isso o medo dos donos de bares e restaurantes. Nenhum segurança consegue tirá-lo dali se ele quiser ficar. Ele vira a estrela do lugar. E dependendo da empolgação, termina de mostrar todos os seus documentos de cima de seu palanquinho.

 O Alls Star vermelho. Conhecido como Alls Star mesmo. Me esqueci do nome real do rapaz, jovem alto e bonito. Usava uma jardineira jeans e uma camiseta colorida em baixo. Ele chega e mostra que comprou um alls star. Há anos.  É a primeira coisa que diz. E o alls star realmente está sempre novo. Depois, independente de qual seja o assunto ele tem um conjunto de frases que servem para tudo! É impressionante. Suas respostas são perfeitas para quaisquer perguntas. Ele tem também um conjunto de expressões faciais igualmente universais. É como se ele tivesse decorado um texto coringa para tudo que conversávamos. Falava olhando para o céu. Eu tentava fazer perguntas difíceis, elaborava algo que ele tivesse que dar uma resposta diferente. Nunca consegui. Ele estudava num colégio do Bonfa, o mesmo que eu estudei. E as conversas eram na porta, na hora da saída ou na entrada. Ele sumiu. Dizem que morreu. Mas acredito que foi abduzido por um grupo de ETs.


 Fofão. Antigamente o Fofão (não se sabe se ele sabe que o chamam assim)  simplesmente ficava sentado nos bancos das praças do centro da cidade. Ele tinha as bochechas vermelhas inchadas bem abaixo dos olhos, como aquele palhaço dos anos oitenta que aparecia na televisão, o Fofão. Olhos delineados de lápis preto e um quilo de blush. Não fazia mal a ninguém só ficava sentado mesmo, mas todos que o olhavam saíam correndo de medo da figura. Criança chora de medo só de olhar. Dizem mil coisas: que é gay, que foi casado, que é perigoso, que era rico e ficou pobre, que aquela bochecha foi cirurgia mal sucedida . Os anos se passaram e Fofão mostrou-se inofensivo porém, mau humorado. Arrumou um emprego de entregador de panfletos no semáforo. As bochechas, que seria aplicação de silicone, que parece que também tem no quadril, desceram no rosto, o tornando mais horrendo que antes. Ele também cortou os cabelos que eram compridos. Imagine o susto que leva o motorista no farol quando ele aparece na janela para panfletar. Se a pessoa não aceita o panfleto ele fica bravo e começa a perguntar por quê? E entra na frente do carro para assustar ainda mais com sua aparência! Eu sempre aceitei seus panfletos. E tento não mostrar que tomei susto com seu look novo.

 Por último , tem o dono da Ferrari vermelha. Ma que bella máquina! Ele tem também um corvette amarelo sensacional. É muito simples: ele fica na av. Paulista em dias de muito sol. Feriado ou domingo. Estaciona na calçada de modo que o carro fique exposto como se estivesse no salão do automóvel. Ele joga o peso dom corpo para um lado, está com jaqueta da marca de carro e fica rodando a chave no dedo indicador. Os amantes de carro pedem pra tirar foto, ele deixa e adora. Alguns tiram foto com ele. É uma celebridade desconhecida. Talvez os policiais façam vista grossa por ele estar estacionado na calçada, afinal é quase uma atração turística. Fica pertinho do Masp.
   

 Se eu não vir mais essas pessoas, darei falta delas. Tem vários outros, que em meio a 20 milhões se destacam, ou pela esquisitice ou pelo que for. Tem o vendedor de pão de mel, o amolador de facas.  Como é difícil desligar de São Paulo! Sempre tem tanto a se fazer, a se ver por aqui ... Cada vez mais cresce e ao mesmo tempo fica pequeno esse nosso mundão.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Minha relação com o Rio de Janeiro.


Ontem conversando com uma paulistana de 21 anos, classe média alta, fiquei surpreso ao ouvi-la dizer que ela nunca esteve no Rio. Só no aeroporto, uma única vez a caminho de um resort. Tive pena dela. Porque acredito que nunca ninguém irá entender São Paulo, sem conhecer o Rio.
Já eu, do alto dos meus 37 anos de vida, visito o Rio pelo menos uma vez por ano. Verdade é que fiquei muito tempo sem ir. O motivo desta crônica é porque comecei a refletir. Se eu fosse morar no Rio e pudesse escolher qualquer bairro, qual eu escolheria? Vamos lá:
 Quem me apresentou o Rio foram os meus pais. Eu era bem pequeno. Numa das viagens peguei um mapa turístico. Observando os comentários e o mapa, deduzi que naquele começo da década de 80, a Barra da Tijuca era o futuro do Rio. Logo São Conrado, a bela praia a caminho da Barra e a própria Barra foram a minha primeira paixão. Hoje? Bem hoje, confesso que não. 
 A Barra, tem aquela avenida larga. O shopping gigante, a Barra sempre foi um enorme playground. 
 Esta paixão só foi trocada, quando eu mesmo me apresentei o Centro do Rio. Do bairro do Flamengo para o norte. Explorei sozinho a história da cidade nos séculos XVII, do XVIII e XIX. As construções históricas, igrejas, livrarias, confeitarias, teatros e o calor.
 Até o ano passado ainda era para mim o pedaço mais interessante. Mas claro que também visitei e frequentei o histórico da moda, Lapa e Santa Tereza.
 Mas a verdade é que me cansei de tudo isso. Dizem que a Lapa foi recuperada. Imagino então o que aquele bairro sujo, uma pequena Havana, era antes da recuperação. Tá certo que se me deixarem, largarem num daqueles bares "pé sujo" com fome, eu fico ali uns dois dias ouvindo samba e saboreando cachaça e cozinha de boteco.
 Já Santa Tereza é bom de visitar, mas morar naquelas ladeiras sinistras à noite e melancólicas de dia, não é pra qualquer um. Coisa realmente pra gringo.
 O leitor deve estar pensando e a famosa Ipanema, a Gávea e o Jardim Botânico? Adoro. Mas não me sinto bem. Acreditem ou não, me sinto em São Paulo quando ando pelo Leblon. É uma riqueza com culpa. E tudo parece querer ser internacional e cosmopolita.
 Porém na praia, há um monte de mauricinhos com bermudas pretas, sem graça. Grupinhos que ficam jogando fumaça de maconha na minha cara. Em Ipanema tudo é IN demais. Tudo é esplendorosamente cool. Conheço bem esta gente. Dizem que o meu Bairro em São Paulo é o equivalente a Ipanema. E não é que encontramos os conhecidos paulistanos por lá? E os Bares tem os mesmos nomes dos daqui. Nunca me apaixonei por Ipanema. 
 Sobra o que? Botafogo? Zona Norte?
 Não!
 E aqui vai o motivo da minha crônica. Eu ando apaixonado pelo bairro de Copacabana. Com o distanciamento paulista que eu tenho, eu afirmo que nenhum bairro do Rio faria sentido se não existisse Copacabana. É ela quem dá sentido e equilibra o Rio. Se eu sou urbanista? Teoria estapafúrdia?  
 O mundo é feito por bairros. Eu gosto de alguns bairros de São Paulo. Não todos. A pergunta certa é sempre perguntar, qual bairro do Brasil você mais gostaria de morar?
 Não entendo o porquê e como Copacabana começou a decair? Pra mim é um bairro que tem o movimento de Nova York, com seus taxis amarelos, prédios sem recuo, pessoas de todas as partes do globo. Muitas pessoas. 
 E de repente parece Paris, com pequenos cafés, floriculturas e confeitarias.
 Há um mistério em Copacabana. Algo mágico. É de longe o bairro mais romântico do Rio.
 Numa das tragédias cariocas de Nelson Rodrigues, um personagem diz a uma moça:
 ”Vou te levar para um apartamento em Copacabana!”
 Eram os anos 50. A moça, da idade da minha avó, se derrete toda. 
 Depois Viriam o atentado da Rua Toneleiros. A capital se mudaria para Brasília. E São Paulo passaria a dianteira do Brasil.
 Mas pra mim... Pra mim Copacabana ainda é aquela praia que meus pais me levaram quando criança. Mágica. Não preciso dizer porque, ela simplesmente é. 
 Copacabana é Hollywood. É Roma. Copacabana é a Riviera Francesa. É Veneza. É Beirute. É o Rock de Londres. É um lugar impossível de não suspirar e pensar:
 “Caramba! Os Deuses do Turismo realmente acertaram aqui!”
 Copacabana é eterna. Não existiria Brasil sem Copacabana. 
 Feliz ano novo! 

terça-feira, 4 de setembro de 2012

O esportista saudável

Texto de Livia Prestes: 


  Ele fez educação física, gente. É super atencioso, adora crianças e elas o adoram também, o chamam por outro nome, tio alguma coisa. Ele dá aula de natação num clube, é personal trainer de madames, participa de corridas, triatlos, tem um grupo de amigos homens lindos como ele, onde saem juntos para fazer mais esporte, desta vez, por lazer, ufa!  É do tipo que te olha de longe no parque Ibirapuera, muda a rota dele e “sem querer” tromba com você na pista de corrida. Logo depois, te encontra na barraquinha de água de coco e começa a conversar. É muito simpático risonho, adepto da seratonina gratuita. Vocês irão muito para praia de moto, cabelos ao vento, curtir a natureza. Ele vai te ensinar a correr e a alongar direito. Sabe tudo sobre uma alimentação correta. Tem um labrador. Na cozinha da casa dele tem aquelas barrinhas diet e aqueles potes de suplemento alimentar que é químico pra caramba, mas ele vai dizer que é natural. Que é proteína pura, que faz bem sim. Ele tem bike e um carro com rec para levar a bike. Um dia você descobre que na adolescência ele foi gordo e cheio de espinhas no rosto. Ele vê que você achou a foto e fica muito bravo. Desconcertado, como se você fosse mudar com ele depois desta revelação! Aos domingos ele curte um pagodão com feijoada light sem culpa. Ufa! Ele toma uma cervejinha! Uma.

Porém

Talvez você largue o cigarro um pouco e vai diminuir o sal na comida automaticamente.

Todavia

Você não vai parar de comer chocolate e vai se irritar quando ele disser pela milésima vez que sorvete nada mais é que gordura hidrogenada com açúcar.

Final- Os anões gêmeos de Nova Orleans.



 As meninas de Dona Glen, não raras vezes tinham algum tempo livre. Principalmente sábados a tarde, quando seus clientes estavam com a família. Foram então até o porão para ver a quantas andava o anão cadáver.
 Cutucam, riem e chacoalham o pequeno George. Até que o anão levanta num salto e abre os olhos. Elas apavoradas, pensando se tratar de um fantasma saem correndo pela rua.
 A verdade é que o anão nunca havia batido as botas. Foi que o Dona Glen pensou quando lhe contaram. Era óbvio que o Doutor Jacó é que estivesse muito velho e não percebera que o anão estava só cansado e não morto.
 George ao se lembrar do show e ver as horas, tratou de correr para clube de jazz.   
 Já eram quase nove Horas da noite e o show estava para começar. Buddy Lee, posicionado na coxia, nos bastidores. Sonny e o resto da banda, incluindo aí o policial que havia os ajudado a fugir da delegacia, estavam cada qual com seu instrumento no palco. Herbie cabeção muito nervoso segurava o trompete nas mãos. Ele estava no centro de tudo e mal sabia onde deveria colocar a boca.
 A casa estava cheia. Não cabia mais ninguém. Gambele, o mafioso, e Frank Stitt seu sócio empresário musical, estavam na melhor mesa. Joe Parker também estava lá, mais bem mais atrás, numa mesa do lado da porta, caso tivesse que fugir, fosse do Xerife de Fort Mallins, ou dos gangsteres de Chicago logo a sua frente.
 Parker, havia contado só lá dentro uns seis pistoleiros, capangas de Gambellini.
 Então o show começou. Herbie e Buddy Lee, como um não podia ver o outro, estavam em total falta de sincronia. E mesmo porque Buddy Lee que era surdo não via nada e também não escutava nada.  
 O som estava de mal a pior. Era explicito que estava tudo fora do tom. Não havia sintonia e o policial que abriu as portas da delegacia, era mais amador do que Herbie.
 Frank Stitt já estava se levantando. E de repente George entra pela porta com o trompete na mão e corre para o palco e já começa a tocar.
 Foi um mal estar geral. Os dois anões no palco. Gambele e Stitt, não sabiam se aquilo fazia parte do show. Deram sinal para que parasse tudo. Parker se mandou. Sonny tremia. Acenderam as luzes.
 Todos os músicos pararam de tocar. Mas o som do trompete de Buddy Lee continuou. Um dos capangas abriu as cortinas e lá estava Buddy tocando. Ele ainda continuou por alguns segundos, mas logo viu que algo estava errado.
  Gambele então se levantou empurrando o garçom.“Que diabo está acontecendo aqui?” Berrou
 “Por acaso os anões são dois e não um?”
 Tomou uma dose de uísque. O lugar todo em silencio.
 “Matem os músicos!” E virou o copo. Feito isso despencou no chão.
 Por sorte havia um médico no local, doutor Jacó Shorter. Que ao examinar o senhor Gambele, o declarou morto.
 No final das contas este episódio fez com que nenhum músico morresse.
 Gambele foi enterrado dois dias depois. Seu corpo foi levado de volta para Chicago. Até hoje não se sabe a real causa da sua morte, afinal ele era um cardíaco. Especulasse  que a qualquer momento aquilo poderia acontecer.
 Descobriu-se também que George o anão e Herbie o anão eram gêmeos. Mas George fora criado pelo pai, também músico e Hebie pala mãe, que era cozinheira.
 Há anos se cruzavam trinta para ser exato, desde crianças. Agora encontram-se todos os sábados para nadar no Rio Mississipi. Exceto nos invernos. 

O Gringo

Texto de Livia Prestes. 

 O gringo


 Dependeria do país para mais detalhes, mas os gringos que não optaram em ser malucos, ainda tem dinheiro, ou fingem que tem, e querem casar. São românticos, vão te surpreender. Prometem aprender sua língua e ainda propõe de vocês aprenderem uma nova juntos, para fazerem amor em português, russo e chinês um dia. Fala das guerras que teve no país dele com orgulho, tentando te convencer de que hoje, aonde ele vive e nasceu é o melhor lugar possível para se ter e criar os filhos. Ele te dá segurança e presentes caros.  Tenta justificar os erros que comete dizendo que isso não está na cultura dele. Quando uma coisa acontece de muito legal, isso é super normal na cultura dele. Se veste bem, mas vai de camisa á praia. Está sempre cheiroso, chique, vale a pena se vestir para um homem deste. Ele vai notar suas vestes sempre. Vai dizer que hoje você está mais bem vestida que aquele outro dia, e que esta marca de perfume tal combina mais com você. Ele lembra até se a maquiagem combinava ou não com a roupa e com a ocasião. Ele é fã de Rihana. Quer uma brasileira pra ele, morena.  Canta junto as músicas americanas que tocam na rádio. Aumenta o volume quando elas passam.

Porém

Sabe aquela história linda de um escritor famoso do seu país? Ele vai dizer que leu pra passar no vestibular e acha um saco essas coisas. Vai chamar de “essas coisas” mesmo

Todavia

Você vai cansar de namorar em inglês. Vai querer comer feijão preto e falar de coisas que ele nunca vai entender. Ele vai insistir que o Brasil não é seguro! E você vai se irritar.



segunda-feira, 3 de setembro de 2012

É tudo igual?


Até hoje nunca publiquei uma crônica convidada. Mas eu gostei muito desta. O nome da autora é Livia Prestes, ela tem 20 tantos anos, é paulistana e atriz. Descubra você leitor qual dos tipos de homem você é. E você leitora identifique os tipos que você conhece. Boa leitura. 


  
  Homens são todos iguais. Só muda o endereço. O contexto. O tom da voz. A suposta futura sogra.  Mais alguns outros mil detalhes, que os torna bem diferente um do outro. As vezes parece tão único e depois se mostra tão previsível... A verdade é que eles tem prós e contras. Depende da sua disposição e das suas tendências para amá-los ou não. Se apaixonar e enjoar da parte chata, é só uma questão de tempo. E de afinidades também. A mulherada sempre vem contar alguma história de homem! Geralmente as que deram errado. O que está dando certo a gente não conta muito. Vive que é melhor. Abaixo eu tento não classificar ou rotular, longe de mim! Mas definir alguns tipos que já vi por aí.


O gringo


 Dependeria do país para mais detalhes, mas os gringos que não optaram em ser malucos, ainda tem dinheiro, ou fingem que tem, e querem casar. São românticos, vão te surpreender. Prometem aprender sua língua e ainda propõe de vocês aprenderem uma nova juntos, para fazerem amor em português, russo e chinês um dia. Fala das guerras que teve no país dele com orgulho, tentando te convencer de que hoje, aonde ele vive e nasceu é o melhor lugar possível para se ter e criar os filhos. Ele te dá segurança e presentes caros.  Tenta justificar os erros que comete dizendo que isso não está na cultura dele. Quando uma coisa acontece de muito legal, isso é super normal na cultura dele. Se veste bem, mas vai de camisa á praia. Está sempre cheiroso, chique, vale a pena se vestir para um homem deste. Ele vai notar suas vestes sempre. Vai dizer que hoje você está mais bem vestida que aquele outro dia, e que esta marca de perfume tal combina mais com você. Ele lembra até se a maquiagem combinava ou não com a roupa e com a ocasião. Ele é fã de Rihana. Quer uma brasileira pra ele, morena.  Canta junto as músicas americanas que tocam na rádio. Aumenta o volume quando elas passam.

Porém

Sabe aquela história linda de um escritor famoso do seu país? Ele vai dizer que leu pra passar no vestibular e acha um saco essas coisas. Vai chamar de “essas coisas” mesmo

Todavia

Você vai cansar de namorar em inglês. Vai querer comer feijão preto e falar de coisas que ele nunca vai entender. Ele vai insistir que o Brasil não é seguro! E você vai se irritar.



O esportista saudável


Ele fez educação física, gente. É super atencioso, adora crianças e elas o adoram também, o chamam por outro nome, tio alguma coisa. Ele dá aula de natação num clube, é personal trainer de madames, participa de corridas, triatlos, tem um grupo de amigos homens lindos como ele, onde saem juntos para fazer mais esporte, desta vez, por lazer, ufa!  É do tipo que te olha de longe no parque Ibirapuera, muda a rota dele e “sem querer” tromba com você na pista de corrida. Logo depois, te encontra na barraquinha de água de coco e começa a conversar. É muito simpático risonho, adepto da seratonina gratuita. Vocês irão muito para praia de moto, cabelos ao vento, curtir a natureza. Ele vai te ensinar a correr e a alongar direito. Sabe tudo sobre uma alimentação correta. Tem um labrador. Na cozinha da casa dele tem aquelas barrinhas diet e aqueles potes de suplemento alimentar que é químico pra caramba, mas ele vai dizer que é natural. Que é proteína pura, que faz bem sim. Ele tem bike e um carro com rec para levar a bike. Um dia você descobre que na adolescência ele foi gordo e cheio de espinhas no rosto. Ele vê que você achou a foto e fica muito bravo. Desconcertado, como se você fosse mudar com ele depois desta revelação! Aos domingos ele curte um pagodão com feijoada light sem culpa. Ufa! Ele toma uma cervejinha! Uma.

Porém

Talvez você largue o cigarro um pouco e vai diminuir o sal na comida automaticamente.

Todavia

Você não vai parar de comer chocolate e vai se irritar quando ele disser pela milésima vez que sorvete nada mais é que gordura hidrogenada com açúcar.




Jesus Freud


Geralmente mais velho, com a vida estabilizada. As vezes nem é tão mais velho que você, mas se sente muito vivido, experiente. Ele trabalha num banco famoso, na bolsa de valores, tem grana hoje porque se esforçou bastante, trabalhou muito, fez faculdade e pós na FGV. Ele te vê com uma vida tão incerta, quer te dar alguns conselhos para que você ganhe mais dinheiro e seja rica e feliz como ele. Então ele faz perguntas sobre a sua infância, sua profissão, sugere jogos de perguntas e respostas. Compra seu livro favorito, e depois pergunta sobre.  Os caras Jesus Freud querem se sentir descolados ao seu lado, porque na verdade eles não são  lá tão resolvidos quanto pensam que são. Ou quanto dizem que são. A casa dele é super normal, decorada como a do pai e ajeitada por uma faxineira que vai lá três vezes por semana. Com cheiro de bom ar e lustra móveis. Ele é organizado. Fez terapia a vida toda, leu alguns livros de auto- ajuda e por tanto pensa que pode ajudar você. Sem você pedir ou precisar. Te leva, te busca, é super atencioso. Seu lado Jesus quer te salvar e o lado Freud quer te curar. Ele quer ser seu pai! Tarde demais, você já teve o seu.

 Porém
É bom pra você ver como cada louco tem sua mania e de perto ninguém, mas ninguém mesmo é normal. E a sua vida é bela.

Todavia
Você pode ficar tão louca quanto ele pensa que você é, e alguém querendo te “melhorar” o tempo todo é um saco.



O porra loca tudo de bom


Cuidado. Existe o de boa e má qualidade. Não vá se perder por aí, como diz a música! Vocês vão sair noite a fora, dar muita risada e voltar bêbados pra casa. Se um dos dois vomitar muito, não há problema, vocês continuarão apaixonados e tudo certo. As conversas são sempre pra cima. É incrível como vocês concordam em tudo e riem no final de cada frase. É uma delícia fazer planos com ele, afinal de contas, nunca vão mais longe que a viagem no próximo feriado, ou a balada de hoje à noite. Os amigos entre vocês são parecidos, ele gosta dos seus e você dos dele, vocês tem vontade de apresentar todo mundo, e juntar todos num grupo só. Todos se dariam bem. Vocês se encontram mais para se divertir, mas às vezes ele ajuda com outras coisas da vida também. É pau pra toda obra. A melhor companhia do mundo para shows lotados e eventos culturais concorridos.  Ele fez direito, mas trabalha com produção musical.  É das artes, ou corretor de imóveis, ou alguma profissão liberal, onde ele possa mudar os horários malucos. Mora sozinho ou com amigos tão legais quanto ele. Os pais estão na mesma cidade que ele. Se vocês terminarem hoje, ou melhor, deixaram de se ver, daqui há anos ele estará igualzinho, tão bonito quanto antes, com mais história pra contar, e mais mulheres no currículo, pois claro que é mulherengo e irresistível.

Porém

Mulher de porra loca, porra louquinha é. Além disso, será tudo muito surreal. Até quando você quer viver em Neverland?

Todavia

Sua pele vai melhorar de tanta alegria, mas pode piorar se você beber muito e fumar loucamente. Alegria e felicidade são parecidas mas diferentes.




O viajante descolado


   Hoje ele mora em Dublin, vai sempre a Londres, Bruxelas e vai passar três meses no Canadá para conferências e mais um curso de nome esquisito. Se espanta quando você conta novidades do Brasil de três meses atrás.  Estudou numa ótima universidade e é daqueles que são e vivem como estudante a vida inteira. Fez mestrados e doutorados pelo mundo, e apesar de ter se tornado um engenheiro químico, ou correspondente internacional, é super descolado. Vai aos melhores cinemas, assistiu a várias peças legais, subiu naquela montanha mais doida de todas e tomou sol naquela praia incrível. Te apresenta bandas do Oriente Médio e te dá uma revista em quadrinhos de um país você nem sabia que existia. Tem de escrever artigos longos complicadíssimos sobre a diferença do etanol e de novas opções de biocombustíveis disponíveis e a real funcionalidade dos mesmos, em determinado país no bloco econômico em que atua até o ano de 2030. Você ouve tudo sem entender nada. E acha lindo! Fascinante. Ele traz um vinho delicioso, da última vez que visitou um cliente na Itália, e o harmoniza cozinhando muito bem, pois sempre viveu sozinho, sabe se virar. Conta seus planos de morar em Singapura e às vezes coloca você nesses (para ele super possíveis) devaneios. Logo ele conta que está só, há apenas um mês. Porque a ex-namorada espanhola acabou de se mudar para a Austrália. Fora que às vezes ele atende o telefone e fica falando com alguma gatinha em russo.

Porém

Pra dar certo com ele, você vai precisar de um passaporte europeu, ou de um visto de estudante.

Todavia

Num piscar de olhos ele pode ir para Finlândia fazer alguma pesquisa ou matéria, e deixar você arrasada, comendo macarons, fumando cigarros escuros, sozinha, num café em Paris.



O melhor !


Ele fala bastante dele. E dos amigos dele. E das impressões que ele tem do mundo. Conta da infância dele,  e de como é a profissão, e o dia- a-dia dele. É o preferido da mãe coruja que ele tem. Ele é religioso, o que pode ser ótimo. Finalmente ele pergunta de você!  Sem ter o que dizer de tão magnífico sobre si mesma, você tenta trazer algo simples, como a previsão do tempo para os próximos dias, o final de semana e o seu almoço hoje. Ele é super educado, família tradicional, faz comentários pertinentes. Mas diz que conhece um restaurante maravilhoso que cozinha esse prato que você diz ter comido, muito melhor do que qualquer outro cozinheiro. Você explica que almoçou com sua mãe. Ela cozinhou o prato. Por tanto, pra você, é impossível que alguém cozinhe melhor que ela. Ele sorri te dá um beijo, acha legal você valorizar a família, e pede desculpas pela sua mãe. Em seguida diz que de fato, não há como negar: o feito pelo cozinheiro dele é o melhor do mundo sim. Sem comparação. Para ele você nunca sabe o que está dizendo. “Você não sabe o que está dizendo!” Ele sabe! Você duvida do maldito cozinheiro, só de raiva! Ele é sarcástico, tem um humor muito sofisticado, bom gosto para tudo que existe na Terra! Um dia vocês combinam de ir comer o tal prato. No restaurante você concorda com ele, pra agradar. Você bebe o vinho que nem cachaça pra ficar louca logo. Segundo ele este vinho é o melhor, j;a até ganhou prêmios. Ele é circuncisado. Você não consegue ignorar isso e não vê a hora de saber qual será a sua reação. É. A sua reação. A dele tanto faz. Hunf!

Todavia

Você vai ter de mudar alguns hábitos a fim de se tornar a melhor das melhores e mais perfeita namorado do mundo Isto será um desafio!

Porém
 Se acostume a dividir a conta. Ele quer você a melhor para se igualar a grandeza dele.



O culto

A casa dele parece um museu. Não é uma bela decoração, pelo contrário, tudo muito empilhado. Ele foi a tantos lugares incríveis no mundo e tem um pedacinho de cada canto que foi pela casa. De areia do Saara, á lembrança de pingüins da Antártida. Você tenta entender que diabos ele foi fazer na Antártida. Ele tem uma biblioteca fabulosa. E leu tudo, claro. Já encenou tantas peças, fez um filme premiadíssimo. É um homem fascinante. Imita argentino porteño e bonairense. É bem humorado mas as vezes inteligente demais, dá desespero! Você comenta que está fazendo uma pesquisa, lendo um livro importante e ele é amigo do autor. Velhos amigos! Estudaram juntos! Você descobre um cinema novo perto do seu trabalho com uma grade incrível de filmes bons, ele comenta que foi ele quem concebeu a idéia junto com o dono do espaço. O pior é que é verdade! Não há nada relacionado a ele que possa ser estúpido. Exceto o fato de que quando você não sabia de nada isso, ele era mais legal. Você sentirá como psiquê transando com Eros. Uma mortal se relacionando com um Deus grego! Ele corrige seu português. Mas você resolve não se incomodar, pois ele o faz com a sua super educação de lord dinamarquês do noroeste sul. Você pensa que pra ele as suas observações devem ser tão bobas e previsíveis como as de um mortal devem ser. Faz palestrinhas sobre um assunto que você considerava já encerrado e agora vê mais trezentas e cinqüenta e sete novas possibilidades. Ele muda suas opiniões. Você vai economizar tempo de ler algumas coisas. Peça pra ele contar a peça e ele conta com o maior prazer e empolgação. Você também irá as melhores festas, lançamentos de livro e pré estréias da cidade.

Porém

 Ele dá várias mancadas gravíssimas como homem. Pois no final das contas  o que ele precisa ser  pra você, acima de qualquer outra coisa,  é homem! Absolutamente nada mais que isso. Mas você acabará perdoando pra ficar mais um pouco ao lado de alguém que te ensina tanto. E vai se sentir burrinha as vezes. Sensação nada boa. Fascínio perigoso, te fugirá o controle. Vai dar um medo danado.

Todavia

 Você nunca irá entender o que ele viu em você.  Pior, ele nunca entende o que você quer dele. Nesse ponto o culto se assemelha ao “porra loca tudo de bom”. Acaba ficando tudo por isso mesmo, pois ele é super inteligente e não força nada. E a relação se esvai, numa boa.



O rico irresponsável


Ele tem um belo de um carrão, e corre com aquele troço com você dentro, te pondo em risco! Faz isso numa avenida como a Rebouças. Sim, é possível correr na Rebouças. Com ele é. Pois não respeita as faixas de ônibus, nem os semáforos. Vai pelas adjacentes e como num passe de mágica, ele chega ao pódio, depois de costurar tudo. Não se importa nem com o fato de você estar com o coração pulando na mão. Nem com as dezenas de multas que ele recebe por mês. A secretária paga tudo depois mesmo. Ele trabalha na empresa do pai. Diz que trabalha pois nunca está lá. Também ajuda a administrar as propriedades da mãe. E está pensando no que vai investir as dele. Talvez numa balada nova em São Paulo, que sem sombra de dúvidas vai bombar e tudo vai dar certo. Ele não recicla. Mora num apartamento cujo a portaria parece um shopping.  Tem lá uma alameda de serviços, que sem ela, ele não vive. A decoração foi algum famoso arquiteto que fez.   Consome alimentos e bebidas despreocupadamente com a origem, a época, o valor então, nem conta.  O dinheiro o protege de tudo, ainda mais no Brasil. O legal é que ele vai deixar você dirigir uma Porsche na Imigrantes sem carta de motorista! Você vai dizer “não imagina, que isso...”,  e ele é quem vai insistir. Praia, tomando sol, você vê um barquinho. Ele percebe você olhando e proporciona o iate para o final da tarde. E também deixa você dirigir.  Mas não tem significado nenhum, não custa nada. Não custa nada. Não há muquiranagem oque o difere de “o melhor”. Ele tem coração, isso vale muito. Fica feliz de ver que está fazendo você se divertir. Ainal tudo isso pra ele é bem normal. Ele podia fazer algum trabalho de caridade. Mas não faz nada. Diz que “não tempo pra isso”.   Tem tempo sim. Se tempo é dinheiro, uh se tem.

Todavia

 Let’s living La vida loca!  Calcinhas vermelhas com saia curta, batom forte e cara blazê, começarão a fazer sentido pra você. Será no mínimo divertido. Nada como segurar uma taça de champagne cara e fazer carão.

Porém

 Você terá medo de ser uma espécie de troféu esquisito. E troféu não se compra, se ganha.


O canela fina

  Diz a lenda que o homem de canela fina é aquele que dança bem. Não importa sua classe social, profissão, trata-se somente de ser cheiroso e bailar com você pelo salão, lindamente. O canela fina é da mesma espécie que o surfista. Os surfistas podem ser o que for, eles são surfistas e ponto final. O fato de estarem surfando de fazerem o movimento com o pescoço aonde mergulham a primeira vez ao entrar no mar, ao passar a arrebentação, o modo de abrir a boca para respirar, é isso. Puro hedonismo. Nada mais. O canela fina pode até trazer uma bebida, ter ou não papo bom. Gente, ele só precisa te olhar nos olhos durante a dança e já está tudo certo como 2 e 2 são 5. Depois de horas viajando em seus braços, você vai querer tomar uma ar com ele na varanda e vai beijá-lo e vai ser lindo. A lua na fase em que estiver vai ilustrar o cenário perfeito. Tudo que vocês falarem vai fazer parte daquele contexto, vai combinar com a cor da saia e com a temperatura do drink. Ele mora longe! Talvez você não o veja mais! Tem que ser hoje, pois talvez você esteja sonhando, ele não pode escapar!  Se ele disser qualquer coisa que você não concorde, vai achar bonitinho que ele ainda pense assim e exaltar que conviver com diferenças de pensamento é muito importante. É estar apaixonada, embevecida, música, luz, câmera, magia. E som na caixa.

Todavia

 Há há há há há, mas eu to rindo a toa, não que a vida esteja assim tão boa, mas um sorriso ajuda a melhorar...

Porém

  Amanheceu. Você acorda: “Ahhhhh!  Desculpe, bom dia. Como é mesmo seu nome? A gente pensa que não mas xiboquinha dá ressaca mesmo né?  Hehe... tsc.”. Disfarça e some.


O músico

  Eis o mais desonesto de todos, ou melhor, a mais desonesta comparação de todas.  Músico não vale...  É demasiado encantador, ele toca um instrumento. Sabe hipnotizar pessoas com melodias e poesia, é muita artimanha para um homem só, por isso digo que é desonesto. Vai te observar em silêncio. É sensível suficiente pra saber o que quer ouvir. E ao cantar vai fazer aquelas caretinhas de feliz que os músicos fazem, ou pior, as carinhas de anjo enquanto estão concentrados tocando. Se ele cantar junto então pode esquecer. Você não terá a menor chance de se manter no controle. E também se não cantar, a timidez de um músico que não canta, tem outro efeito igualmente macumbeiro. Ver o namorado músico no palco enquanto as mulheres na platéia se deleitam por ele, dá uma falsa sensação de poder que vicia. O interessante é que ele é original, tem milhões das melhores influências, mas é super ele mesmo, quase não vai jogar com você, é extremamente honesto! Até demais... Se ele fizer alguma coisa errada vai dizer, dar uma explicação dentro da lógica de músico dele, que fará sentido e mesmo que você não queira, ache absurdo, vai aceitar! Por que se não vai perdê-lo. E você gosta dele assim mesmo.  Apaixonada por um desse você vai querer tê-lo. Ser mais amada que aquela guitarra que você já tem ciúmes, poisfica mais tempo nos braços dele que você. Ele também quer que você o queira. Até você querê-lo muito. Depois não gosta mais que o queira tanto assim. Pois ele precisa circular naquela energia da liberdade bohêmia pra compor, pra seguir sendo ele, que é o exato o motivo, quase místico, de ter ele te conquistado. 

Porém

 Você vai se sentir a June de “June and Carter” e vai descobrir todas as novas versões das canções. Não tenha dúvida de que você estará como musa nas próximas canções dele. Fato.

Todavia

 Ele pode um dia te explicar calmamente que não foi traição, o fato é que a moça era uma cantora muito especial e é “só “ isso que ele vê nela, nada mais. Ui! Pois é... São em geral, bichinhos lindos, verdadeiros e infiéis.


O casado

Evito julgar as pessoas ao máximo que posso, mas o casado, pra mim, é das roubadas a maior. Parece droga: você sabe que faz mal, que destrói, leva de mal a pior, mas por mexer tanto com você, é difícil parar por mais que queira. 24 horas! Só por hoje! E lá está você de novo as escondidas com o cafajeste. Cada hora num local diferente, interessante e escondido.  Ele comprou um celular só pra você poder ligar pra ele quando quiser. Faz você se sentir num filme de ação. Você criou a ilusão e acredita piamente que é o homem certo na hora errada. Simplesmente ele é o mais perfeito de todos que você já teve, você pensa: fazer o que? A vida é dura mas você por algum motivo louco de meu Deus, idealizou que é dele o melhor sexo, que é ele o pai perfeito para os seus filhos,  é  quem vai finalmente vai te fazer feliz de uma vez por todas nessa vida. Clássica obsessão. Tem até perfume caro com esse nome: obsessão. Talvez porque ele faça promessas de que vai largar a outra por você. E mesmo que não faça você tem essa projeção maluca dentro de si. Afinal quem deixaria uma mulher linda, filhos lindos, entraria num perigo desses dentro da nossa sociedade, numa aventura daquela, só pra ficar quinze minutinhos: com você. Ninguém mais só você. O ego. Por isso a semelhança com a droga. Nada amacia mais o ego tão falsa, perfeita e rapidamente como droga ou homem casado. É como uma peça de teatro: paga pra ser iludida, porque ser iludido, quando se gosta da sensação que ilude, é muito bom. Você pensa sozinha: “mas ele não gosta ela, e deve ser horrível ser casado com quem não se gosta...”- e se sente boazinha por estar “ajudando” o pobrezinho desajustado a se sentir um pouco melhor. Tsc, tsc, tsc...

Porém

 Ele não vai ter ciúmes absurdo, pelo contrário o pouquinho que tiver você vai até gostar. Se ele tiver muito é maluco mesmo e vocês devem se internar juntos!

Todavia

 Menina: não faça com os outros o que não gostaria que fizessem com você. Já dizia o Newton se subiu tem que descer! Quando ele deixar a esposa por você, vai acabar todo esse fogo e ele vai perder a graça.



O publicitário


As vezes faz propaganda de si mesmo sem perceber. Os publicitários são divertidos descolados, alternativos. Tentam ser? A casa dele parece uma instalação da Casa Cor. Pode estar de camiseta de banda de rock ou num terno chiquérrimo maravilhoso, depende da reunião de hoje. Depende do gosto do cliente. Ou da cliente. Sabem de tudo um pouco. De tudo mesmo, qualquer assunto. Nenhum a fundo. Vestem-se muito bem, melhor que os próprios modelos. Tem o corte de cabelo da moda, tendência, paleta de cores, sabem  o que é in e o que é out. São artistas frustrados. Ou apaixonados por dinheiro mais que pela arte. Vendem suas idéias e preferências. Mudam a preferência de acordo com a tendência. Aí que mora o perigo minha amiga. Se você deixar de ser in, ferrou. Todo esse mundinho é muito importante pra eles. Pra não dizer a casca de fora, o que eles gostam é de ver como você se expressa no mundo. Ou seja, diferente do gay desavisado que vê sua alma, o mais profundo que um publicitário vê em você é a sua lingerie Victoria Secret. Prepare-se para as festas mais chiques e bem patrocinadas da sua vida. E para ter um monte de brindes exclusivos na sua casa. Eles adoram esta palavra: exclusividade. E por amarem tanto a tal exclusividade, eles esperam que os amigos deles os invejem. Desejem você. Você entrará em competição com as namoradas dos amigos deles. Em segredo eles ficam pensando qual é a mais gostosa. Quem deles se deu mais bem que o outro. Procure viajar pra fora e trazer algo que ninguém viu aqui no Brasil. Nossa ele vai pirar mais que um beijo demorado! Se você for inteligente, vai impressioná-lo o tempo todo. Eles adoram.  Mas se não for, trate de ser linda! E rica de preferência.

Porém  

Você vai entender o poder da sedução em 30 segundos, tempo das propagandas publicitárias. Vai decorar melhor sua casa, vai descobrir que é descolada! Que já sabia tudo isso, e sempre pagou bem menos pelas mesmas coisas sem a marca que as encarecem.

Todavia

 Você não poderá sair de moda jamais! Se engordar uma grama, ele vai notar. A celulite vai tinir como unhas riscando o quadro negro dele.



O gay desavisado


Ele é o cara mais legal do mundooo!  Tudo que a gente sempre quer é que um homem nos entenda sabe?  Além de entender tudo, ele é parceiro. Voces fazem compras juntos, cozinham e fazem juntos a tal dieta miraculosa. A corrida matinal que sem ele te acordar as seis da manhã você jamais conseguiria sozinha.  Acompanha suas conquistas, te dá os melhores conselhos, te ouve, entende, ajuda. Compra o absorvente que você gosta, traz chá com ponstan e bolsa de água quente quando você está com cólicas. Nunca na vida ele comprou o remédio errado ou botou uma grama de  açúcar demais no chá. Faz o melhor capuccino do mundo. Uma gracinha. Vces dançam juntos a música da Beyonce e caem na risada no sofá. Vão jantar nos melhores restaurantes, ele é muito refinado. Elogia a cor do seu esmalte. Você sente saudades dele o dia o todo! Finalmente no fim de semana vão viajar pra praia mais incrível e badalada que tem. Ele está um gato com aquele óculos escuro da Gucci,  uma delícia com aquele cheirinho de Australian Gold, e depois do décimo Hi-Fi na praia , na aba do seu chapéu chique que ele te deu. O sol já está se pondo vces já trocaram milhões de olhares e celinhos, vc não vai pegar mais ninguém nessa praia. Vc não vai conhecer ninguém mais carinhoso. Vc vai, e o beija. Ele treme um pouquinho, estará ele nervoso?  Vc abre os olhos continua, ele não se move e de repente no meio do beijo rola com vc fazendo a areia  grudar na baba do rosto. Ah foi lindo, vai!  Vocês levantam se abraçam, vão correndo para a água que nem duas crianças e o beijo salgado nas águas de Yemanjá, meu rei!  Resumindo: vces decidem namorar. Quando voltam a SP no Porsche Cayenne preto dele ,  chegam no apê super cheiroso e mega bem decorado. Bêbados vão para o quarto. É chegada a hora do veredicto e até agora está indo tudo muito bem. De repente ele pára. Olha nos seus olhos com toda a força da paixão que sente e diz: “eu gosto de você, mulher inteligente, linda... e ativa. Vc sempre foi ativa não é? Desde que te conheço você sempre foi assim linda e ativa. Vc segura a onda de ser assim ativa pra sempre?”  Vc concorda. É lógico sempre foi linda e ativa, e nunca se importou com isso.  Fica feliz de alguém notar e te dizer isso. Ele repete:    ” Vc se importa de ser assim ativa sempre, de nunca mudar...”  Você quase chora de emoçÃO. Finalmente um homem pede pra você nunca mudar?  Que beleza.  Então ele vai pro banheiro da super bela suíte e volta com aquilo. Antes mesmo de começar o sexo ele já te mostra aquele objeto que é pra você na hora certa lá, comer o seu namorado.

Todavia

 Você disfarça pra não chorar na frente dele, beija-o, ou melhor, encosta os lábios nos dele, e vai embora. Imediatamente.

Porém

 Não se preocupe a amizade vai voltar depois. Afinal eles são super liberais e compreensivos. Só não sinta ciúmes da próxima desavisada tentativa que aparecer na vida dele. A próxima “deeeusa” que na verdade, ele queria é ser!


O filho

Ele é um fofo! Tem uma boa textura. Cheirinho delicioso, um abraço, um cabelo gostoso de mexer. A vontade é apertá-lo, e mordê-lo o tempo inteiro. Vocês tem várias coisas em comum, muitas vezes você se verá nele e muito provavelmente ele se verá em você. Vocês trocam informações muito preciosas um com o outro o tempo todo. Tem profissões parecidas, se completam, se ajudam. Te faz carinho e você nele. Na verdade massagem específica para o músculo que está doendo. Você se comporta como médica, terapeuta do rapaz, quer cuidar, educar, dar casa, comida e roupas novas. Sente muito ciúmes das meninas que se aproximam. Você vai assistir filme na casa dele e ele não tenta te comer! Ele descobre uma vaga de emprego na internet e te liga, te passa os contatos e se você precisar vai com você até lá, ou te empresta o carro dele, pois será dia do seu rodízio e ele sabe disso.  Contanto que você vá com ele caminhar no parque. É que se você, ou alguém não for com ele , ele não vai. Ele faz chantagens emocionais. Você odeia caminhar no parque. Mas vai. Ele quer emagrecer, você sabe disso, não pode perder a oportunidade de ser alguém importante nas conquistas dele.  Você adora aconselhá-lo! E adora ouvi-lo também.  Mas aí ele faz uma coisa errada, e você briga muito com ele, e o põe de castigo! Mas leva a comida que você cozinhou na casa dele. Ele compara o tempero do seu rango com o da mãe dele. É a primeira pessoa da sua vida a elogiar sua comida. Diz nunca ter comido nada igual. E nada de comer você. Mas tudo bem! Vocês se beijam. Ele é um pouco tímido com ações físicas, mas bom com palavras. E com aquela cara de ursinho fofo, gut-gut que ele tem. Você pensa que ele é um homem! Mas quando ele faz vozinha de menino, por algum motivo você pira. Afinal ele te mima também.  Mostra os textos dele pra você avaliar e você fica orgulhosa de conhecê-lo! Você quer vê-lo bem, vencendo! Torce para que tudo dê certo na vida dele, e quando ele falha você acha que falhou! Você quer pegá-lo na escola encher a sua bola com todo seu amor!

Todavia

Será confuso pensar em engravidar. Você sente que já tem um filho!  Vai entender os casais grudentos que se amam de verdade. Pois amor verdadeiro, já diziam os caminhoneiros, é o amor da mãe!

Porém

Ele vai te irritar, pois filhos são irritantes, pedintes e insistentes. E essa dependência que se criará entre vocês dois, uma hora vai encher o saco. Como uma criança chorando porque quer o raio do pacote de biscoito antes do jantar.