quinta-feira, 21 de julho de 2011

23 Capítulo II


 O leitor deve ler o capítulo I antes de se aventurar por este II. É a postagem anterior a esta.

 “Felipe, o que está acontecendo?”
 “Eu não sei se posso falar em uma linha aberta, senhor. Eles estão atrás de mim.”
 Aquilo irritava o comandante, até que ponto aquele policial era louco ou até que ponto ele sabia sobre os jogadores.
 “Onde estão os jogadores?” Insistiu Alfredo.
 “Quem?”
 “Os jogadores?”
 “Já disse que não posso falar em uma linha aberta.”
 “Linha aberta? O que diabos é isto?”
 Neste momento a agente Mariana interveio.
 “Felipe é Mariana quem está falando”.
 “Mari que bom ouvir sua voz!”
 "Bom ouvir a sua também." 
 “Você está no Rio? Quem é este que fala comigo?”
 “O comandante Alfredo é o responsável pela subdivisão de segurança da copa do mundo. Até o final da copa, ou seja, hoje nós estamos sob seu comando.”
 “Eles estão atrás de mim. A operação 23 já começou. O casal está em perigo Mari. Eles não têm nada a ver com isso.”
 “Onde estão os dois jogadores americanos Felipe?”
 “Que jogadores Mari?”
 Mariana corta o som. Ela percebeu que Felipe não sabia de nada. Foi o que explicou para o comandante Alfredo. Ele era um agente infiltrado já há anos na organização de nome 23. 
 “Felipe, aqui quem fala é comandante Alfredo. Dois jogadores da seleção americana sumiram. Você não deve dizer isto a ninguém. Agora me diga, você sabe onde eles estão?”
 “Porque eu deveria?”
 “Felipe, aqui é Mari. Um sinal nos levou a crer que era uma operação do grupo 23. Você sabe alguma coisa a respeito? Você tentou entrar em contato com o QG de São Paulo.”
 “Mari esqueça estes jogadores. O que está acontecendo é mil vezes pior do que dois jogadores terem sumido. Eles estão querendo distrair vocês. Os jogadores é algo para tirar a atenção, da verdadeira catástrofe”.
 O comandante e os agentes se entreolharam, parecia que Felipe estava dizendo a verdade.
 “Escute com atenção. Aqui é o comandante novamente. Uma equipe já o está esperando na estação. Eles foram de helicóptero e em poucos minutos vão trazê-lo para cá. Agora me conte o resto.”
 Neste mesmo instante a luz do trem bala caiu. Ouviram-se uns disparos. Os três seguranças e o chefe condutor puderam ver um homem correndo para o final do vagão. Dois seguranças foram atrás dele, mas o pânico das pessoas complicou a visualização. Quando deu por si o condutor viu que Felipe fora baleado. O policial estava todo ensangüentado. E pedia o celular que caíra no chão para o condutor.
 “O que aconteceu?” No quartel general ninguém sabia o que estava acontecendo. O condutor chefe, rapidamente alcançou o celular.
 “O cara foi alvejado e está sangrando!”
 Mariana deu grito.
 “Acho que ele ainda consegue falar senhor.”
 “Então passe o celular para ele.”
 Felipe pegou o celular mal conseguia se sustentar, o chefe condutor o segurava, enquanto os outros passageiros estavam atônitos olhando a cena.
 “Mari, encontre Ricardo Larkin. Só ele pode resolver isso.”
 Mariana com água nos olhos desesperada.
 “Felipe, você está bem? Pelo amor de Deus Felipe!”
 “Mari a Letícia e o Lucas são inocentes. Eu queria salvá-los, mas não posso. Por favor, agora eles dependem de você.”
 Sua mão largou o celular, seus olhos se fecharam e Felipe deitou no corredor do trem. Dois minutos depois a notícia de que os seguranças do trem haviam baleado e matado o atirador.
 "Droga, um policial inconsciente e um atirador morto! Levem Felipe Rulfo para o hospital e descubram quem era este atirador!" 
 No quartel general Alfredo Ferraz queria respostas rápidas. Ele, o agente Pedro e todos os outros esperavam que a agente Mariana esclarecesse o que estava acontecendo. A única pista ou informação sobre o desaparecimento dos jogadores tinha sido alvejada, talvez já estivesse morto neste momento. E a agente Mariana parecia ser uma amiga íntima do policial Felipe Rulfo.
 “Mariana o que está acontecendo afinal? Quem é este policial, como você o conhece?”
 A bela mulher deu um suspiro, pegou forças e respondeu:
 “Comandante, Felipe é um agente infiltrado numa organização de jovens de esquerda. Antes de ser sua comandada eu pertenço a federal e fui eu que sempre monitorei Felipe até ele sumir. Há uns dois meses ele já não respondia mais os chamados.”
 “Isso quer dizer que ele se tornou um criminosos?” Quis saber o comandante Alfredo.
 “Talvez sim, talvez não. Talvez ele estivesse sendo vigiado. Nós vimos que ele corria risco, alguém inclusive atirou nele, não se esqueça.”
 “Você tem razão. Mas o que será que ele quis dizer com um perigo maior?”
 “É o que vamos saber quando localizarmos Ricardo Larkin.”
 O avião do presidente americano pousava no Galeão. Eles puderam ver tudo numa das grandes telas. Na outra a agente Camila colocava a foto de Ricardo Larkin. O texto dizia quarenta e dois anos, engenheiro com doutorado MIT em Boston Massachussetts.
 “Na casa dele disseram que ele está no Maracanã. Nossos homens já o estão localizando no estádio.” Disse Pedro.
 Alfredo virou-se novamente para Mariana que agora tentava segurar as lágrimas.
 “Eu quero saber tudo o que você sabe sobre estas pessoas. Inclusive quem são Letícia e Lucas que ele mencionou.”
 Como ele o comandante geral não sabia a respeito de operação 23 nenhuma? Quem eram estes subversivos? Quantos eram, onde se baseavam?
 Então Mariana começou a narrativa que voltava três anos no tempo para São Paulo em 2011. Ao mesmo tempo que ela contava isto ao comandante, a agente Camila recebeu um telefonema:
 "Você diz que está me ligando da plataforma X?"
 "Sim senhora."
 "O que houve?"
 "Nós não sabemos ao certo. Os comandos não estão respondendo..."
 "E o que eu posso fazer? Não estou entendendo. Qual é o seu nome?"
 "Paulo Toledo... Olha vou tentar falar objetivamente. Se estes comandos não voltarem a funcionar em duas horas a plataforma X pode explodir. Ou melhor dizendo vai explodir!"
 "E jogar petróleo em toda costa do sudeste?"
 "Também. Mas não é só isso. A explosão, levando-se em conta a profundidade desta que é a maior plataforma já construída da história, pode danificar as usinas nucleares de Angra dos Reis."
 Camila pediu que o homem repetisse, porque ela não podia acreditar. Ele repetiu. Ela deu uma pausa e disse seu primeiro palavrão em quinze anos de trabalho:
 "Fodam-se os jogadores americanos! O cara aqui da Petrobrás está dizendo que em duas horas as usinas de Angra vão explodir!!!"
 O que todos pensaram ao mesmo tempo no QG é que se Camila estivesse falando sério, em duas horas todos ali estavam condenados. Inclusive o presidente dos EUA, a presidente do Brasil, muito provavelmente os jogadores americanos e a cidade inteira do Rio de Janeiro.