Tipos de Ricos:
O conceito de rico é relativo. Para alguém com
uma renda de 15.000 reais mensais, que convive com pessoas, com renda de até 2
mil, este alguém, é rico para os demais. E para ele mesmo.
Já alguém com renda de 30 mil, mas que convive
com pessoas com renda de 80 mil reais, também mensais, este alguém vai se
sentir pobre.
Uma curiosidade, existem uns 150.000
milionários no Brasil, destes, só uns poucos 35, tem um patrimônio maior do que
um bilhão de dólares. Mas não é necessariamente dinheiro, que faz uma pessoa
entrar nos nossos tipos. Às vezes, a postura, a caricatura, e a atitude, vem
desacompanhadas de patrimônio. Basicamente, o que faz um rico existir, é a
presença de um pobre.
Se enxergarmos o indivíduo, e não o grupo à
qual ele pertence, teríamos que ser complexos na descrição de cada ser. Por
isso, isto aqui é um retrato das qualidades, características mais comuns, e não
pretende ser a definição final.
Tento também, apenas colocar uma visão talvez,
mais para a artística, e não cientifica, nem marxista, muito menos
religiosa.
Agora, chega de desculpas e vamos aos tipos:
O rico simples:
Este tipo é aquele que
realmente aprecia a pobreza. Quando vê pedreiros, pintores de paredes,
jardineiros, faxineiros... trabalhando, lá vai o rico-simples puxar
conversa. Seus assuntos basicamente são de temática cristã. Posta-se ao lado do
trabalhador, e fala, fala, fala sem parar.
Debocham de empresários, políticos, e falam da
beleza de São Francisco de Assis. Da necessidade de ricos aprenderem a servir,
para respeitar os pobres. Da inutilidade do consumo. Raramente quer saber a
opinião do pobre. Trata o pobre como criança, animal de estimação. Adora chamar
o pobre para sentar à mesa, tomar café.
Leva os funcionários para almoçar, e até para
beber junto. O rico-simples aprecia realmente a companhia do
pobre. Gosta de verdade da comida, arroz feijão, pinga e piadas infames. Geralmente
este tipo não trabalha, é herdeiro.
Podem ser encontrados em clubes, hotéis de
veraneio, principalmente fora de temporada, condomínios na praia e em classe
turística em viagens de avião. Se veste com camisetas, tênis, e sem cores, nem
luxo. Adoram ônibus vazios, onde apresentam notas de cem para os cobradores.
O rico babaca:
Existe em
qualquer país do mundo. Mas aqui, falo dos brasileiros. Quer sempre tudo do bom
e do melhor. Adora a divisão de classe social. Perde muito tempo fiscalizando
pessoas de classes inferiores, fazendo, agindo fora das regras, estas regras,
por sua vez, que geralmente são delírios, do próprio rico-babaca.
Ou repreender
simplesmente, quando o pobre, ou indivíduo de classe inferior, localiza-se em
lugares, ditos “fora da cozinha”.
Da pelo menos uma carteirada por dia. Nunca anda
a pé, nem de ônibus. Seu carro é sempre blindado. E vê sujeira em tudo. Tem
pavor de sol, pois tem pavor de sua pele escurecer. Não assiste nem filmes, nem
peças de teatro, nacionais. Aliás, não vai a cinemas, pra que? Se pode
ver series americanas em casa?
Se veste basicamente com roupas importadas e
novas. Geralmente seu trabalho é chefiar, ou ainda ser puxa saco de poderoso.
No caso, alguém maior que ele na escala das classes.
O rico- Moema:
Como o próprio
nome diz, trata-se de alguém que mora num bairro como o de Moema. E não, em um
bairro dito mais aristocrático, Morumbi, Jardins e Higienópolis. O rico-Moema,
não dá a mínima para tradição, sobrenomes e carteiradas.
Ele é alguém que trabalha muito, quer qualidade
de vida, mora próximo ao parque, é contido, quer um bom vinho, mas não o mais
caro.
Num país desenvolvido, ele seria alguém da
classe média. Mas aqui no Brasil é rico.
É visto com desdém tanto por ricos, quanto por
pobres. Os primeiros dirão que é uma pessoa com ambições pequenas de classe média.
Já os pobres, os acusarão de ser um fracassado.
Ele sempre estará fora dos livros de história. É
o chamado setor médio urbano. Não possui terras, nem fábricas, nem empresas.
Geralmente são profissionais liberais. Ou
trabalham em grandes empresas.
No vestir, tentam seguir algo chamado “estilo”.
Mas sempre desanda para algo sem muita criatividade. Politicamente são os mais
conservadores. Pois querem conservar o pouco que têm.
O rico- Ipanema:
Este tipo,
apesar do nome, pode estar em qualquer grande Capital do Brasil. Recife, Rio,
Belo Horizonte, Curitiba. Trata-se do rico descolado. O famoso
culturetes. Se considera melhor que um rico, ou intelectual Americano, ou mesmo
o Europeu, pois o rico- Ipanema, seria
o mais completo.
Tem a mesma educação que os gringos, geralmente
fez até colégio Americano, mas alega que conhece também a maravilhosa cultura Popular
Brasileira.
Antigamente eram fanáticos pela França, hoje
eles têm uma ligação, ou predileção maior por Nova Iorque.
Não se relacionam com funcionários. Adoram
diaristas, e gostam de trabalhar com pobre que faz faculdade. Incentivam o
pobre a estudar, mas ironicamente o rico- Ipanema autêntico,
não tem muita formação acadêmica.
Tem sim uma boa base. Geralmente os pais o
mandam estudar fora, na Suíça, na Califórnia, em Londres.
Se vestem com roupas dos amigos estilistas, são
criativos, e até muito originais.
Não produzem nada, seu trabalho é transformar a
herança em ONGs, ou editoras de arte, reformas de apartamento, festas,
vernissages...
O rico de verdade.
Este tipo, meu
leitor, é o rico, que é dono do banco que você deve. Do canal de televisão que
você assiste. Da cerveja que você bebe. Do ônibus que você toma.
Ele muitas vezes acorda, e passa o dia todo sem
ver uma pessoa mais rica do que ele. Ou seja, com certeza, se ele não tem uma
reunião, um jantar, um evento, onde seus pares vão comparecer, o rico-
de verdade, só irá conviver com pessoas mais pobres do que ele.
O sonho do rico de verdade, é
ser mais rico dos que os Chineses. Comprar mais bancos, mais cervejas, mais
televisões, mais construtoras.
Seu medo, por sua vez, é perder dinheiro e
deixar de ser rico de verdade. E de algumas semanas para
cá, alguns têm também medo de serem presos, detidos.
Certa vez ouvi que este tipo, nunca fica louco.
Pois o rico de verdade fica é no máximo excêntrico.
Inexplicavelmente este tipo, também possui uma
motivação, um desejo, assim como o rico- simples, de conviver com
pobres, bem mais pobres do ele.
E também uma propensão para consumir coisas simples.
Como arroz e feijão.
Para não dizer uma vontade de fazer atividades
simples, como pegar uma enxada, fazer churrascos, pintar paredes.
Por incrível que pareça, o rico de
verdade, pode ser confundido com um pobre, pelo seu portar, e vestir.
Porque a verdade é que as pessoas mais elegantes
e educadas que existem são os ricos de verdade, e os
pobres.
O rico Golfe.
Este tipo, é
aquele rico brasileiro, que decide viver no Brasil, mas como se estivesse nos
Estados Unidos. Ele surge com o desenvolvimento da indústria Aeronáutica. Faz
milhagem no cartão, por isso está sempre em Orlando, ou esquiando em Aspen.
Conhece toda a
Califórnia, no Brasil, mora em condomínios de casas, com nomes Americanos, que
em nada diferem dos originais.
O interior de
suas casas seriam perfeitamente cópias dos subúrbios americanos, não fossem a
quantidade de câmeras de segurança, e quartinhos de empregadas.
O Rico Golfe, odeia samba, feijoada, é um verdadeiro cameleão, não fosse
algo que o trai.
Ele é mais
colorido no vestir do que um americano comum. Uma calça vermelha, as vezes uma
meia amarela, um tênis roxo, de resto até seus carros são aqueles enormes,
iguais aos americanos
O Rico
Golfe, gosta de fartura. Louças grandes, muita comida, casa extremamente
espaçosas, em condomínios ao lado de imensos campos de golfes.
Ele vive no
Brasil, como se o Brasil fosse marte. Tudo ao seu redor é blindado, carros,
casas, shoppings.
O Rico Golfe, nunca, mais nunca mesmo, foi
ao centro de São Paulo, ou andou numa calçada fora de condomínio.
Ele anda de
ônibus, só em aeroportos, mesmo assim, com uma claustrofobia imensa.
Metrô, nunca
andou. Mesmo em NY, ele alugou limusines blindadas.
Hoje ele vai
numa reunião de condomínio, para tentar colocar ar condicionado no campo de
golfe, afinal o Brasil ainda é um país tropical.
O rico saudosista.
O rico
saudosista, bem da verdade nunca foi rico. Ele aquele indivíduo que tem uma
enorme vocação para rico, mas não tem dinheiro. Nem sabe como ganhá-lo. Tem
amigos ricos, maneiras de ricos, gestual, oratória, de ricos, conhece
tradições.
Geralmente usa
algumas palavras em francês. Sabe quem são as famílias tradicionais, e não
raras vezes é monarquista.
Tem loucura por
brasões, e adora os anos 50. Cria toda uma fantasia de que sua família até os
anos 50, teria um grupo empresarial. Fazendas, palacetes, criados, e faziam
festas enormes. Ah! Os bons tempos, suspira o rico- saudosista.
Depois passa a
viver de saudosismo, pois começa a acreditar nesta fantasia. Tem um discurso de
que se acostumou com a nova vida, de menos dinheiro, e menos glamour.
Geralmente
aluga um apartamento um dormitório, bem pequeno, mas muito bem localizado. No
bairro dos Jardins de preferência. Compra algumas peças, objetos em feirinhas
do Bixiga, e decora seu espaço como um fiel representante da decadência.
Os amigos ricos
então, revezam-se para leva-lo a bons restaurantes e casas de praias e fazendas
aos finais de semana.
Ele acaba sendo
sempre convidado para vernissages, e eventos da alta sociedade. Sai em colunas
sociais. E é sempre consultado sobre arte moderna, pintores principalmente, até
os anos 60. Ele sempre alega que teve uma enorme coleção. E que seu avô era o
melhor amigo e conselheiro de Juscelino Kubitschek.
Mas numa
entrevista, disse que sua família, originaria da França, foi rica mesmo, rica
de verdade no período de Dom Pedro II.
O novo rico.
Este talvez
seja o mais clássico, e o que mais desperta a curiosidade das pessoas. O novo rico, seria o indivíduo que até uma
semana atrás ainda era classe baixa. Logo todo seu comportamento se transforma,
num curto período de tempo. E nem tudo pode ser tão rapidamente assimilado.
O novo rico, com certeza é o mais
excêntrico de todos os ricos. E bem da verdade ele quer frequentar a classe
alta, não por gostar de ricos antigos, mas para se exibir para os antigos
amigos pobres.
Sua frase
predileta é: “Antes novo, do que nunca”.
Ele vai agora
comprar tudo bom e do melhor, ou seja, vai adquirir o que é caro. Vai comprando
tudo, misturando as coisas caras. Somando-se a isso uma estética que destaque
ainda mais. Suas casas são ostentosas, suas festas também.
O som é alto, a felicidade é enorme, as risadas sem
limites, seus closets labirintos infinitos de cores, e fantasias.
Sua casa possui
pomar, pianos de caldas, esculturas gregas, colunas romanas, com arquitetura
moderna, formas e mais formas, sem unidade.
Chafarizes,
fontes, cascatas e escorregadores nas piscinas. Música sertaneja, pagodes, e
televisões de última geração em todos os 15 banheiros de sua casa.
Botões que
fazem a sala girar. O novo rico tem
uma propensão ao estilo Las Vegas de ser, misturado com o Shopping
Internacional de Guarulhos.
Ou ainda, não
tem estilo algum. Só coisas extremamente caras, desajustadas, confusas e
sobrando.
Outra frase, e
que serviria bem para este tipo, é: “O mais é menos”.
O
Rico Avarento.
Este é fácil,
existiu muito no século XX. São geralmente migrantes ou imigrantes. O Português
da padaria, que se tornou milionário. O comerciante Turco. Fizeram dinheiro
trabalhando muito, e economizando mais ainda.
Eles nunca têm
mais do que precisam em casa. Na própria casa digo. Porque alguns chegam a ter
tantos imóveis, que nem sabem quantos são ao todo.
Estão sempre
reclamando de que a vida está difícil. É são extremamente desconfiados.
Desconfiam de todos os prestadores de serviços. Têm pesadelos constantes de que
foram roubados.
Geralmente por não
terem formação, morrem de medo de serem enganados.
Não têm timidez
nenhuma em pedir desconto, e possuem uma energia sobrenatural para uma negociação,
nem que seja um desconto num café expresso.
Desconfiam que
a nova privada da reforma, de um de seus imóveis foi trocada. Que a faxineira
está roubando cuecas usadas.
Andam com as
chaves de toda a casa e gavetas na cintura. Tudo está sempre trancado.
Em hotéis,
dormem com um dos olhos abertos.
Em
restaurantes, que só vão, se extremamente necessário, dão um show à parte.
Se o garçom
simplesmente pronunciar a palavra couvert, é capaz do rico avarento passar mal.
Sempre leva as
sobras para viagem. A água só é boa se for da torneira. E não se enganem, o rico avarento não aceita cortesias,
nem presentes. Pois é muito desconfiado.
A não ser um
presente de casamento, que quando não considera bom o suficiente, devolve o
presente e cobra um melhor.
Se você leitor,
considera isso muito exagerado, saiba que eu tive e ainda tenho parentes assim.
E quando você tem acesso a lógica deles, as privações e as perseguições que
passaram, tudo faz sentido.
Este tipo não admira
ninguém, não inveja ninguém, não odeia ninguém. Só tem medo. Muito medo e
desconfiança. Seria cômico, se não fosse trágico.
O rico avarento, geralmente começa a
trabalhar aos oito anos de idade, e só para quando morre.
O rico- Forbes.
E finalmente o rico Forbes. Este tipo, que na minha opinião
deveria comprar a revista Forbes, e assim fazer com que seu nome constasse
sempre da lista, mas não. Ao invés disso, o rico-
Forbes, sofre todo ano.
Será que meu
nome vai estar na lista este ano? Será que cai de posição?
É um ilusionista.
É rico claro. Mas ele faz com que pensemos que ele é dez, as vezes até cem vezes
mais rico do que ele realmente é.
Por isso tudo na
sua vida, tem de ter um significado de marketing. Não basta ser bilionário, tem
de parecer bilionário, é o seu lema.
O rico Forbes, faz selfies na frente de navios,
edifícios novos de 50 andares. Sempre possuem carros milionários, helicópteros,
festas extravagantes milionárias, e sempre pagam para serem rodeados de celebridades.
Vivem intensamente.
Perdem cem milhões num dia, ganham 150 milhões no outro dia.
São adrenalina pura.
Mas nem sempre a frase do 007: “Eu nunca perco”. Funciona.
Mas a verdade é
que as mulheres lindas tendem a gostar dos ricos
Forbes.