segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Capítulo 2- Os gêmeos anões de Nova Orleans.



Capítulo 2

 Ainda era bem cedo quando Joe Parker e Sonny Wayne chegaram a rua de paralelepípedo onde ficava a pensão de Herbie cabeção. Joe estacionou o carro em frente à casa, estilo colonial Frances. Eles não souberam se a rua é que era tranquila ou se ainda era muito cedo.
 “Afinal como você conhece este outro anão?” Quis saber Sonny, que embora convencido do plano, parecia estar preocupado.
 “Herbie? Ora quem não conhece o Herbie? É um sujeito pacato, todos estão sempre mexendo com ele. Eu as vezes almoço no restaurante que ele trabalha.
 “E como você sabe onde ele mora?”
 Neste instante surgiu Mily, uma garota de dezesseis anos. Ainda da varanda ele cumprimentou Joe:
 “Vejam se não é o rapaz dos refrescos”.
 Sonny não estava achando a menos graça naquela adolescente que parecia conhecer Joe.
 “Olá Mily.”
 “Você chegou cedo, cedo demais. Não estou de bom humor neste horário.”
 “Lamento querida, mas não vim atrás de você.”
 “Veio fazer o que então? Procurar um quarto aqui na pensão de Dona Mangnólia?”
 “Na verdade... Acredite ou não, eu vim atrás do anão.”
 “E que você quer com o anão?”
 Joe estava se divertindo com tudo isso. Sonny queria saber como ele conhecia o anão? Ok, ele conhecia Herbie de tanto ir visitar a pequena Mily. Dizia a todos que vinha jogar cartas com o anão.
 Herbie por sua vez, tinha muito medo de Joe, e sempre que possível o evitava. Dona Magnólia, uma tia de Mily e proprietária da penção, tomava café próxima a janela e ouviu a conversa.
 “Se você está tão ansioso para jogar cartas com o anão, você vai encontrá-lo no rio.”
 Dona Magnólia fingia nem ligar para Joe. Mas a verdade é que ela o achava um homem muito interessante e tinha uma atração enorme por ele. Não entendia como um sujeito como Joe podia se interessar por uma moleca como Mily sua sobrinha. Que andava com Maria-Chiquinha no cabelo. Usava óculos e uns vestidos ridículos.
 “E este negro quem é?”
 Quis saber Mily. Seus pais a tinham mandado para Nova Orleans ajudar a tia na pensão. Eram gente do campo. Mas também nos anos 20, quem não era do campo?
 “Ele é um grande músico de jazz, um dos maiores.”
 Os olhos de Mily brilharam. Seu sonho era ser cantora de jazz.
 “Estou ajudando Sonny num show hoje, no Tiffany’s club. “
 Joe convidou Mily para o show a noite, ouviu a explicação de Dona Magnólia onde ela achava que o anão estaria. Fazendo a sua natação matinal dos sábados.
 “Na estrada para Fort Mallins, não tem como não ver a minúscula bicicleta amarela dele.” Disse Dona Magnólia.
 Sonny calculou que a Dona ia lá pelos seus quarenta anos e estava bem em forma. Bem que ela poderia acompanhar a sobrinho no show a noite, mas ficou tímido em convidá-la. Depois se meter com uma branquela poderia dar confusão.
 Se bem que mais confusão do que ele já estava. No caminho perguntou a Joe:
 “Se é uma bicicleta minúscula, como a mulher diz que não temos como não ver?”
 Calma você é um pessimista Sonny.”
 Iam eles fazendo as curvas da estrada para Fort Mallins.
 Herbie gostava de olhar para as árvores depois que saia da água. Nadava todas as manhãs de sábado durante o verão. Descobrira na estrada de Fort Mallins, um braço de rio, que vinha do Rio Mississipi. Contou isso certa vez para Dona Magnólia.
 “Não é porque sou mais baixo que não sou um esportista. “Gabava-se do seu corpo. Ele não tinha nenhuma barriga.
 O lugar era praticamente deserto. Ali Herbie via a natureza, ninguém ao seu redor para lembra-lo do seu tamanho. Ninguém por perto a o chamar de cabeção. Só ele e as folhas das árvores, o silencio da mata.
 Por isso tomou um susto ao ouvir, os gritos de Joe Parker:
 “Herbie! Herbie Cabeção!“
 Não teve dúvida, achou que Sonny era um dos capangas de Joe, e que eles estavam lá por conta de sua dívida do bar Fort Mallins, ou qualquer outra coisa ruim. Com certeza descobriu que a tonta da gorota Mily estava de caso com todos os garotos do bairro. E alguns pais dos garotos também. Ou que Mily contou que ele Herbie havia a visto tomando banho.
 A garota percebia que o anão com uso de banquinho a observava no banho, do banheiro coletivo na pensão. Ele conseguia na ponta dos pés ver a menina se ensaboando. Mas ela gostava da plateia. Teria ela dito algo ao Joe?
 O fato é que coisa boa não devia ser, já que o próprio Joe Parker o achara no seu esconderijo.
 Se Joe Parker tivera o trabalho de ir até lá atrás dele... Era para usar de violência com certeza. Conhecia a fama de sádico de Joe. Ou a fantasia que as pessoas faziam dele. E a coisa ficou realmente ruim depois que Joe há uns dez metros dele, parar.
 Joe estava ofegante, e com um sorriso gritou.
 “Graças a Deus te achei Herbie!”
 O anão diferente de George o outro anão, não estava acostumado com gente sorrindo atrás dele que não fosse outra coisa além de se divertir a suas custas. E ali parecia que seria algo ainda pior do que as humilhações de sempre, ainda mais que não havia testemunhas por perto. Diferente da pensão, ali Joe Parker poderia fazer o que quisesse com ele.
 Saiu correndo nu. Joe e Sonny no seu encalço.
 Joe percebendo o mal entendido do anão gritava e ria.
 “Pare Herbie, não é o que você está pensando! Você está sem roupas!”
 Já estavam na estrada, Sonny e Joe quase tocando o anão e Herbie pedindo socorro:
 “Socorro! Me ajudem! Socorro!”
 O Xerife Soflerck de Fort Mallins vinha passando com dois guardas em sua viatura no mesmo instante e parou.
 “Que diabos! O está acontecendo por aqui?” No início achou que Joe e Sonny perseguiam um gambá ou um bicho qualquer.
 Não sabiam eles que a temporada de caça estava proibida? Assim como a venda de bebidas?
 O Xerife tomou um susto ao ouvir o gambá falando Inglês. E um susto maior ainda quando o gambá correu para ele pedindo ajuda. Mas era um anão ele percebeu.
 Saiu do carro com a arma na mão. Era um sujeito gordo, forte e corajoso, adorava proteger a população.
 O anão suava e chorava. Joe e Sonny pararam e levantaram as mãos.
 Foi quando Soflerck reconheceu Joe Parker. Seu sábado não poderia ser melhor. Agora ele tinha um bom motivo para colocar um traficante de segunda classe atrás das grades.
 Ganguesteres pequenos como Parker eram ao mesmo tempo, desprezado por grandes traficantes, e perseguidos pelas autoridades locais. Os chefes do crime da região de Nova Orleans até agradeciam quando o Xerife dava certa canseira em tipinhos como Joe Parker.
 Aquela manhã prometia. Xerife levou Sonny, Joe e Herbie para delegacia e os prendou na mesma cela. Um dos guardas veio dirigindo o caro de Joe e todos os outros na viatura com o xerife. Deram um uniforme de polícia para Herbie vestir, o que ficou ridículo, aqueles trajes imensos num anão.
 Todos falavam ao mesmo tempo. O xerife achava que era tudo coisa de bêbados boêmios. Show? Empresário de Chicago? O que ele tinha com isso? Mesmo porque a região estava ficando muito bagunçada. Se Nova Orleans gostava de badernas, ali em Fort Mallins a coisa permaneceria calma enquanto ele ocupasse o posto de xerife.
 Aliás, iria antes almoçar e só na volta é que iria esclarecer o incidente. Quem sabe com isso os três presos não ficassem menos agitados. Até lá os três esperariam. Ou esperariam ainda mais, pra que a pressa?
 “Vocês fiquem aí. Rezem, reflitam e se perguntem se todo esse desequilíbrio não é falta de Deus na vida de vocês? Dois sujeitos adultos perseguindo um anão nu. Este tipo de abuso de vocês é crime! E se chama pesdonfilia.”
 “Pedofilia” Corrigiu um dos guardas.
 “Isso. Pendos...  Tilia.”
 “Mas Xerife temos aqui um caso de vida ou morte! Alguns dos melhores músicos de Nova Orleans dependem da gente!”
 “Bons músicos não se metem com tipinhos como você Parker. Passar bem, depois do almoço eu volto.”
 Dito isso o xerife e outro policial se foram, fechando a porta atrás deles. Agora Sonny estava realmente começando a se preocupar, o relógio parecia correr mais rápido. E ele queria tanto aquela chance. Mudar de vida. Estava olhando Joe tentar explicar para Herbie o que se passava.
 Achou até perda de tempo. De que adiantava explicar o plano ao anão se eles com certeza não seriam soltos até de noite. Eles não tinham um bom advogado. Alias, não tinham advogado algum.
 Baixou a cabeça, fechou os olhos desesperançados. Foi quando surgiu uma luz, ou melhor, uma voz.
 “Cara você não é o grande Sonny Wayne? Adoro o seu som”.
 Era o policial que havia ficado sozinho na delegacia. Talvez nem tudo estivesse perdido. 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Os gêmeos anões de Nova Orleans.


 Capítulo 1.

 Primeiro vem à ótima notícia. Sim o maior empresário musical de Chicago, Frank Sttit, está na cidade e quer ver a banda. Ele disse que já ouve o nome do anão trompetista há tempos. Veio junto com Tonny Gambale, um mafioso da família Gambellini. Eles vêm dispostos a investir muito dinheiro. Eles querem levar uma banda nova para o Timbum Clube, a mais nova sensação em matéria de casa de show de Chicago. Nada melhor do que levarem a banda Bisy de Sonny Wayne, um bamba, boa praça e nada talentoso. Mas que vem chamando a atenção aqui pra estes lados do Rio Mississipi.
 Depois vem a péssima notícia, a banda está desfalcada. Sua principal e real estrela, o anão trompetista, George Morgan, noite passada foi ao cabaret da senhora, Glen Ellis e bebeu. Encheu a cara com gin, uísque e tudo mais. Ninguém a principio se preocupou, pois George apesar de pequeno era bom de copo.
 A bebida procedia do pior traficante de bebidas da região, Joe Parker, que é de quem senhora Glen compra.
 Pior no sentido qualidade. Pois Parker, apesar de ter botado uma meia dúzia de quatro ou cinco sujeitos pra dormir, era um cara bom coração.
 Já nas altas horas da madrugada, George o anão, quis experimentar uma nova moça vinda do Tennessee, a menina de 18 anos.
 Uma garota mais fortinha, que é o tipo que George gostava. Valquíria seu nome. Ela em determinada hora subiu em cima de George e quando desceu o anão apesar de um sorriso na cara não respondia aos chamados.
  Doutor, Jacó Shorter, um médico de oitenta anos, quase sessenta de profissão, por sorte estava lá também. Na companhia de Jude, uma das meninas de dona Glen. Jude era bem diferente de Valquíria, ela tinha uma beleza do sul. Mas está é outra história, voltemos ao nosso anão trompetista.
 Ao que tudo indicava, George havia enfartado.
 O médico tentou reanimar George. Mas o anão parecia não mais respirar. Ele estava branco e frio.
 “Morreu coitado.” Disse doutor Jacó.
 Jude deu sorriso. Seria a primeira vez que veria um enterro de um anão. Já Valquiria gritava de horror:
 “Matei o trompetista! E agora?”
Esconderam o corpo e não anunciaram a notícia.
 Aquilo não pegaria bem para madame Glen. Ela sempre fora muito discreta. Por isso seu cabaret era frequentado, por políticos, artistas, comerciantes tanto brancos como negros.
 Apesar de um público bem diverso, os clientes tinham a certeza de que seriam bem tratados.
Sonny Wayne, o líder da banda, foi chamado às pressas ao cabaret. Ninguém sabia o que fazer. Era uma oportunidade única. Naqueles anos 20 todos queriam tocar em Chicago nos clubes dos mafiosos. Al Capone tinha algum dos melhores.
 E agora tudo perdido, lamentava-se Sonny. Os outros, o traficante Parker, madame Glen, doutor Jacó e as pequenas Valquíria e Jude, também suspiraram, quando Sonny explicou toda a história, do empresário que estava em Nova Orlenas para assisti-lo. Aquiolo doía mais do que a amizade que ele tinha com George.
 Aliás, nem tinham amizade. De uns tempos para cá Sonny estava já de saco cheio do estrelismo e a arrogância de George. O anão vinha recebendo a maior parte dos cachês, exigindo jantares, fazendo dívidas e dizia que se Sonny não estava feliz que ele, George, tinha outros convites para outras bandas.
 Será que o anão não percebia que o talento era dele Sonny? Ninguém percebia? Bem feito George. Mas agora o que fazer? Tinham se comprometido com Frank Stitt, o homem não tinha tempo a perder. Uma coisa destas não se desmarca. Mas talvez todos ficassem comovidos com a morte de George e... Mas pensando bem, quando é que mafiosos se comovem?
 Só quando algo acontece ao dinheiro deles. Todos ali de cabeça baixa, quase um velório.
 Foi Joe, o traficante quem deu a ideia. No fundo ele estava de consciência pesada porque acreditava que talvez sua bebida tivesse algo a ver com a morte de George.
Se realmente o problema era arrumar um anão, ele conhecia um lá pros lados da Rua dos Franceses. O pequeno Herbie cabeção. Trabalhava de faxineiro, lavador de pia, num restaurante barato.
 Seria tudo muito fácil, o século vinte afinal era o século das inovações. Era só colocar Herbie no palco fingindo tocar, e um trompetista de verdade atrás das cortinas. Afinal de contas, George nem era lá grandes coisas. O que valia era a sua figura. Um anão jazzista. Aquele velório de anão teria de esperar.
 Joe, além de ser o dono da ideia, era o mais empolgado. Mas Sonny, que não passava de um artista, estava receoso:
 ”Sei não, estes caras são ligados com a máfia, se descobrem a trapaça, são capazes de acabar com a gente.”
 “Deixa de ser um negro medroso Sonny! Eu mesmo faço isso com as minhas bebidas, troco gato por lebre, e ninguém percebe.”
  A senhora Glen, deu uma risada e resmungou:
 “Ninguém percebe. Sei. Foi a sua bebida que o matou.”
 No que Parker respondeu:
 “Morreu feliz. Eu não tenho culpa do governo proibir a bebida.”
 Mas eles não tinham tempo para pequenas brigas.
 “Agora, mesmo que funcione, quem colocaremos atrás das cortinas? A coisa não pode se espalhar, porque como eu disse, se Frank ou alguém da família dos Gambellini descobre...” Sonny faz um sinal com as mãos. “Nós morremos.”
 “Tem razão teria de ser alguém bem próximo e corajoso”. Pensou a madame Glen.
 “Mas quem? Nesta cidade são todos invejosos e linguarudos. Todos querem esta oportunidade com Frank Stitt. Todos sabem que se não for a nossa banda, a Bisy, ele acaba levando outra.” Se amargurava Sonny.
 E novamente foi Joe Parker quem teve a solução.
 “Porque não chamamos o Buddy Lee?”
 Todos riram. Buddy Lee era um músico, que estava praticamente surdo, por conta da idade.
 “Sim ele é surdo, por isso mesmo ninguém mais o chama. Mas o cara é bom no Trompete.”
 Foi aí que Joe deixou escapar algo que fez Sonny sorrir.
 “Buddy no fundo mesmo surdo é talvez melhor ainda do George fora.” Parker continuou.
 “E depois ele é ótimo em improvisação. E quer saber estes italianos de Chicago nem sabe porra nenhuma de música. Vai dar tudo certo. Eu assumo o comando, é minha especialidade.”
 Madame Glen que era vivida estranhou Parker querer ajudar o pobre Sonny Wayne, que não passava de um músico negro. Seriam aqueles anos vinte mesmo fantásticos? Não. Resolveu ficar quieta, mas no fundo não sabia, quem era pior os cara de Chicago, ou a criminalidade local.
 Como todos concordaram com o plano de Joe Parker. Dispensaram as meninas, que já haviam ouvido até demais. Colocaram o corpo de George num depósito ao fundo do cabaret .
 Decidiram que Joe mandaria um de seus homens atrás de Buddy, o surdo e ele e Sonny, iriam logo buscar o Herbie Cabeção. O outro anão. 

 A continuar. 

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O dia que me queiras.


Julieta havia cinco anos deixara a cidade de Rosário para viver em Buenos Aires. Eram os anos 20. E a Argentina um país dos sonhos. Próspero e em rápida transformação. Seus subúrbios eram às vezes miseráveis. Formado por pessoas que vinham do interior como Julieta, imigrantes Europeus e árabes.
 Sebastian era estivador do porto. Ganhou seu violão aos 15 anos de idade. Um tio um pouco mais rico, alfaiate lhe dera. No cais do porto começou nas horas livres tocar com os Italianos, alemães. Era uma miscelânea de estilos.
 Julieta era linda. Seus cabelos ondulados vermelhos, olhos verdes e a pele branca. Um dia ela vê Sebastian tocando no bairro da Boca. Ela não era mais daqueles lados. Mudara-se para o centro rico.
 No começo ela trabalhou num prostíbulo mediano. Mas uma cafetina logo a levou para o melhor cabaré Portenho de então.
 Não se sabe quando foi, mas um dos jovens Alvear, família mais rica de então, se apaixonou por ela e resolveu fazê-la esposa. O casamento seria em breve, numa estância. Toda a sociedade Argentina estaria presente. Santiago Alvear era um playboy muito bonito. Mas seus três talentos eram só estes: Ouro, beleza e simpatia.
 Sebastian sabia que tinha talento. Era um compositor de música popular. Aquele ritmo novo, o Tango. Não dominava a música clássica, os gêneros Europeus. Aliás, nunca havia visto uma Ópera. Gostava de ver as comédias populares no teatro. E o cinema americano mudo. Mudo claro.
 Certa vez ouvira que o Tango era um pensamento triste que se dançava. Não entendeu. Para ele o Tango era vida, não tinha nada de triste.
 Mas lá estava Julieta. Fascinada com a música. O motorista de Santiago a esperava para levá-la a San Telmo onde almoçaria com Santiago e um casal francês que estava na cidade.
 Estava lá visitando uma antiga amiga. Também prostituta. Sebastian viu que a moça não lhe tirava os olhos de cima. E a chamou para dançar.
 Meses depois ele recebe um convite para tocar no casamento de Julieta e Santiago Alvear. Era uma enorme orquestra na estância mais bela da Argentina. Cerca de 40 quilômetros da capital.
 Neste dia Sebastian olhou a noiva e teve ódio do mundo. Por que ele amaria uma rainha, se ele não era um rei? Os colegas lhe disseram na mesma noite que ele realmente progredia no Tango.
 Passaram-se 10 anos sem que ele soubesse de Julieta. Ele, Sebastian, se casara com Soledad, uma lavadeira do seu bairro. Como começou a beber e sair muito na boemia, acabou demitido do emprego. Soledad era quem segurava a casa.
 Certo dia recebe o convite para dar aulas de violão a Martin Alvear. Filho de Julieta. Ela diz que desde a noite do seu casamento não tirara Sebastian da cabeça.
 Disse que em Paris aonde chegara a viver três anos se sentia bem e saia muito. Mas ali em Buenos Aires onde todos sabiam do seu passado, ela raramente colocava os pés para fora.
 Julieta aos 30 ficara ainda mais interessante. Mais segura, mais mulher. Sebastian entre o intervalo de uma aula e outra, lhe confessa ter composto meia dúzia de músicas para ela. Tornaram-se amantes. Encontravam-se num hotel.
 Combinam o dia em que fugiriam para Europa. Ele seria um músico de Tango em Paris. Lugar este que o Tango era muito mais admirado.
 Fez a mala, escreveu uma carta a Soledad explicando tudo. Passou no banco sacou a poupança da esposa. Com as passagens na mão esperou já dentro do navio por Julieta que não apareceu.
 Ficou vinte anos em Paris, mas veio a guerra e ele retornou a Buenos Aires. Tudo estava mudado. Havia novos instrumentos para o Tango. Novos compositores. Os Italianos já não eram Italianos e sim Argentinos.
 Foi convidado para tocar em programas de rádio. Comeu o churrasco Argentino. Chorou no cemitério que Soledad estava enterrada. Sim ela morrera de desgosto.
 Nunca recebera uma carta de Julieta. Contaram-lhe ainda em Paris que ela tinha uma dezena de amantes músicos. Que ela gostava era de se envolver com compositores, mas não era mais do que isso.
 Ele estava o que, louco? Achou que ela largaria de um homem como Santiango Alvear para seguir a vida com um músico miserável?
 Sebastian já no final dos anos 60, bebendo numa recepção, depois de um show no teatro Colón, percebe uma senhora a se aproximar. Algo lhe é familiar. Era ela Julieta.
 “Magnífico! Bravo Sebastian!”
 Ele quer saber de tudo. Por que ela nunca respondera a nenhuma carta. Por que não fugira com ele?
 Então vem a explicação:
 “Sebastian, meus ouvidos sempre foram excelentes, bem como meu instinto. Me apaixonei por ti. Mas se eu tivesse te acompanhado, quanto tempo nossa paixão duraria? E depois com tudo isto você se tornou um dos maiores compositores de todos os tempos. Eu não poderia privar o mundo disto”.
 Se despediram, e ao voltar caminhando para casa, Sebastian vê dois jovens namorando na rua. E se lembra de uma frase que ouvira quarenta anos anres:
 “O Tango é um pensamento triste que se baila”. 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Carlos um malandro paulista de sucesso.



 CARLOS AOS 20 ANOS:



   Carlos aos 20 anos era ambicioso. Enquanto Álvaro tinha ambições artísticas, Carlos queria ser um empreendedor. Sonhava com um império. Nem terminou o colégio e entrou numa agencia de publicidade. Era redator.
 Carlos era um garoto de comunicação. Algo intrínseco. Ele era gordo. Mas era um gordo carismático. Sua rede de relacionamentos aumentava todos os dias. E dos quatro era ele quem conhecia mais meninas.
 Era convidado para todos os lugares e eventos. Ninguém se lembra de vê-lo beijando ninguém, mas sempre havia meninas lindas a sua volta. E elas estavam sempre sorrindo.
 Carlos começou a despontar na agencia por conta de uma campanha, e logo seu salário era muito bom para alguém da sua idade.
 Carlos começou a viajar pelo mundo. Fazer contatos. E por incrível que pareça Carlos era reconhecido nos lugares como um formador de opinião da nova geração.
 Um dia num grande evento com inúmeros jornalistas, Carlos foi visto com uma atriz da Globo lindíssima. Depois num restaurante com uma modelo fantástica. Elas diziam que eram só amigas.
 Mas a fama estava feita. Quando os amigos perguntavam das beldades, ele só pedia descrição. Fingia que realmente era rodeado delas.
 Carlos aos 20 anos era realizado. Mas não era feliz. Sabia que seu mundo era uma farsa.





 AOS 25 ANOS: 



 Carlos aos 25 anos faz uma campanha histórica. Com este sucesso, funda a sua própria agencia de publicidade, a Bollívia. Compra um Loft e um carro do preço de um loft. Vive entre a ponte aérea porque tem clientes no Rio.
 Torna-se sócio de um restaurante e de uma balada no Rio. Aluga um apartamento na Barra.
  Contrata uma grande assessoria de imprensa, e saí em todas as revistas e jornais. Engorda dez quilos. O que o deixa muito deprimido. Quanto mais engorda, mais quer ganhar dinheiro.
 Começa um curso sobre vinhos. Compra uma enorme adega. Mulheres? Não faltam mulheres nesta época para Carlos. Não que ele as pagasse, mas um jantar aqui, um contato ali, um presentinho acolá... Se não podemos agradar as “amigas” pra que ser rico e poderoso?
 Ele estava no Aeroporto do Rio quando veio à notícia. “Você ganhou em Cannes!”
 Desligou o celular. Sorriu. Agora sua vida não era mais uma farsa.




 AOS 30 ANOS: 


  Mudara seus negócios para o Rio. Vivendo agora em Ipanema. Já tinha dinheiro suficiente para se aposentar, mas ao contrário trabalhava cada vez mais. Sócios em vários negócios. Publicidade, campanhas políticas, produtoras de vídeo, rádios e igrejas evangélicas. Sim igrejas.
 Carlos começou a apoiar e trabalhar para os barões evangélicos e em pouco tempo tornou-se ele mesmo um magnata evangélico.
 Resolveu se casar com uma garota de família tradicionalíssima da zona sul. Seria o maior casamento evangélico da história. Pois seria um casamento evangélico para o dinheiro antigo. Para a classe alta tradicional da ponte aérea Rio- São Paulo. Filha de um senador.
 Viriam todos os políticos importantes de Brasília e o empresariado de São Paulo. Mas duas semanas antes, Carlos ao ver uma secretária muito sensual e suburbana, não aguentou e a levou jantar e saiu com ela na night carioca.
 Os fotógrafos paparazzis aproveitaram e clicaram tudo. Um verdadeiro estrago no dia seguinte.
 Carlos mandou todos passearem. Afinal o que ele ganhava com aquele casamento? Uma patricinha gastadeira, que nunca trabalhou e chata pra caramba? Nem gostava dela, e ela estava engordando. E ele queria ser o único gordo do casal.
 Rico, muito rico e poderoso, cheio de mulher no mundo, casar pra que? Resolveu que esperaria pelo menos mais uma década.
 Já sua noiva, esperou só dez meses. E casou-se com um rapaz de uma também tradicional família da zona sul.  





 AOS 35 ANOS: 



Apesar de ter sido sempre um empreendedor da iniciativa privada, Carlos aos 35 anos tinha vários negócios com o Estado.
 Seus principais clientes eram políticos, muitos deles representantes de eleitores evangélicos.
 Mas Carlos começou a se meter em tudo, não só em propaganda política, mas também livros escolares, universidades, fundações, lobby propriamente dito.
 Vendeu todas as suas participações em pequenos comércios como baladas, restaurantes, e postos de gasolina. Agora investia tudo em imóveis, escolas, universidades e negócios variados com o governo.
 Mas uma investigação da policia federal chegou até ele. Seu império desabou. Seu nome caiu na imprensa e seus clientes do governo se afastaram.
 A sociedade naquele tempo pedia fim da corrupção. Os políticos se safaram, mas para isso colocaram a culpa no corruptor Carlos.
 Gastou uma fortuna com advogados, e no fim não adiantou, foi condenado a cinco anos de prisão.
 A devassa da polícia constatou que seus bens valiam menos do ele devia de imposto de renda.
 Então aos 35 anos, Carlos estava novamente pobre e condenado à prisão.
 Seria agora muito difícil se levantar. E para piorar Carlos não estava com ninguém, suas namoradas interesseiras desapareceram.
 Os amigos também. A faculdade que fora vendida continuou empregando Dudu.
 Aquilo o deixou feliz. Por mais que seus amigos estivessem distantes, ele Carlos nunca deixou de gostar deles.
 Carlos era um homem com ambição. Aquela temporada da prisão só iria dar um novo curso a sua vida, mas não tiraria a sua vontade de fazer, realizar e crescer.




 AOS 40 ANOS: 




  Depois de três anos preso, Carlos consegue a liberdade. Continuou a viver no Rio. Procurou emprego como corretor de imóveis, mas só conseguiu numa imobiliária do subúrbio. Acabou demitido um mês depois.
 Pensou em virar taxista. Mudar o nome. Entrou em contato com várias agencias de publicidade. Tentou convencer de que ainda era um ótimo redator. Ninguém o recebeu.
 Procurou sua ex-noiva, agora divorciada, Catarina. Ela disse não o conhecer e também não o recebeu.
 Arrumou outra imobiliária na zona Norte do Rio e se mudou para uma quitinete. Um dia bebendo num bar da zona Norte ficou bêbado, e contou toda sua história para um senhor aposentado.
 O velho perguntou, por que ele não escrevia um livro contando sua vida? Daria até um filme.
 É isso! Carlos pensou. Com isso vou me reerguer. Entrou em contato com vários jornalistas e escritores. Mas nenhum se interessou. Mas pra que chamar um escritor? Afinal eu sei escrever.
 Foi ele mesmo para frente de um velho micro e começou a digitar. Passou praticamente três semanas escrevendo o livro.
 Mandou o material para algumas editoras. Todos amaram a história. Pegou a melhor oferta.
 Pouco antes do lançamento foi ao programa da Jô. A entrevista foi um sucesso. A noite de autógrafos tanto em São Paulo como no Rio, foi um evento de enorme proporção.
 Carlos se viu sem agenda para tantas entrevistas e programas. Os jornalistas não saiam mais da sua quitinete. Até que tiveram a ideia de fazer um programa na TV, com ele como apresentador.
 O programa foi um sucesso. Em um ano Carlos era de novo um homem rico e respeitado. Mas diferente do jovem deslumbrado, era um cara de 40 anos calejado.
Pensou em reabrir a sua agencia Bollívia. Mas desistiu. Começou um regime. Era uma nova fase na sua vida. Uma virada.
 Quem disse que não podemos nos reerguer e fazer tudo de novo?
 Com a diferença que agora era tudo dentro da lei. Carlos descobriu aos 40 anos, que a maior malandragem que existe é ser honesto.
 Deu uma enorme festa de quarenta anos no Rio. E convidou todos os seus amigos do colégio, Álvaro, Dudu e Rodriguinho. No dia seguinte foram os quatro para praia.
 Vinte anos se passaram, mas é como se eles ainda fossem os mesmos. Prontos para recomeçar tudo de novo. Ou mesmo começar.
 Afinal tudo, o mundo, a alegria e a vida começam aos 40.


   

Dudu o pai solteiro.



 DUDU AS 20 ANOS:



  Dudu aos vinte já andava de terno pra cima e pra baixo. Estudava direito de manhã e a tarde ele era estagiário num escritório de direito trabalhista.
 Tentava sempre pegar uma colega de trabalho, mas a menina era noiva. Dava conversa, mas não cedia.
 Dudu adorava encher a cara. Uísque de preferência. Por ele trabalhar e estudar o pai ainda lhe dava um bom dinheiro. Mesada. Achava o filho esforçado.  Com este dinheiro ele frequentava os inferninhos. Os cabarets e os puteiros. Naquele tempo a prostituição ainda não havia chegado à internet.
 Dudu era um inseguro. Não era feio, porque também aos vinte anos quase todos são bonitos. Mas o seu tipo de conversa era muito maduro e sofisticado para garotas de 20 anos. E sua conta bancária ainda não lhe permitia extravagâncias com mulheres também sofisticadas.
 Na verdade permitia, mas era tão inseguro. E com as prostitutas tudo era uma festa. Dudu foi muito feliz aos 20 anos.  




AOS 25 ANOS: 




 Dudu aos vinte cinco anos se tornou um adulto. Já é um homem, um advogado. Seus gestos, conversa em nada lembram um jovem atual. Ele era um ser clássico nesta época. Como um Argentino nos anos 50.
 Um dia, digo uma noite, entrou num Cabaret e viu uma linda dançarina. Ficou fascinado por aquele corpo.
 E para sua sorte aquele corpo o entendia. O admirava. Ele decidiu que tiraria a moça daquela vida. Não. Decididamente ele não estava apaixonado. Mas a levou passar um feriado no Rio.
 A moça engravidou. Sim era uma garota de programa. Mas e daí? Não estamos mais nos anos 50. Casaram-se. Digo juntaram-se, igreja também era demais. Foram para um pequeno apartamento. Um lar. Uma família.
Afastou-se dos amigos. Porque os amigos recusaram-se a apoiá-lo.
 Mas a relação durou pouco. A garota voltou para seu destino. O juiz com razão deu a guarda para Dudu.
 Então Dudu aos 25 era um pai solteiro. Um pai de um lindo menino. E vamos à luta.
 Os avós ajudaram a pagar uma babá, às vezes a creche também era necessária.
 Nessa época Dudu começou a fazer muito sucesso entre as mulheres. Um advogado jovem e pai solteiro? Abandonado. Que mulher resiste? Nenhuma.





  AOS 30 ANOS:



   Pedrinho foi crescendo. E Dudu trabalhando. Um dia o escritório dele se fundiu com um escritório gigante. O endereço mudou. Saíram do centro e foram para a Avenida Paulista.
 Lá ele conheceu Marta. Uma advogada divorciada de cinquenta anos e um filho e uma filha na faculdade. Juntaram-se numa grande família. Foi tudo muito divertido. Pedrinho adorou ter uma mãe. Uma não duas. Pois sua irmã torta Raquel o tratava como filho. Fazia tudo por ele. Lhe comprava presentes, levava passear, as amigas dela também. O irmão torto, Rafael jogava futebol com ele. Viam os jogos juntos.
 Dudu estava feliz porque Pedrinho estava feliz. Mas um ano depois. Ao acordar e olhar para Marta, pensou: “Eu ainda sou tão jovem”. Fez as malas.
 Pegou Pedrinho, levou-o para casa da avó. E começou a sair em todas as baladas. É como se tentasse recuperar um tempo perdido.
 Queria meninas novinhas, gemidos novinhos. Chegou a ligar para Raquel, filha da Marta. Saiu com a Raquel e com a Joana amiga da Raquel.
 Voltou a frequentar os inferninhos. Os cabarets, os puteiros. E aprendeu tudo de sites de acompanhantes. Pegava até as babás do Pedrinho.
 A promiscuidade estava de volta. Era novamente o eterno sair e voltar para a vida adulta. Dudu no caso estava querendo voltar a ser um garotão. Comprou um skate e foi para o parque do Ibirapuera.





 AOS 35 ANOS: 




   Dudu nessas de skate e vídeo game conhece Vanessa. Uma menina que trabalha eventos.  A garota não tinha nada de especial a não ser quinze anos a menos do que ele.
 No começo não percebeu, mas a garota gastava muito. E como ela era jovem, cabia a Dudu proporcionar tudo. Isso fez com que ele gastasse muito do salário dele. As vezes gastava mais do que o salário.
 E então veio a noticia, o demitiram do escritório de advocacia. Claro que para todos ele dizia que havia saído por vontade própria. Até mesmo para a Vanessa ele contava essa história. Mas ser demitido é como perder um parente, deixa qualquer um arrasado.
 A menina não diminui os gastos. Manteve a rotina, como se nada houvesse acontecido. Dudu passou a pedir ajuda aos pais para pagar o colégio de Pedrinho.
 Vanessa desapareceu por vontade dela mesma. Dudu nem se importou, estava tão preocupado com o que iria fazer agora, que mal dava tempo de ir andar de skate e paquerar garotinhas.
 Novamente ele tornou-se o homem clássico de antes. E de tanto falar que ira abrir um negócio próprio, ele mesmo passou a acreditar nisso.
 Mas abrir o que? Ele não tinha a natureza de um empreendedor. Uma franquia?
 De tanto mandar currículo, veio uma proposta de uma faculdade para ele dar aula. Aceitou claro.
 Ficou maravilhado com a faculdade de direito. Ele nunca ouvira falar na instituição. Era nova, nasceu deste boom econômico dos últimos anos do Brasil. Um dos donos era o seu antigo amigo Carlos.
 Dudu estava solteiro e com 35 anos. Ficou maravilhado com tantas alunas que admiravam tanto o seu professor. Saiu com meia dúzia delas. O que só aumentou o seu carisma e confiança. No final de um ano ele era o novo diretor da jovem faculdade.




 AOS 40 ANOS: 



 Pedrinho já completara 15 anos. O garoto começou a namorar uma menina da escola. Joana. A menina queria ser cheff de cozinha. Os dois passavam a tardes testando receitas na cozinha.
 Uma sexta à noite, Pedrinho chegou bêbado. Dudu sabia que mais dia menos dia, o menino teria seu primeiro porre. Mas o que aconteceu é que Pedrinho tomou corajem para falar. Ele queria conhecer sua mãe.
 As lágrimas eram tantas, que comoveram Dudu. Ele então entrou em contato com a ex-sogra e soube do endereço da mãe de Pedrinho.
 A mulher que agora beirava os 40 morava na perifeira e estava no seu terceiro ou quarto casamento com um zelador de condomínio. Marcaram uma visita.
 Ela os recebeu e Pedrinho conheceu seus outros irmãos menores. A mulher não quis manter o contato.
 Aquela visita deixara Pedrinho mal. Talvez tivesse sido melhor nem ter conhecido a sua mãe. E a partir daquele momento, pai e filho se uniram ainda mais. Eles não se largavam, iam a todos os lugares juntos.
 Resolveram fazer uma viagem pela Europa juntos. E lá se foram. Pedrinho revelou que queria estudar Direito. E disse que assim que formado teria um escritório junto com pai. Aquilo deixou Dudu muito orgulhoso. Seriam sócios.
 Mas durante a viagem o garoto se mostrava tão entusiasmado com gastronomia. Voltaram para o Brasil e começaram pai e filho um blog de crítica gastronômica. Saiam umas duas vezes por semana.
 Se entendiam perfeitamente. Dudu estava feliz. Já tinha passado por muita coisa na vida. E entrou aos quarenta, leve e sossegado. Se julgava um afortunado por ter um filho tão bacana. Quem é que tem um filho como o meu? Ele se perguntava.