Capítulo 1
O ônibus da seleção americana de futebol deixa a concentração na Barra da Tijuca e segue para o Maracanã, onde daqui a quatro horas e meia enfrentará a seleção brasileira na final da copa do mundo.
A atual presidente do Brasil confirmou a presença. Mais três ex-presidentes vão também assistir o jogo ao vivo no estádio. O presidente americano está quase aterrisando no aeroporto do Galeão.
David Taylor o técnico americano está muito ansioso. Afinal a maior potencia do mundo nunca fora tão longe. E enfrentar logo o Brasil, a maior potencia futebolística de todos os tempos.
Para os brasileiros este é um dia que já está na história. Há mais de sessenta anos perdemos a final da copa o Uruguai. No mesmo Maracanã. Mas agora vai ser diferente. O Brasil vai mostrar que é um grande País para todo o mundo.
Até a final, não houve sequer nenhum contra tempo. Tudo foi uma grande festa. A única surpresa foi os EUA derrotar a Espanha por três a zero e seguir para a final. Já o Brasil quase perde nos pênaltis para os Alemães.
David vai sentado na primeira fila do ônibus. Ele mal pode apreciar a paisagem carioca. Agora o comboio, três ônibus, dezenas de vans e carros de seguranças, jornalistas, assessores, contornam a lagoa Rodrigo de Freitas e entram no túnel Rebouças.
O transito fora todo desviado deste percurso. No meio do túnel a iluminação cai e permanece escuro até a saída do túnel. Já próximos ao estádio, David sente a mão do seu assistente no ombro. Ele vira-se e mal pode acreditar no que ouve:
“Mark e Thomas não estão no ônibus.”
Como assim? Dois jogadores, não estavam no ônibus? David se levantou e percorreu o corredor do ônibus. E realmente constatou que o seu assistente não estava brincando. Dois titulares estavam faltando.
“Onde estão Mark e Thomas?”
Ninguém sabia. Os jogadores se olhavam e todos estavam surpresos. Os lugares dos dois jogadores estavam vazios. Com toda esta ansiedade ninguém sabia ao certo o que se passava.
Mas com uma coisa todos concordaram. Eles, ambos Thomas e Mark estavam lá até o ônibus entrar no túnel Rebouças. A delegação toda foi avisada. O time americano correu direto para os vestiários. E em cinco minutos o QG da inteligência da segurança da copa foi avisado. O quartel general ficava no bairro de Botafogo.
O agente Pedro, 35 anos entrou na sala do comandante Alfredo Ferraz que estava assistido televisão, cinco canais de televisão ao mesmo tempo.
“Senhor acabo de receber um telefonema da delegação da seleção americana. Dois jogadores deles desapareceram.”
Neste instante em que aparentemente, Alfredo nem sentira a presença de Pedro, ele levantou os olhos e gaguejando perguntou:
“O que houve Pedro? Dois jogadores americanos sumiram?”
“Eles dizem que foi quando o ônibus com o time estava dentro do túnel Rebouças. Ao saírem do túnel que teve uma queda de luz, deram por falta de Thomas e Mark.”
“Você está me dizendo que os dois melhores jogadores deles, desapareceram a quatro horas do inicio da partida da final da copa?”
“É isso senhor.”
“A imprensa não sabe de nada ainda?”
“Provavelmente não. Foi há poucos minutos. Os americanos acabaram de chegar ao estádio.”
Alfredo se levantou e disse:
“Chame todos os agentes para sala de reunião Pedro. Alerta geral. Alex!”
Alex, 40 anos. Responsável pelos agentes de rua.
"Vá até o túnel Rebouças, leve quantos agentes quiser. Quero saber como dois jogadores americanos sumiram.”
“Como dois jogadores sumiram?” Perguntava atônito Alex, enquanto o comandante Alfredo deixava a sala.
Já no corredor. “Senhor é o ministro da defesa, ele quer saber o que está acontecendo?”
Em três minutos Alex deixava o QG com dois helicópteros. E a cúpula de nove agentes já estava na sala de reuniões.
“Alguém pode me explicar o que está acontecendo? Porque eu não consegui explicar para o ministro da defesa, como dois jogadores desaparecem do nada.”
“Estamos em contato com Alex no visor senhor. Ele está pousando em frente ao túnel.”
Os agora dez agentes e mais Alfredo tentavam rapidamente saber como estava à delegação brasileira. A segurança do Maracanã comunicou que nada de errado tinha ocorrido. Com os brasileiros tudo na maior normalidade.
Lá fora pelo vidro, as centenas de agentes estudavam as câmeras do hotel da concentração Americana. Outros estavam em contato com o Maracanã. Outros tentavam buscar explicações ou pistas.
“Senhor Alex no vídeo!”
“Passe.” O agente Alex já estava dentro do túnel.
“Não há nada de errado aqui aparentemente. Duas viaturas estão percorrendo todo o local.” Um outro agente se aproxima de Alex e lhe diz algo.
“O que foi Alex?”
“Eles encontraram um número escrito bem grande na parede do túnel.”
“E que número é este?”
“Vinte e três.”
“Todo mundo dando um google em vinte e três. Alguém sabe algo a respeito?”
“Senhor, 4.640.000 resultados.”
Desta vez foi a agente Mariana que se aproximou:
“Grupo 23 é uma ONG de militantes ecológicos. São vegans.”
O comandante Alfredo deu um suspiro.
“Estamos atrás de hippies?”
Mariana, 40 anos, extremamente elegante. Magra, porém gostosa e sensual, respondia:
“Não senhor. Eles são chamados de clube 23, operação 23. São jovens, inteligentes e bem relacionados. De classe alta. Não usam violência nas suas ações. São pessoas sofisticadas e que escorregam facilmente. Planejam muito bem suas ações.”
Antes que o comandante pudesse prosseguir um outro agente disse:
“O QG de São Paulo registrou ontem um individuo que tentou alertá-los sobre a operação 23.”
“Liguem-me com São Paulo, já.”
Realmente isso era correto, dizia um oficial de São Paulo. Mas nós o dispensamos, achamos se tratar de um maluco e era perda de tempo. O comandante Alfredo mal podia acreditar que inteligência paulista havia dispensado o cara.
Mas conseguiram rastreá-lo e achá-lo.
“Felipe Rulfo! Encontramos. Está neste exato momento no trem bala que chegará ao Rio em 20 minutos.”
“Liguem-me já com este trem!”
O “capitão” do trem seguido por mais três seguranças, se dirigiam ao acento de Felipe. O trem estava lotado. Todos ansiosos para chegar ao destino. Muitos ali iriam ainda para o maracanã.
“O senhor é Felipe Rulfo?”
“Sim sou eu.”
“Telefone para o senhor.”
O jovem pegou o celular da mão do funcionário do trem.
“Alo.”
“Alo. É o Felipe Rulfo?”
“Sim.”
“Felipe, aqui é o chefe geral da inteligência e segurança do Brasil. Meu nome é Alfredo Ferraz.”
“Chefe geral?”
Foi quando Felipe se deu conta que um dos seguranças o estava filmando com um celular.
“Felipe me conte o que está acontecendo.”
“Mas eu é quem pergunto. O que está acontecendo?”
“Você pertence ao grupo 23?”
“Do que o senhor está falando?”
“Nós sabemos quem é você Felipe.”
“Claro que sabem. Eu sou um policial.”
O comandante parou de falar, queria uma resposta. Pedro confirmou. Felipe Rulfo realmente era um policial federal.