quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Minha relação com o Rio de Janeiro.


Ontem conversando com uma paulistana de 21 anos, classe média alta, fiquei surpreso ao ouvi-la dizer que ela nunca esteve no Rio. Só no aeroporto, uma única vez a caminho de um resort. Tive pena dela. Porque acredito que nunca ninguém irá entender São Paulo, sem conhecer o Rio.
Já eu, do alto dos meus 37 anos de vida, visito o Rio pelo menos uma vez por ano. Verdade é que fiquei muito tempo sem ir. O motivo desta crônica é porque comecei a refletir. Se eu fosse morar no Rio e pudesse escolher qualquer bairro, qual eu escolheria? Vamos lá:
 Quem me apresentou o Rio foram os meus pais. Eu era bem pequeno. Numa das viagens peguei um mapa turístico. Observando os comentários e o mapa, deduzi que naquele começo da década de 80, a Barra da Tijuca era o futuro do Rio. Logo São Conrado, a bela praia a caminho da Barra e a própria Barra foram a minha primeira paixão. Hoje? Bem hoje, confesso que não. 
 A Barra, tem aquela avenida larga. O shopping gigante, a Barra sempre foi um enorme playground. 
 Esta paixão só foi trocada, quando eu mesmo me apresentei o Centro do Rio. Do bairro do Flamengo para o norte. Explorei sozinho a história da cidade nos séculos XVII, do XVIII e XIX. As construções históricas, igrejas, livrarias, confeitarias, teatros e o calor.
 Até o ano passado ainda era para mim o pedaço mais interessante. Mas claro que também visitei e frequentei o histórico da moda, Lapa e Santa Tereza.
 Mas a verdade é que me cansei de tudo isso. Dizem que a Lapa foi recuperada. Imagino então o que aquele bairro sujo, uma pequena Havana, era antes da recuperação. Tá certo que se me deixarem, largarem num daqueles bares "pé sujo" com fome, eu fico ali uns dois dias ouvindo samba e saboreando cachaça e cozinha de boteco.
 Já Santa Tereza é bom de visitar, mas morar naquelas ladeiras sinistras à noite e melancólicas de dia, não é pra qualquer um. Coisa realmente pra gringo.
 O leitor deve estar pensando e a famosa Ipanema, a Gávea e o Jardim Botânico? Adoro. Mas não me sinto bem. Acreditem ou não, me sinto em São Paulo quando ando pelo Leblon. É uma riqueza com culpa. E tudo parece querer ser internacional e cosmopolita.
 Porém na praia, há um monte de mauricinhos com bermudas pretas, sem graça. Grupinhos que ficam jogando fumaça de maconha na minha cara. Em Ipanema tudo é IN demais. Tudo é esplendorosamente cool. Conheço bem esta gente. Dizem que o meu Bairro em São Paulo é o equivalente a Ipanema. E não é que encontramos os conhecidos paulistanos por lá? E os Bares tem os mesmos nomes dos daqui. Nunca me apaixonei por Ipanema. 
 Sobra o que? Botafogo? Zona Norte?
 Não!
 E aqui vai o motivo da minha crônica. Eu ando apaixonado pelo bairro de Copacabana. Com o distanciamento paulista que eu tenho, eu afirmo que nenhum bairro do Rio faria sentido se não existisse Copacabana. É ela quem dá sentido e equilibra o Rio. Se eu sou urbanista? Teoria estapafúrdia?  
 O mundo é feito por bairros. Eu gosto de alguns bairros de São Paulo. Não todos. A pergunta certa é sempre perguntar, qual bairro do Brasil você mais gostaria de morar?
 Não entendo o porquê e como Copacabana começou a decair? Pra mim é um bairro que tem o movimento de Nova York, com seus taxis amarelos, prédios sem recuo, pessoas de todas as partes do globo. Muitas pessoas. 
 E de repente parece Paris, com pequenos cafés, floriculturas e confeitarias.
 Há um mistério em Copacabana. Algo mágico. É de longe o bairro mais romântico do Rio.
 Numa das tragédias cariocas de Nelson Rodrigues, um personagem diz a uma moça:
 ”Vou te levar para um apartamento em Copacabana!”
 Eram os anos 50. A moça, da idade da minha avó, se derrete toda. 
 Depois Viriam o atentado da Rua Toneleiros. A capital se mudaria para Brasília. E São Paulo passaria a dianteira do Brasil.
 Mas pra mim... Pra mim Copacabana ainda é aquela praia que meus pais me levaram quando criança. Mágica. Não preciso dizer porque, ela simplesmente é. 
 Copacabana é Hollywood. É Roma. Copacabana é a Riviera Francesa. É Veneza. É Beirute. É o Rock de Londres. É um lugar impossível de não suspirar e pensar:
 “Caramba! Os Deuses do Turismo realmente acertaram aqui!”
 Copacabana é eterna. Não existiria Brasil sem Copacabana. 
 Feliz ano novo!