domingo, 13 de janeiro de 2013

A busca por Ele.


 Ele havia decidido viajar da Geórgia para Califórnia. Cruzaria a América levando a palavra de Deus. Em Atlanta diziam que pregador melhor não existia. Com uma moto e uma bíblia seguiu pela estrada. Numa pequena cidade do Texas ele a conheceu. Seu nome era Adriana.
 A moça morena de uma beleza que ele não conhecia muito na Geórgia, era cantora. Sim, cantora e católica. Ela ficara deslumbrada com a multidão que assistia ao culto ao ar livre, na praça.
 Adriana era filha de Mexicanos. Seu estilo era o Blues. Ele deu uma carona para ela até o Arizona, aonde a prima de Adriana iria se casar. Nunca mais foram vistos. Era o ano de 1965.
Dois anos depois aconteceu o festival pop de música de Monterey. Eram 200.000 pessoas na plateia. Um ex-colega de ginásio dele, lá de Atlanta, disse ter visto o casal pelo festival. Mas como este colega de nome, John John Silva, alega que estava doidão na hora, por isso não tem total certeza de tê-los vistos.
  O povo do Tropicalismo, diz ter conhecido um sujeito com as mesmas descrições em Londres. Um bebia muito com o Ivan Lessa. Tanto que existe uma entrevista feita com ele para a revista Cruzeiro. Uma que ninguém assinou.
 Por isso quando o vi no Rock and Rio, eu tive dúvidas. Ele estava ao lado de uma senhora com um vestido Indiano. A senhora morena parecia uma índia dessas da América do Norte, tipo uma apache. O sujeito, um daqueles gringos derretidos, lembrava o Pereio dançando.  Não falava português, e deixou cair um cartão. Cosegui pegar o cartão do chão.  
 Liguei para um hotel em Copacabana. Mas eles me informaram que o casal descrito por mim, havia deixado às malas no hotel e sumido. Era uma pista.
 Pedi para revistar as e os objetos. Além de uma antiga bíblia, muitas roupas coloridas e sujas. Nenhuma foto, nada. Mesmo o registro no Hotel eram nomes falsos. Mas espere. Acho que eu vi algo.
 Esta é a mesma camisa que ele foi visto no Texas, em 1965. Ou é muito parecida. Espere de novo. Eu estou vestindo a camisa colorida. E tem uma senhora gringa morena, dessas velhas Hippies me dando uma bronca. Ela acabou de entrar no quarto aqui do Hotel.
 Mas ela é Adriana. Então? Eu sou ele. O pastor.
 Nossa!
 “Francis você precisa para com as drogas e de beber também! Ta ficando muito louco.” Diz Adriana.
 No dia seguinte acordo feliz por ter me encontrado. E rezo agradecendo. Cinquenta anos usando drogas. Mas parece que foi ontem, que eu conheci esta menina. Lá no Texas. Que música que tinha lá naquela época!
 Obrigada Senhor!
 Essa velha hippie aí quem é?
 Ah é. Lembrei. Nossa!  

Neverland.

 Hoje eu fui ao Masp (Museu de arte de São Paulo). Fui ver uma exposição chamada “Luzes do Norte.” Não era nada do que eu imaginava. Nem gostei nem desgostei. Ao sair chovia muito. Como todo domingo há uma feira embaixo da marquise.

 Vi uma aglomeração de pessoas e um som com músicas de Michael Jackson. Me aproximei mais e pude ver algo lindo. Era um fã clube do artista morto. Jovens, bem jovens, adolescentes de todos os tipos, tamanhos, gêneros e etnias. Eles realizavam coreografias do cantor e dançarino na chuva. Estavam todos caracterizados e se divertiam muito. Meninos e meninas. Quando saltavam ao voltarem com os pés no chão, a água do paralelepípedo espirrava. Parecido com o comercial da Coca Cola, ou Pepsi. Como queiram.
 Coincidentemente ontem meu amigo Marvin me falou da sua fascinação pela cena de Fred Astaire cantando e dançando no filme “Cantando na chuva”.  
 Lembrei de mim quando bem menino. Minha mãe me presenteou com uma Jaqueta igual a do Michael Jackson e com ela eu realizava meus passos nas festinhas do ginásio.
 Depois voltando pra casa, agora na garoa, refleti: “Por que será que tantas pessoas atacam a Igreja Católica”.
 Será que um mundo sem a Igreja, seria um mundo melhor? Não consigo achar nada, absolutamente nada de ruim no pensamento Cristão. Pelo contrário acho o cristianismo lindo. Como também não consigo achar nada de errado com a arte de Michael Jackson.
 Mas dizem que por baixo de tudo, está escondido um segredo de abusos em seres inocentes. Pode ser. Monstros existem. Mas a mensagem... A mensagem tanto da igreja, quanto de Michael Jackson, é tão somente o AMOR. E também a crença no Paraíso. Ou para alguns, a Terra do Nunca.
(O autor não é Católico praticante e nem tão pouco fã de Michael Jackson).