Ele
havia decidido viajar da Geórgia para Califórnia. Cruzaria a América levando a
palavra de Deus. Em Atlanta diziam que pregador melhor não existia. Com uma moto
e uma bíblia seguiu pela estrada. Numa pequena cidade do Texas ele a conheceu.
Seu nome era Adriana.
A
moça morena de uma beleza que ele não conhecia muito na Geórgia, era cantora. Sim,
cantora e católica. Ela ficara deslumbrada com a multidão que assistia ao culto
ao ar livre, na praça.
Adriana era filha de Mexicanos. Seu estilo era
o Blues. Ele deu uma carona para ela até o Arizona, aonde a prima de Adriana
iria se casar. Nunca mais foram vistos. Era o ano de 1965.
Dois anos depois aconteceu
o festival pop de música de Monterey. Eram 200.000 pessoas na plateia. Um ex-colega
de ginásio dele, lá de Atlanta, disse ter visto o casal pelo festival. Mas como
este colega de nome, John John Silva, alega que estava doidão na hora, por isso
não tem total certeza de tê-los vistos.
O povo do Tropicalismo, diz ter conhecido um
sujeito com as mesmas descrições em Londres. Um bebia muito com o Ivan Lessa.
Tanto que existe uma entrevista feita com ele para a revista Cruzeiro. Uma que
ninguém assinou.
Por isso quando o vi no Rock and Rio, eu tive
dúvidas. Ele estava ao lado de uma senhora com um vestido Indiano. A senhora
morena parecia uma índia dessas da América do Norte, tipo uma apache. O
sujeito, um daqueles gringos derretidos, lembrava o Pereio dançando. Não falava português, e deixou cair um cartão.
Cosegui pegar o cartão do chão.
Liguei para um hotel em Copacabana. Mas eles
me informaram que o casal descrito por mim, havia deixado às malas no hotel e
sumido. Era uma pista.
Pedi para revistar as e os objetos. Além de
uma antiga bíblia, muitas roupas coloridas e sujas. Nenhuma foto, nada. Mesmo o
registro no Hotel eram nomes falsos. Mas espere. Acho que eu vi algo.
Esta é a mesma camisa que ele foi visto no Texas,
em 1965. Ou é muito parecida. Espere de novo. Eu estou vestindo a camisa
colorida. E tem uma senhora gringa morena, dessas velhas Hippies me dando uma
bronca. Ela acabou de entrar no quarto aqui do Hotel.
Mas ela é Adriana. Então? Eu sou ele. O
pastor.
Nossa!
“Francis você precisa para com as drogas e de
beber também! Ta ficando muito louco.” Diz Adriana.
No dia seguinte acordo feliz por ter me
encontrado. E rezo agradecendo. Cinquenta anos usando drogas. Mas parece que
foi ontem, que eu conheci esta menina. Lá no Texas. Que música que tinha lá
naquela época!
Obrigada Senhor!
Essa velha hippie aí quem é?
Ah é. Lembrei. Nossa!