Lapa.
Rodolfo foi o mais fácil. Ele já nos esperava, Bia ligou avisando. O lugar parecia um misto de shopping center com galpão industrial. Ele estava numa mesa na lanchonete, com uma mulher, mais para menina. Era bonitinha e alternativa.
Levantou-se e veio correndo nos abraçar. Dizia alto para a menina:
“Aprendi tudo o que eu sei com esses caras”.
Rapidamente nos disse que estava tudo resolvido que ele iria produzir o espetáculo, que já tinha o “Teatro do Lado”, um novo lugar que trabalhava com montagens nem tão offs e nem tão comerciais. Um meio termo entre qualidade e público. Eu já conhecia e adorei a idéia de estrearmos no Rio.
Enquanto Rodolfo falava comigo e Duda, Mari se entretinha com a nova amiga.
“E afinal qual é a condição?” Perguntei.
“Que ela participe.” Rodolfo apontou a menina que parou de falar com Mari e nos olhou.
“Não tem papel eu disse. E não vou mudar a peça.”
“Ela não é atriz.”
“Então... Duda você quer uma assistente?”
“Eu sou cenógrafa aqui no Rio eu já fiz muita coisa boa.”
"Cenógrafa?"
Mari foi rápida:
“Ok fechado.”
Tudo começou a ir numa velocidade muito mais rápida do que eu e Mari imaginávamos. Em 48 horas estava tudo acontecendo. Frederica foi buscar Napoleão no aeroporto. O humorista de satand-up disse que tinha tirado férias de humor solo.
Rodolfo disse que eram só mais duas semanas de gravação, mesmo assim havia possibilidade de horários a noite.
Fomos jantar na Lapa, todos nós reunidos. Os sete. A Trupe do Sol. Dez anos depois juntos novamente. Foi uma alegria. Depois ainda saímos para um show de samba.
Não lembro como aconteceu, Bia dançando na minha frente e de repente o beijo. Um beijo de dez anos de espera. De onze na verdade. Fugimos de todos e fomos para um hotel ali na Lapa mesmo.
Bia sem roupa ficara até mais bonita com a idade. Sua beleza clássica a deixara extraordinariamente perfeita. Foi lindo.
No dia seguinte Duda colocou todos para se mexer. E andávamos por um espaço que Rodolfo tinha providenciado. Era nosso primeiro ensaio. Duda antes da leitura queria que nos mexêssemos, afinal como ele dizia, um texto deve servir e não servido.
Duda era um paradoxo, maluco e desorganizado por fora era um metódico perfeccionista por dentro.
Andávamos pelo espaço ouvindo uma música e nos olhando, todos extremamente alegres. Foi quando eu passei correndo por Mari e pude ver seus olhos irem para cima e em seguida o desmaio.
Todos ficaram perplexos, pois só eu sabia do que se tratava. Corri para pegá-la ao mesmo tempo em que Bia pedia:
“Alguém chame uma ambulância.”
“Não há tempo, vamos com o seu carro.” Eu disse, já com Mari nos meus braços.