terça-feira, 5 de abril de 2011

A Trupe. Capítulo 7


 Trianglinho francês.

 De manhã observava Mari tomando café, enquanto eu via as notícias do nosso novo projeto em vários sites e blogs.
 “Demos à partida!” Eu disse.  
 Mari estava mais interessada na minha noite com Bia do que nas notícias. Eu falei que tinha sido tudo muito bom. Incrível eu gostar de uma mulher da minha idade, geralmente eu gosto das mais jovens, mas com Bia era diferente, parecia que ela ia ficando melhor, cada vez melhor.
 “Mas me diga uma coisa Mari quando foi que você aprendeu francês?”
 “Eu não aprendi, eu não falo uma única palavra de francês, mona mour.”
 “Acontece que ontem você falou frases e frases em francês, enquanto dormia.”
 “Leo que obsessão, já vai falar em Tiradentes de novo!”
 “O Matheus ligou ontem. Ele já sabe de tudo.”
 Matheus há uns dez anos está escrevendo um livro sobre a Trupe do Sol. Junto com a nossa pequena história ele faz um panorama ou ainda uma comparação com a Trupe de Azul do século 18. 
 Sim ambas começaram o seu repertório com Molière. Ambas as Trupes ficaram uma década com os seus membros separados e ambas voltaram.
 Com a diferença que a Trupe de Azul é talvez a companhia de teatro mais conhecida da Europa durante todo o século 18.  Ou seja, uma delícia para um pesquisador e uma total falta de significado para qualquer leigo ou mesmo não leigo. Acontece que sempre há um.... Porém. Existe nisso tudo uma linda história de amor na Trupe de Azul.
 Vou resumir esta história, um jovem aristocrata, se envolveu com uma mulher casada em Paris e teve de fugir. Acontece que o marido ficou tão irado com o próprio corno, que perseguiu o causador, Jean Baptiste, mesmo pela província,
 Numa Vila quase prestes a ser capturado pela polícia e pelo marido da amante, ele conhece uma atriz. Armande Bejart. E é Armande que leva Jean Baptiste para a Trupe de Azul.
 Ele teve de se transformar num ator para salvar a própria vida. E tomou tamanho gosto pela atividade que ainda passou a ser diretor e autor da trupe de Azul. Casou com Armande e teve três filhos com ela. Mas certa vez descobre que seu antigo inimigo havia morrido e ele retorna para Paris em busca de sua antiga amante Violette. Abandona a Trupe e fica dez anos sem ver Armande.
 Verdade é que quando a Trupe retorna Jean Baptiste, segundo as pesquisas de Matheus, já não sabia se amava Armande ou Violette.
 No dia seguinte Duda colocou todos para correr no calçadão de Ipanema. Napoleão foi o que teve mais dificuldade, estava já bem gordo. Rodolfo disparou na frente. Muita água de coco depois e a noite nós começamos a leitura do texto.
 Os ensaios foram aumentando. Começamos a levantar as cenas. Passaram-se dias, depois semanas.
 Tínhamos alugado um apartamento no Flamengo, metade do elenco ficava lá e a outra metade na casa da Bia. Mari logo se tornou muito próxima de Ale a cenógrafa.
 “Leo acho que estou me interessando de verdade por ela.”
 “Como assim e o Rodolfo?”
 Aí foi Frederica quem respondeu: “Será que você é o único que não sabe que o Rodolfo está é com o irmão dela?”
 Acho que eu era o único sim. O Rodlfo? Eu pensei. Achava que o Rodolfo era hetero.
 “E tem hetero no teatro Leo?” Todos perguntaram. E já que estávamos numa mesa. Todos felizes, os sete. Foi Duda quem disse depois do almoço na casa da Bia.
 “Falta uma criança nesta família.” Todos permaneceram e silencio concordando com a cabeça.
 “Por pouco tempo Eduardo, eu estou grávida.” Bia disse isso olhou para os outros e começou a tirar os pratos.
 Todos deduziram que se Bia estava grávida, o pai era eu. Levantaram-se e metade dava os parabéns para ela e metade para mim. Eu pai? Me apavorei.
 Mas daí eu pensei, é da Bia, a mulher que eu amo. Mas quando Mari veio me abraçar, eu de novo tive dúvidas. Mari estava maravilhosa este dia.
 Meu conflito era grande. Ou começou a ficar. Tempos depois, Matheus, como eu era talvez o mais interessado no seu trabalho, me revelou novas descobertas da sua estadia na França.
 Tanto Armande como Jean Baptiste eram apaixonados por Violette. E Viollete também era atriz. O famoso triangulo. Ou como Sartre chamava: “Entre quatro paredes”.
 Será que é filho ou filha?  Foi o que eu pensei enquanto ria de felicidade. Porque eu estava com as pessoas que eu mais gostava no mundo. Fazendo o que eu mais amo na Terra. Teatro.