sábado, 20 de dezembro de 2014

Casais.

 Marcos viu Priscila a primeira vez na padaria. O rapaz lia jornal num sábado de uma manhã quente. Numa mesa mais ao canto.
 Ela sentou-se na sua frente. Com outra mesa entre eles.
 De onde eu conheço esta menina? Ele pensou.
 Priscila era um espetáculo. Alta, sensual, languida, ria feliz. Talvez estivesse acordando de uma noite espetacular.
 Falava ao telefone ao mesmo tempo que mordia as torradas. Uma boca carnuda, dentes brancos e lindos. Não notou a presença de Marcos.
 Ele disfarçava, mas o fato é que nem lia mais as notícias. Só tentava disfarçadamente olhar a moça. Ela devia ter uns 25, quem sabe 28 anos. Não mais.
 Priscila se levantou e partiu. Que pernas!
 Segundos depois ele se lembraria. De onde conhecia Priscila.
 Ela era filha da Marta!
 Um fim de semana antes, na piscina do clube, ele e Marta conversavam sobre casamentos, ex-maridos e ex-esposas. Aquela coisa toda. Eram ambos da mesma turma. Embora com idades diferentes.
 Marta falara de quando fora casada com um Italiano, depois de quando morou na França com um Americano.
 Marta fora modelo. Era alta, mais de ossada larga. Na época se usava muito, diferente das modelos magras de hoje.
 Os dois tomavam caipirinha, e a passaram a tarde juntos.
 Marta o teria mostrado fotos da filha.
 “Priscila. Ela tem 26 anos. Filha do Americano”.
 Com o pretexto de ter visto Priscila na padaria, Marcos ligou para Marta.
 Saíram para jantar.
 Dias depois se encontraram de novo na piscina. Tornaram a sair. Começaram a namorar. Um mês se passou.
 Depois, de uma noite de amor, os dois foram num sábado de manhã, tomar café naquela mesma padaria.
 Neste dia, Marcos, curioso, disse que queria conhecer Priscila, filha de Marta. Já que ela era o pretexto deles estarem se vendo.
 “Impossível”. Ela disse.  
 “Mas por que é impossível?” Ele quis saber.  
 Nisto, Gil, funcionário da padaria interrompe:
 “Requeijão do lado como sempre Dona Marta?”
 Marcos olha surpreso para Marta. Ela sorri. Gil deixa o requeijão ao lado, sem entender e sai.
 “Faz um ano que ela está na França com o pai”.  
 “Então era você? Sempre foi você, o tempo todo?”
 “Acho que sempre foi. Desculpe. Mas eu me diverti tanto, em ser confundida com minha filha. Me fez tão bem”.
 E foram juntos pra piscina. Felizes. O casal.






terça-feira, 21 de outubro de 2014

Fury, mais que linda.


Era um dormitorio de estudantes, la pelo meio dos anos 90. Em Boston. Cada andar tinha um hall, com um sofa e um orelhao.
 Sai do quarto, para ir sei la onde, e ao cruzar o hall, a vi pela primeira vez. Ela tentava fazer uma ligacao para sua terra. A Alemanha. Estava de costas, eu falei qualquer coisa, sobre como usar aquele orelhao melodramatico.
 Ela se virou com uma cara sem expressao. E disse um obrigado.
 Eu quase nao acreditei. Tereza, ou Terreze, como ela dizia, era a mulher mais linda que eu ja vira na minha vida. Juro!
 Acho que comecei a interagir com outros estudantes que estavam por ali. Ela continua a tentar ligar, e ao mesmo tempo me olhava, vez ou outra.
 No dia seguinte nos encontramos na escola de Ingles. Depois nos cruzamos de novo no dormitorio. E ela me olhava.
 No terceiro dia, me chamou para almoçar. Fomos para uma praça. Nao lembro como aconteceu. Eu falava de um tenis que eu tinha comprado, e ela mordia uma maçã.
 Acho que ela usava uma camiseta polo branca justa. Seus peitos enormes e lindos. Me falou que mergulhava todos os anos no Caribe com a familia. E que era de Heidelberg.
 Eu disse que conhecia Heidelberg. O Castelo de Heidelberg. Que sorte eu tive, de ter um pai, que me levou ainda muito jovem, para lugares tao inusitados.
 Ela sorriu. Tereza parecia ser bem inteligente. E eu ficava bem avontade com ela. Parecia pouco se importar com o fato de eu ser um barbaro, da America do Sul. Ao contrario acho que ate gostava da ideia.
 A noite rolou um beijo. Como dividiamos os quartos com outras pessoas, fomos para o banheiro. Foi la que ela me mostrou os peitos pela primeira vez.
 Como eu posso descrever. Era como se eu estivesse vendo uma obra prima viva. Ela me pegou pela mao, e fomos para o parque. Na beira do rio.
 Eu como todo Brasileiro de cidade grande, achava a todo momento, que seriamos atacados, assaltados, mortos, mas depois de perceber que nada aconteceria, relaxei.
 Lembrei disso tudo hoje, porque vi um filme chamado Fury.
 Eh sobre o final da segunda guerra, em 1945, travado ja em terra Alema. Com uma populacao civil morrendo de fome, eh o primeiro filme americano que ja assisti que descreve os Norte-Americanos, como sendo as vezes menos bons, do que os Alemaes. Ou ainda tao malvados quanto.
 O filme insunua que as tropas Norte-Americanas, abusavam, estupravam as meninas alemas. E mostra como os Americanos as vezes matavam os Alemaes a sangue frio, mesmo depois deles, Alemaes, terem se rendido.
 A menina do filme me lembrou Tereza. O soldadinho americano, jovem, cristao e sensivel, me foi uma indentificaçao natural, comigo mesmo.
 Um romance rapido, imprevisivel, e nunca mais soubemos um do outro.
 A diferença, eh que Tereza, ao contrario da menina de 1945, em 1995, era rica, cosmopolita e falava muito bem  Ingles. Com aquele sotaque lindo, que so as Alemanzinhas tem.
  Va assistir Fury. E se voce nao gosta de menias Alemas. Tem toda uma sequencia, do Brad Pitt, que claro nao eh o menino, eh outro personagem, sem camisa e fazendo a barba.

 Fica a dica.  

sábado, 18 de outubro de 2014

Joana.


 Era um fim de semana na praia. Ceu azul, mais fazia frio. O mar estava de resseca. Nao so ele. Eramos dois casais.
 Eu, minha namorada Flavia, sua amiga Joana e Pedro, namorado de Joana. Como voce pode concluir pelo titulo, leitor, trata-se de um caso que eu tive com Joana.
 Haviamos saido na noite anterior e bebido muito. Por isso nem Flavia, nem tao pouco Pedro, se animaram a andar na praia.
 Depois do cafe, fiquei ali no jardim olhando para praia. Quando virei para tras, vi Joana se aproximar de shorts, camiseta e oculos escuros.
 “Vamos andar?” Ela convidou.
 Nao vi necessedade de pedir permissao para Flavia. Fomos.
 Tanto Joana, quanto Flavia eram mulheres interessantes. E lindas tambem.
 Mas que tipo de assunto se pode ter com uma mulher, sensual, interessante, num dia lindo? Digo uma mulher que a principio nao se sabe qual eh a relacao dela com voce. Ou se existe alguma relacao.
 Foi o que as pessoas chamam de dia perfeito. Sol, praia, seducao.
 Como descobrir o que aquela mulher achava ao meu respeito?
 Imagine o quanto ela devia saber ao meu respeito? Como eu era na cama, o tamanho do meu pinto, se eu era carinhoso, se eu era violento, se eu gostava de fio terra, se eu roncava, se eu cheirava mal de manha, a noite, que posicoes eu gostava... Meu Deus!
 Flavia sempre disse que era muito discreta. Mas mulheres sao super abertas com as melhores amigas. Algumas aumentam as qualidades do namorado, para se fazerem de bacanas. Outra aumentam os defeitos, para nenhuma tentar rouba-lo.
 Sera que Flavia disse que eu ganho menos do que eu ganho no trabalho, para Joana?
 Sobre o meu chefe que me mal trata? Do dinheiro que a minha mae me emprestou? Nossa que vergonha! Ela deve saber de todas as minhas cacadas. Deve me achar um idiota. Que misterio pode ter sobrado.
 E ao mesmo tempo eu nao sabia aparentemente nada a respeito dela. Sabia que ela tinha ido viajar, e voltara antes e pegara uma Portuguesa dentro da casa dela com Pedro. Sim os dois moravam juntos.
 Pedro pedira mil desculpas. Disse que se arrependera e tal. Motivo pelo qual ele nem pode questionar, se a namorada anda comigo ou nao, na praia. Estava em fase de so concordar com ela. Coitado.
 Mas sera que esta era mesmo a historia. E como eu poderia saber, se Flavia me contara tambem em segredo.
 Paramos para nadar. Ela tirou a camiseta e o shorts e eu me surprendi. Sim, porque o corpo de Joana era muito mais lindo do que eu imaginava. Entramos na agua juntos.
 Ou seja, estavamos ficando intimos. Acho.
 A melhor amiga da namorada...
 Existem infinitas mulheres no mundo com as quais voce pode trair a sua namorada. Sem que ela nunca fique sabendo.
 Se bem que Pedro partiu deste principio, arrumou uma Portuguesa e foi pego.
 Ali dentro da agua, senti que Joana desejava alguma coisa comigo. Mas o que seria? Me seduzir por seduzir?
 Nao sei o que me deu, mas fui chegando perto, as ondas batendo, e dei um beijo em Joana. Ela correspondeu.
 Agora eramos o casal mais escroto do mundo. Eu estava traindo minha namorada com a melhor amiga dela.
 Como era inverno a praia estava quase que deserta, por isso transamos ali mesmo na agua. Paravamos quando uma serie de ondas vinha, e depois recomecavamos.
 Foi muito bom.
 O resto do fim de semana voce pode imaginar leitor. Fomos a um restaurante, ficamos os quatro na mesa. Joana beijava Pedro na minha frente, eu abracava Flavia.
 Viemos os quatro no carro na estrada, Flavia dirigindo, ate Sao Paulo.
 A Flavia e eu ainda namoramos mais quatro anos. Pouquissimas vezes eu fui infiel. Diria que ao todo, umas tres vezes.
 Depois daquele fim de semana eu nunca mais falei com Joana. Nos encontramos ocasionalmente, mas o fato eh que ela Flavia foram se afastando. Coisas da vida. A verdade eh que elas eram amigas de infancia. Mas com o tempo foram mudando os interesses.
 Como agora eu estava oficialmente solteiro, acabei combinando um jantar com Joana.
 No jantar conversava-mos de tudo. Ate sobre a Portuguesa. Sim a historia era verdadeira. Ela ja nao via o Pedro desde aquela epoca da praia, anos atras.
 Namorara mais dois caras, romances rapidos.
 Joana falava muito no jantar. Nao tinha muito misterio nas coisas que ela dizia. A achei tao diferente, daquele dia perfeito na praia.
 Suas roupas eram meio fora de moda. Sem estilo. Nossa conversa nao fluia, ela fazia piadas nas quais so ela ria.
 Depois do jantar fomos para minha casa. Foi um sexo ruim. Ela resolveu ficar.
 Na manha seguinte fazia um lindo dia de inverno. E adorei quando ela foi realmente embora.
 Nunca mais liguei para Joana.
 Mas sempre vou lembrar aquela andanda na praia. Anos atras.
 O oculos escuro, ela, Joana, tao serelepe, um dia tao azul, com mar verde. A pele dourada. A melhor amiga da minha namorada...

 E tem gente que acha que os detalhes nao importam. 

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Um Texano em Nova York.

A confusao toda comecou quando o Texano chegou. Antes eram so dois casais burgueses. Jovens, recem casados, comecando uma vida juntos. Os Walshs que moravam no Brooklyn, e os Barrys que moravam na ilha de Manhanttan.
 Os maridos conheceram-se na faculdade. Adam Walsh era de Boston, de Brookline. Peter Barry do Colorado, interior do Colorado. Fizeram financas, economia, Peter Barry agora era executivo em um grande banco. Ganhava bem mais do que seu amigo Adam Walsh. Mas como Adam era de uma familia rica, e tinha casado tambem com uma rica menina, Julia, eles viviam confortavelmente num apartamento descolado no Brooklyn. Davam jantares, geralmente as sextas feiras.
 A verdade eh que o Brooklyn eh praticamente uma outra cidade, muito diferente da ilha de Manhanttan. Eh como se os dois lugares se completassem. Enquanto Manhanttan, tudo eh frenetico, as limosines a enorme concentracao de gente, os predios reconhecidos no mundo todo. O Brooklyn... Ora o brooklyn eh o Brooklyn.
 Digamos assim, no Brooklyn sempre parece que eh fim de semana, mesmo nos fins de semana. Em Manhattan, sempre parece que eh dia de semana, mesmo nos dias de semana.
 Suzan Barry, era de Nova Jersey. De uma familia bem dura. Era secretaria no banco em que Peter trabalhava. Acabou tornando-se a senhora Barry, e deixou de trabalhar, para cuidar do lar. Seu sonho era ter uma casa de praia.
 As amigas da escola haviam se casado com mecanicos, marceneiros, todas ex combatentes no Iraque. Uma delas ate se casou com um dentista. Mas era aquela vidinha breguinha em Nova Jersey, que fez com que Susan se distancia-se delas.
 Nao entendia porque seu marido insistia em visitar a turma do Brooklyn. Para ela os Walshs eram pessoas imaturas, que nao dariam em nada. Votavam no partido Democrata, tinham amigos estrangeiros aos montes, e ela Susan tinha um trabalhao pra entender o que aqueles estrangeiros falavam.
 Pra que conviver com aqueles moderninhos? Ela se perguntava. Gays, pessoas, que ela nao entendiam com que exatamente trabalhavam, ate atores de teatro frequentavam os Walshs. Daqueles teatros pequenos e sujos, sabem? Os dito off off Broadway.
 Mas num destes jantares surgiu um Texano. Nao um Texano tipico de chapeu e botas. John Fernandez era mais que isso. Era um pintor. Nascido e criado em Houston, estava expondo agora  numa galeria em Nova York.
 Julia metida nas artes o conhecera pois tinham uma amiga, artista, em comum. Julia tambem achou John encantador. Na verdade foi John quem se aproximou mais de Julia. Ele elogiava todos os artistas que ela, Julia, gostava.
 O que Julia achou suspeito, porque ela nem gostava tanto assim de alguns deles, mas como eram os que estavam na moda, e Julia gostava de estar por dentro, ela os tinha como os preferidos.
 Suzan tremeu quando ouviu aquele vozerao. Foi paixao a primeira vista. Teve certeza que ela cometeria adulterio. Ela teria um caso com aquele Texano.
 Julia estava sorridente. Com um vestido de uma estampa muito bonita, que deixava suas formas bem evidentes.
 Os tres ficaram conversando por um bom tempo, enquanto os outros convidados estavam na outra sala.
 Sera que Julia havia percebido? Suzan olhava mais para Julia, que continuava sorrindo do que para John. Era uma forma de disfarcar. Falava olhando para Julia, mas passava os olhos pelo Texano.
 John percebeu. E como ambos tinham muito tempo livre a tarde, a coisa toda nao demorou para acontecer. Questao de dias. Mensagem aqui, telefonema, cafe.Um amigo meu faz um show na segunda, nao posso, mas amanha terca, podemos almocar. Perfeito... E cama.
 Suzan e John repetiram mais duas vezes, a tarde de amor. Ela ficou encantada por aquele atelier. O cheiro de tinta, os quadros, as cores. John morava e pintava no mesmo lugar.
 Ela inventava desculpas para Peter. Dizia que iria visitar as amigas em Jersey, mas acabava tomando o metro para Brooklyn e la, ela e John se amavam loucamente.
 Suzan ja nao podia suportar a vida sem aquele Texano, macho, com vozeirao. O jeito que ele a pegava, que a tratava. Ficava toda arrepiada, e ainda tremia, mesmo horas depois do sexo.
 Mas chegou um dia em que John, disse que nao podia mais ve-la.
 Ela em principio achou que ele queria que ela tomasse uma atitude. Entao ela criou coragem e foi ate a casa dele.
 Iria lhe dizer que estava disposta a abandonar Peter. Que o dinheiro de Peter ja nao mais interessava. Se sentia mal em fazer isso, porque afinal Peter era um bom homem.
 Iria arrumar um emprego e ela e John seriam bem felizes. Mas ao chegar na casa de John, ela deu de cara com Julia saindo.
 Aquilo foi mal estar geral, pois nenhuma das duas sabia da outra. E o fato era que o Texano era amante das duas.
 Os tres conversaram. Acabaram tomando umas cervejas no atelier e riram um bocado. Suzan saiu da casa de John feliz.
 Mas no caminho de volta para Manhanttan bateu um mal estar. Ela se deu conta que amava John. E que tudo tinha ficado mal explicado. Ele provavelmente estava se aproveitando dela.
 Ele devia com certeza gostar mais de Julia, pois tinham coisas em comum. Ambos gostavam de arte, eram descolados. E no fundo ela apesar de ter corpao, era uma caretinha. Ela sabia disso.
 Por outro lado, sabia que ela era muito mais gostosa que a magrela da Julia Walsh. Se bem que a Julia tinha um peitos enormes.
 Comecou entao a pensar nos peitos enormes da Julia Walsh.
 Dois dias depois sem saber direito convidou Julia para almocar.
 Na verdade para um brunch, onde as duas beberam muito. Sem saber como e nem porque encostou o braco no braco de Julia.
 Julia ficou arrepiada, e achou aquilo tudo gostoso. Beijaram-se.
 A noite ela nem ouvia direito o que Peter falava sobre reunioes no Banco. Sobre os colegas, e negocios.
 Ela agora mesmo transando com Peter, pensava em Julia. Nos peitos de Julia. Se deu conta que nunca havia visto os peitos de Julia. Mandou uma mensagem para Julia. Se Julia podia mandar uma foto dos seus peitos pra ela?
 Entao Julia mandou nao uma mais varias fotos. E nao so dos peitos.
 Sua terapeuta disse que ela estava apaixonada por Julia. Mas aquilo nao fazia sentido.
 Ela sempre gostara de homens. Quer dizer. Ja tinha ficado com algumas amigas. Mas so beijos. Quer dizer, com Alex nao foram so beijos. Mas ja fazia tanto tempo.
 Julia era sofisticada, magra, tinha varias amigas e amigos. Era uma pessoa querida por todos.
 Ela perguntou o que ela deveria fazer para sua terapeuta.
 Estou apaixonada pela mulher do melhor amigo do meu mardo.
 Julia deixou de responder as mensagens de Suzan.
 Tempos depois soube a noticia.
 Nao haveriam mais jantares no Walsh.
 Peter disse que Suzan estava se separando de Adam, para ir morar Houston.
 Com um pintor Texano. Peter nao lembrava de nenhum pintor Texano.
 Suzan disse que tambem nao se lembrava. Depois deu um beijo em seu marido. E disse par ele nao ligar. Coisas de artista, de gente astranha. Agora Adam ficaria bem melhor.
 Nao sei porque mas eu achava que voce gostava da Julia.  Disse Peter.
 Artistas gentinha mais promiscua.
 Verdade.
 Boa noite.
 Boa noite.
 E cada um virou para um lado.





terça-feira, 26 de agosto de 2014

Diarios de Nova York, parte 1.

  SoHo, um pedacinho de Roma em Manhattan. 


 Fui para o final do vagao.  Como estava com a mala, imaginei que ficando na porta atrapalharia o entrar e sair deste trem, que liga o terminal do aeroporto ao metro.
 Me sentei no fundo, e olhei pela janela, o ceu estava azul. O trilho corria paralelamente a uma rodovia. Em nada lembrava a paisagem de Nova York do cinema. Olhei para a  direita e vi uma jovem, que se equilibrava ao mesmo tempo em que tentava manter suas tres malas em pe. Sentado a sua frente um outro jovem. Que nao a ajudava. Acho que ele estava tentando organizar a chegada deles ao detestino final. Ficava vendo mapas.
 Os dois eram muito bonitos. Cruzei o meu olhar com a da jovem mulher. Uma pele dourada, um nariz meditarraneo e uma boca sensual. Por um instante acho que ela pensou que eu entendera o que ela conversava em Italiano com o rapaz.
 Ele pouco parecia se importar para a minha presenca. Apesar de sentado, notava-se que era alto. Calculei que seriam irmaos. Nao eram colegas, nem tao pouco amigos. Eram parentes. So nao sei se primos, irmaos ou amantes. Amante eh parente?
 No dia seguinte fui as Villages, west e east. Tomei um porre e fiquei andando pelas pracas, cantarolando Bob Dylan. Eu queria muito ter vivado nos anos 60. Estou lendo um livro da Patti Smith, Just Kids, que retrata aqueles tempos.
 Depois lembrei de Caetano, Narciso acha feio o que nao eh espelho. Incrivel como eu me torno muito mais brasileiro, quando estou longe do Brasil.
 Acabei entrando no territorio do Soho. Um lugar que a principio nao tem nada para mim. Boutiques e lojas de alta costura, mescladas com o melhor das grifes pret a porter europeias.
 O casal Italiano veio de volta a minha cabeca. O que eles estariam fazendo em Nova York? Lua de mel?
 O jeito que eles usavam as calças jeans. A garota estava com um sapato, o rapaz com uma camisa colorida polo. De um tipo que nao se usa no Brasil.
 Existe um charme na mulher americana. A mulher americana, sempre parece uma adolescente. Prontas para agarrar um skate ou fazer uma cesta de basquete. Mas algumas tem sim um olhar 43, com shorts jeans, camisas amarradas na cintura, umbigo de fora, segurando um copo de cafe de papel, e muita pressa.
 Eu nao estou falando das roupas. Falo da ginga. Muito se comenta do homem latino e pouco, ou quase nada da mulher Latina. Nao as Ibericas, mas as Italianas.
 Um jeans numa americana eh um jeans. Ja numa Italiana, um jeans eh um eterno incomodo.
 No fundo, no fundo mesmo, o bairro mais Italiano que existe em NY eh o SoHo. Todos os outros podem ser Italo-americanos. A la Coppola e Al pacino. Mas o SoHo eh um lugar magico onde as americanas se tornam Italianas no caminhar.
Ha coisas que ninguem explica.  Tome um expresso no SoHo por exemplo. E la sentado observe este feitico. Uma americana ao pisar numa calcada do SoHo, anda, olha e fala como uma legitima Romana.
 Tchau Girl.







terça-feira, 29 de julho de 2014

A vizinha.

A primeira vez que eu a vi foi no elevador. Ela estava toda atrapalhada, com um carrinho de bebê. Ela não sorriu. Mas seu rosto tinha algo de simpático mesmo sem sorrir. Ela era linda, com uma boca carnuda, os olhos tristes, não era alta, e tão pouco baixa. Branca, bem branca, mas com os cabelos pretos. Talvez uma mistura de germânicos com latinos. Magra, porém com formas bem definidas.
 Ela puxou o carrinho para me dar mais espaço no elevador. Algo desnecessário, pois havia espaço suficiente. Evitou me olhar, e não sei se percebeu que eu através do espelho fiquei a observando.
 Eu havia mudado a pouco para este prédio em São Paulo. Um prédio de classe alta, mas por ser dois por andar muitos vizinhos eram casais jovens. Jovens porem ricos. O que era o meu caso, e com certeza o caso dela.
 Dias depois a vi na garagem, desta vez com uma babá, o mesmo carrinho e seu marido. Um cara alto, bem vestido, bonito, cabelos curtos. Do tipo que trabalha em uma grande empresa, e tem um cargo elevado. Ou seja, eram ricos, jovens e pelo carro, tinham muito sucesso. Um carro daqueles carros grandões que valem bem mais cem mil reais.
 Fiquei intrigado. Como seria a vida daquela mulher? Morando num condomínio circundado por favelas, e miséria. E ela passava os dias com o filho, esperando o marido chegar do escritório para a cozinheira servir o jantar.
 Um dia de frio, muito frio, resolvi ir à sauna do condomínio. Sauna masculina. Quando entrei dois homens já estavam lá dentro. Um era o marido da minha jovem vizinha. O outro um colega do escritório talvez? Outro condômino? Comecei a escutar a conversa deles.
 Meu vizinho reclamava sobre a religião da minha vizinha. Que estava o incomodando. E ele não sabia como ela educaria seu filho.
 Então minha vizinha deveria ser Judia. Foi o que eu pensei. Uma linda Judia.
 Me meti na conversa. Perguntei:
 “Sua mulher é Judia?”
 Achei que talvez os dois me achassem meio entrão, abusado. Tipo: “Quem te chamou para a conversa?”
 Mas não, ao contrário, foram solidários. Afinal como você pode ficar num espaço pequeno, e fechado, sem ouvir o que os outros dois frequentadores conversavam?
 Os dois se mostraram muito simpáticos e me disseram que não, ela não era Judia, e sim evangélica. Uma fanática.
 Muita coisa se explicou então. Uma rica evangélica. Por isso havia casado cedo. Em com certeza aquele fora o seu único homem.
 Eles me convidaram para beber nas espreguiçadeiras, já fora da sauna. Havia um garçom que nos trazia cervejas e aperitivos. Os dois riram quando contei que tivera uma ex namorada, que era budista, mas também gostava de astrologia, numerologia, cabala, umbanda, espiritismo, daime, tarô...  Eles riram muito.
 Depois de um tempo, inventei qualquer desculpa e me fui. Mas tive tempo de descobrir que Álvaro, meu vizinho de 28 anos, trabalhava num banco americano. Seu amigo, Carlos, também nosso vizinho, era um advogado, tinha 30 anos e era solteiro.
 Um dia consegui desenvolver uma conversa com ela, de novo nos encontramos no elevador. Consegui dizer que eu era do interior, trabalhava num jornal e escrevera um romance.
 “Um romance? Quero ler.”
 “Vou te enviar um”.
 Esta estúpida conversa foi bem rápida. Foi a primeira vez que a vi sorrir. Talvez ela quisesse conversar mais. Porém fechei a porta como se estivesse com pressa e o elevador seguiu para cima.
 Comecei a planejar um jeito de atraí-la. Mas minha consciência dizia que eu deveria ficar longe de uma mulher cada.
 Comecei a sair com uma garota do jornal. Uma repórter, e acabei me esquecendo da vizinha por um tempo. O porteiro disse que ela agradecera o romance e que ela estava lendo. Ótimo, mantenha-me informado. O porteiro piscou, deu uma risadinha e disse:
 “Pode deixar. Te informo já, eles estão mudando semana que vem”.
 “Pra onde?”
 O porteiro então me disse que Álvaro havia sido transferido para os Estado Unidos. E Dona Laura iria viajar na frente.
 “A empregada deles, me disse que ela viaja manhã.” Disse o porteiro.
 Foi quando eu soube o nome dela. Laura.
 E lá se vão cinco anos. E eu nunca mais soube dela.  Acontece que ontem eu a vi. No supermercado.
 “Oi Laura”.
 Ela desta vez deu um grande sorriso.
 “Você é o cara que me deu um livro pra ler?”
 “Eu mesmo”.
 “Adorei o livro”.
 Íamos engatar uma conversa, quando um homem surgiu e a chamou.
 “Tenho que ir. Bom te ver”.
 Ela empurrou o carrinho de supermercado até o homem, e saíram abraçados pelo corredor. Pude ver ele ainda dando um beijo nela.
 Segundos depois, eu reconheci o homem que nem me cumprimentara. Era o cara da sauna. Não o Álvaro, mas o outro, o Carlos. Nosso vizinho.



segunda-feira, 21 de julho de 2014

Mulher de 40 anos.

 Lucia estava ansiosa. Alguma coisa em Pedro a incomodava. A  emocionava. Algum desejo. Ela nem sabia o que era. Afinal Pedro tinha 25 anos.
 Por que ela contrataria um estagiário para seu escritório, se ela mesma estava querendo largar a Arquitetura?   
 Marcaram uma conversa num café, perto da casa dele. Ela estacionou o carro e ele que morava a um quarteirão foi a pé. Chegaram juntos.
 Ela se encantou com o sorriso dele. E Pedro parecia muito mais maduro e centrado, do que quando se conheceram na festa de uma amiga em comum.
 Falaram muito sobre arquitetura. Lucia sentia que sua voz, seus gestos, seus músculos estavam presos. E Pedro pelo contrário se soltava. Aquilo tudo começou a fazer muito bem pra ela. Aquilo tudo o que? Num determinado momento Pedro perguntou se Lucia, que era casada, não tinha vontade de sair com outras pessoas.
 Lucia, que tinha 40 anos, sete de casada, e estava de saco cheio do marido, só faltou se jogar em cima de Pedro. Mas ao invés disso, ela se saiu com essa:
 “Nós temos de abrir mão de algumas coisas, para ter outras”.
 Pedro concordou. Mas onde ela tinha tirado esta coisa puritana? Ela já tivera amantes, e uns dois casinhos. Mas não eram estagiários. Se arrependeu. Mas depois, achou que o rapaz estava só puxando papo, e nada tinha a ver especificamente com ela.
 Deve ser algo com as meninhas da academia, da balada.
 Pedro foi até o balcão pegar um salgado. Nossa que gato!
 Passaram a se encontrar todos os dias no escritório. Almoçavam juntos. A outra sócia, Cláudia, distante, estava sempre atrás da filha, por isso ia buscá-la na escola e não almoçava com os dois.
 Lucia voltou a gostar de arquitetura. Passaram-se dois meses, o agora efetivado arquiteto, começou a dizer de uma hora para outra que achava pessoas mais velhas charmosas. Pronto. Ela pensou. É a deixa.
 Apaixonou-se loucamente pelo assistente Pedro. Tudo o que ela fazia ele elogiava. Seus trabalhos, suas roupas, seu gosto musical.
 “Como você é culta Lu, aprendo tanto com você”.
 Iam a exposições, e uma tarde eles foram até ao cinema. Ela agora estava em forma. Regimão.
 Um dia após ter uma briga com marido, decidiu que ia partir para cima do rapaz. Dane-se, só se vive uma vez mesmo na vida.
 No dia seguinte, veio à revelação. Pedro confessou que estava apaixonado por uma arquiteta de 40 anos, casada. E esperou a reação de Lúcia. Esta fez um charme, deu um gole de suco, suspirou, levantou as sobrancelhas, e agiu como se já soubesse.
 “Eu sei.” Ela disse.
 O rapaz então ficou surpreso.
 “Mas a Cláudia disse que eu não poderia te contar de jeito nenhum”.

 Então naquela tarde Lucia soube. Toda aquela conversa de mulher mais velha, aquela vontade em agradar, não era outra coisa, se não porque Pedro estava tendo um caso com uma mulher casada. Era com Cláudia sua sócia, uma mulher de 40 anos. 

quarta-feira, 9 de julho de 2014

A encomenda.

 A encomenda.

 Me pediram um texto sobre o lendário hotel Maksoud Plaza. O que me fez lembrar de que eu não sou um jornalista.
 Mas quem se importa. Se os contratantes não se importam, não será você leitor, que me exigirá credenciais legais, para exercer a profissão de comunicador de noticias.
 Contudo, como este texto, não fornecerá notícia alguma, tão pouco, trata-se de um texto com a precisão histórica, nem há pesquisa, e também ao que tudo indica, não há ficção tão pouco. Não tem nada? Dirá então o leitor. Tem sim.  Quer dizer sempre há ficção. Principalmente na publicidade.
 A publicidade tem mais ficção do que a própria ficção. Já reparou?
 Voltemos para o hotel. O Maksoud Plaza.
 Eu poderia dizer que é um lugar decadente, mas que já representou o que houve de melhor na sociedade moderna Paulistana.
Ai me sobraria o que? Que o hotel tem um estilo anos setenta de Nova York?
 Falar sobre o seu dono? Sempre há um dono, um empreendedor notável, que dá alma ao estabelecimento.  Falar sobre os funcionários antigos e suas vidinhas medíocres? Hospedes notáveis, o famoso: Traçar perfis.
Ah! O Maksoud...
 São Paulo já teve várias épocas a arquiteturas: Os bandeirantes, os quatrocentões, os imigrantes, migrantes... Que de tão antigos parecem estes sim ficção.
 Uns caçavam índios, eram índios, sei lá eu.
 Os outros sei lá eu por que vieram. Dizem que vieram nas tais caravelas, plantar café e ter escravos.
 Os outros para serem escravos e depois para substituírem os escravos. Contruir industrias, comércios e hotéis de luxo.
 Mas ontem fui na Pizzaria Camelo, lá estavam os bandeirantes, os quatrocentões, os italianos, os Sírios- Libaneses, os Nordestinos, nesta mistura de não sabermos mais quem é Português e quem não é.
 Inclusive comi Strogonoff. A pizzaria ao contrário não é decadente. Aliás, não é nada. Sem personalidade. Talvez por isso tantos se identifiquem. Têm tanto nada no mundo. Mas o Stogonoff estava bom e serviço também. Agora Arquitetura?
 Meu amigo mesmo disse:
 “Não tem nada de extraordinário nesta pizzaria, e, no entanto... Sempre cheia”.
 As pessoas vão lá, comem e se vão. E nada acontece.
 Ah mais o Hotel Maksoud! Este sim. Lá tem tudo. Aconteceu tudo.
 Leitor quer uma dica?
 Vá assistir ao filme o “Grande Hotel Budapeste”.
 Está tudo ali.
 Gustave, o protagonista, como é descrito pelo Lobby Boy do hotel:
 “Ele era de uma época, que quando ele nasceu, esta mesma época, já não existia mais”.
 Eu acho que o Maksoud Plaza tem muito disso. Quando o hotel foi inaugurado ele já representava uma época que não existia mais.
 Feliz nove de julho, para todos!

 I me icomenda ai uma Pizza, lindinho! Que me vou leva pra casa meu! 

sábado, 24 de maio de 2014

Rápida autobiografia de um quarentão, Leo Chacra.

Leo Chacra:

Aos 10 anos:
Eu queria ser um Jedi. Morar em outra galáxia. Meu carro preferido era uma nave espacial. O país mais maravilhoso do mundo era os EUA, mas eu tinha uma curiosidade pela União Soviética. A mulher mais linda eram as mais velhas, as de onze anos. Fazia ginástica olímpica.


Aos 15 anos:
 Eu queria ser diretor de cinema. Outra opção era ser o 007. Morar em Mônaco, desde que Mônaco ficasse na Califórnia. Meu carro preferido era um Passat ou qualquer carro que eu pudesse dirigir. Meu país preferido era o mar, um navio pirata. A mulher mais linda eram todas as mulheres. Eu gostava de Rock and Roll. Fazia Polo Aquático.


Aos 20 anos:
 Eu queria muito, muito, muito mesmo ser arquiteto. Não sabia desenhar, ainda não sei. Morar na Europa. Meu carro preferido era um carro pequeno, ainda é. Meu país preferido era o Brasil. Ouvia música clássica. Lia literatura clássica, via filmes clássicos. E era completamente apaixonado por uma menina drogadinha de 14 anos. Era ateu. E também era budista, além de marxista. Fazia circo.


Aos 25 anos:
  Eu queria ser o Moliere. Era contra televisão, carro e publicidade. Minha religião era o teatro. Lia literatura policial e muitos livros de teatro. Amava minha namorada. Queria morar onde tivesse teatro. De preferência dentro do teatro. Era um fanático. Não fazia esporte nenhum. Mesmo assim até que era bem em forma.


Aos 30 anos:
 Queria ter a minha própria casa e tinha. Queria ser escritor. Mas escrever o que? Morar numa cidadezinha bem pequena, de mil habitantes, com a natureza. Agora era marxista só uns 3 dias por semana. O resto era conservador. Bebia. Acho que era um pré-alcoólatra. Pela primeira vez fui um pouco playboy. Andava metade do tempo com playboys e a outra metade com artistas. Nunca misturados, que não dava certo. Parei com babaquice de país preferido. Carro? Sei lá, taxi, qualquer carro, desde que não fosse assaltado. Amava a ex-namorada. Tinha muita facilidade para pegar mulher. Ouvia o que estava tocando. A noite ia beber na Vila Madalena. Fim de semanas na praia. Meus amigos iam se casando.


Aos 35 anos:
 Eu era dono de restaurante e diretor de teatro. Queria ser ator. Fazia muito esporte, regime, engordava e emagrecia. Era completamente apaixonado por outra ex-namorada. Aproximei-me do cristianismo. Me interessei por história, ao mesmo tempo que nunca mais me interessei por clássicos. Comecei a me preocupar com o futuro. A me preocupar com meus pais. Na mesma intensidade que os meus pais começaram a se preocupar muito comigo. Muito. Meus amigos já eram quase todos eles, pais. Tive uma fase samba. Cogitei viver no Rio. E me achava decadente.


Aos 40 anos:

 Eu amava minha mulher. Ou melhor, amo. Quero ter uma CIA de teatro. Estou fazendo um filme. Faço esporte todo dia. Muita natação. Escuto o que a minha mulher coloca pra ouvir, e o rádio do carro também. País preferido é o país que eu ainda não conheço. Dei pra gostar de cerveja. Não só dos destilados, que, aliás, nem ando indo muito em bares. É raro. Não me arrependo dos caminhos que segui. Acho que podia ter sido mais ousado. Mas será que não fui? Me dei conta de que eu não sou alto como eu imagino que sou. Carro? Odeio todos. Com a política sou desiludido. Mas me provoca, pra ver. Me preocupo muito com o presente. E acho que sou bem feliz. Pra ser sincero eu não sabia antigamente se chegaria tão longe. Quarenta. A melhor idade. Será que me convenci?