segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Verde que te quero. E um dia madura quererei também.


 Dizem que o Imperador Adriano de Roma queria avançar sempre em direção ao leste. Para o oriente. Ao norte não havia nada. Só uma imensa Europa entediante e bárbara. Segundo ele.
 Foi o primeiro a vislumbrar Roma eterna. Que seria uma continuação da cultura Grega. Adriano era Espanhol.
 Um tijolo demorava cerca de um ano até chegar ao topo da Torre de Babel. Era preferível um homem cair lá de cima a um tijolo.
 Mas o que tem tudo isso a ver?
Este final de semana ao invés de ir em direção a praia ou ficar nas torres da capital, eu fui para o interior.
 Fiquei pensando em você. Muito. Sonhando. Nada daquilo de ver o mar e dizer que ele agora é mais belo por sua causa. Vontade nenhuma de escrever poemas. Pra falar a verdade eu nem pensei em mar. E nem sei fazer versos. 
 O interior parece um imenso mar verde. O mesmo verde dos teus olhos. Com raios de sol da cor do seu cabelo.
 Manga, jabuticaba e cachorros.
 Cada mulher que eu chamo pra provar é como uma jabuticaba da árvore que apanho. Sempre na esperança de ter o teu gosto. E elas nunca têm. São jabuticabas.  
 No interior a gente se sente um estrangeiro, mas não é. Pois a terra é vermelha que nem a da Capital. E os seres são Paulistas que nem os do Sitio do Pica Pau Amarelo.
 E daí vou há um casamento. E penso que já sou velho pra ser noivo e você jovem pra ser noiva.
 A chuva dança lá fora e as pessoas ouvem música e comem na festa.
 A noite no interior é diferente. Adriano teria ficado triste, pois não há mais Roma. Nem a quantidade de línguas da torre de Babel.
 Aquilo tudo é tão calmo e tudo tão certo. Como se no interior não houvesse maldade. E o café nasce ali. Pra ser tomado de manhã.
 E você tem cheiro de leite.
 E aquele horizonte infinito dá uma solidão.
 Então eu pego um livro e leio, leio, leio, leio, mas não quero nunca chegar ao fim. Quero que você me alcance.
 O que é um egoísmo meu. Porque você deve aproveitar cada capítulo. Saborear devagar.
 Mas se um dia. Se um dia a sua curiosidade te fizer abrir o livro no meio, e você começar a ler...
 O sol se pôs. Você ficou no escuro. Mas você não tem medo e logo se encanta com as estrelas do céu.
 Porque a vida pra você é uma felicidade de um fim de semana na fazenda.
 Dizem também que diretores e dramaturgos se apaixonam por atrizes. E eu já te disse que eu não sei se me apaixonei pela atriz, pela menina, pelo personagem... Pelo personagem eu tenho certeza.
 Ou se foi pela mulher que está aí escondida dentro da moleca. Acho que foi pelo ser humano todo. Pela inteligência. Pela personalidade.
 To adorando este tal de amor platônico.  
 E não vou escrever K e Leo na árvore, porque tenho noção do ridículo.     

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Mulheres desinteressantes.

Em principio todas as mulheres bonitas são interessantes. Em principio. Pelo menos para mim. Mas aqui vou falar de mulheres bonitas, mas com almas e com personalidades desinteressantes.
 Desinteressante para mim leitor. Vamos ao primeiro tipo:
 Delegado do DOPS no corpo de um anjinho:
 “Ale vamos sentar ali perto da janela?”
 Aquela loirinha frágil de voz sensual me perguntava. Mas será que ela não sabe que o meu nome é Leo? E não Ale. Eu quis corrigi-la, mas de repente me deu um branco.
 “O...” Será Gabi, Camila, Luana? Por falta de opção. Confirmei com um sim. E ela:
 “Tá bom então aqui?”
 “Tá. Tá ótimo.”
 Nós já tínhamos saído anos antes. Uma única vez. As coisas até que estavam indo bem, quando, nesta primeira vez, eu acho que fiz um comentário que ela não gostou. Ela tinha dito:
 “Quando te perguntarem uma coisa. Responde? Tá.”
“Claro. Me diga uma coisa. Por um acaso, olha o que eu vou te dizer é sutil, mas por acaso, alguém já te disse... É discreto...”
 “Disse o que? Pergunta logo.”
 “Que você é um tanto quanto estrábica?”
 Depois desta, ela me fez levá-la embora do restaurante direto para sua casa, sem beijo de despedida.
 Bem, anos se passaram e estávamos ali agora, nos dando uma segunda chance. Um segundo jantar. 
 “Você ainda é palhaço Ale?”
 “Acho que vou ser palhaço...”
 “Ai desculpe Leandro, eu aqui te chamando de Ale, faz um tempão”. Ela disse isso sem sorrir. Aliás, este anjinho não sorri. Pelo menos comigo. Ela deixou bem claro que não gosta de deboche, piada, enfim humor em qualquer forma. De que será que ela gosta? Da morte?
 Meu nome é Leo, eu queria dizer. Mas também não lembrava o nome dela. Ah! Lembrei, é Danila. Mas será? Existe Danila? Dalila?
 “Então Leandro, você é muito esquisitinho. Você não pode sair por aí falando o que você quiser e dando uma de Zé Celso, subindo em cima da mesa e tirando a roupa. Você deve respeitar as pessoas Ale.”
 O que é que esta menina agora está dizendo? Zé Celso? Seria aquele diretor de teatro? Deve ser. Provavelmente ela está me confundindo.
 “Você pensa o que Ale? Uma conversa deve ser solidária. Que nem agora. Olha aí. Essas coisas que você faz. Fica aí parado me olhando, sem falar nada.”
 Será que uma noite, uma relação sexual vale tanto esforço? Eu tentei elogiar a entrada do prédio dela. Ela disse que era uma entrada comum.
 Eu disse que deveria ser muito bacana trabalhar na Berrini. Ela disse que era horrível. Eu disse, mentindo claro, que deveria ser muito bacana trabalhar numa empresa enorme. Ela disse que não, que era um stress e muito trabalho, não gratificante.
 “Vamos mudar o tópico da conversa Le? Posso te chamar de Le, não posso?”
 Claro que pode, Le é algo válido tanto pra Ale, Leandro ou Leo. Aquela menina tinha códigos, condutas, normas, formulários a conversa não fluía. Eu a desejava, por outro lado transar com o delegado do DOPS?  Sim, a alma dela era de um conservadorismo, algo tão reacionário.
 As mulheres dizem que os homens são seres insensíveis. Sei lá eu. De homem só conheço este aqui que escreve, eu mesmo.
 Agora tem cada coisa por aí. Cada mulher tão indiferente a poesia, aos sonhos, a fantasia. Às vezes são lindinhas, mas debaixo daquilo, da pele, elas são senhorinhas retrógradas.  
 No fundo eu acho que a... Danila deva ser muito infeliz. E por algum motivo não quer que eu seja feliz.
 Diz que não podemos falar o que pensamos por ai. Claro que podemos. Podemos até escrever o que pensamos. Porque os pensamentos são nada mais que sentimentos.
 Uma mulher que não sabe mais olhar olho no olho. Que fala com um garçom sem olhar na cara dele. Isso é ser civilizado? Corram! Invasões bárbaras!
 “Eu acho que um homem só amadurece aos 80 anos.”
 Foi com esta frase que eu saquei a menina.
 Eu nunca bati em mulher nenhuma. Nem uma ex-namorada tem queixas ou rancor de mim. Nunca explorei mulher, nunca enganei. Eu gosto muito de mulher. Mas daí a dizer que são seres mais frágeis, sensíveis e oprimidos. Não sei? Eu como feminista sei que existem muitos criminosos por aí.
 Mas me tratar como um ser humano a ser concertado? É fazer comigo, o mesmo que por milênios, fizeram com vocês mulheres.
 Desconfio as vezes que nem todo machismo nasce de um homem.
 “ Você não acha Ale que eu estou contribuindo para melhorar você?”
 “Claro que está menina. Você nem imagina como.”  
   
  

   

sábado, 19 de novembro de 2011

Somos o futuro da nação.


 Estava no teatro. Eu e meu amigo tínhamos pegado lugares separados. Era uma peça concorrida. A enorme platéia estava lotada. Eu fiquei lá no fundo. Ao meu lado um casal de jovens.
 É muito raro ver jovens no teatro. Ainda mais numa peça de uma companhia francesa.
 Eram os dois algo meio underground. O rapaz tinha um brinco bem interessante. Uma argola de um material que nunca tinha visto. Um tênis bem suave e camisa xadrez. Parecia mais pé no chão que a menina. Um futuro publicitário talvez. Havia nele algo de maduro. Alguém que curte estar entre os contestadores, mas que é absolutamente a favor do establishment. Ele poderia ser latino, mas tinha também algo nórdico na aparência. Poderia ser desde um anglo-saxão até um espanhol.
 Já ela era mestiça. Japonesa talvez. Ela era um tipo mais sensível. Cabelos coloridos, um ar de loucura. De alguém que mexe com criatividade e poesia. Parecia uma artista plástica. Alguém mais franciscana. Tinha um piercing no nariz.
 Quatro horas de peça, não me contive e puxei conversa durante o intervalo.
 “Vocês fazem teatro?”
 Eles riram e me disseram que não. Então perguntei se eram artistas. Se eles estudavam teatro. Outra vez uma negativa. E então a menina perguntou:
 “Pareço uma artista?”
 “Muito” Eu disse. “Vocês estudam o que?”
 Foi então que me disseram que eles estavam no colegial. Eram namorados. Estudavam na mesma escola.
 E depois da minha surpresa, não lembro qual dos dois disse a frase. Acho que falaram juntos:
 “Somos o futuro da nação.”
 Já faz mais de um mês eu acho. E desde então eu quero escrever algo sobre isso. Mas não sei o que afinal  mexeu comigo ao ouvir isto deles. A frase. Eles terem dito aquilo me deixou confuso, nervoso. O Renato Russo fez esta letra, “Geração coca cola” antes deles nascerem.
 Uma letra que eu acho tão boba hoje. Tão sem sentido. Um casal tão rico, moderno, fortes, altos. Tão americanos. Cultos, bonitos, internacionais. Ele nórdico e ela japonesa mestiça de cabelos pintados.
 Eles não tinham nada de Giberto Freire. Nada de Caio Prado Junior. Nada de Sérgio Buarque de Holanda. Nada de Leo Chacra e muito de Steve Jobs.
 Aqueles meninos estavam no SESC. Nenhum norueguês da idade deles tem acesso a coisas que eles não têm. Aquele casal não eram seres colonizados. São cidadãos inclusos.
 Eu não sei de que planeta eles vieram. E de que futuro e de que nação eles estavam falando. Mas eles, o casal de jovens é o que a humanidade tem de melhor. Eles são o esforço de milênios de cientistas, artistas, filósofos, políticos.
 Eles são o esforço de séculos de brasileiros que lutaram e morreram para termos gente como eles. E não eram a tal zelite não. Eles eram classe média, estavam lá de metro. Estavam lá porque queriam ver teatro.
Talvez eles ainda sejam exceção. Talvez sejam muito poucos. Mas nós vivemos os anos de ouro. Vivemos sim. Eles já transcenderam a própria idéia de “geração”, palavra, aliás, inventada pela geração baby boom.    
 “Que País é esse?” Eu não reconheço mais o Brasil. Aqueles meninos falam a mesma língua que eu. E só.
 Eu me emocionei ao ver a bandeira do Brasil ser hasteada na favela da Rocinha no Rio.
 Aquele casal, no fundo, no fundo mesmo, eles disseram aquela frase pra agradar. Eles eram cultos e espertos. Sabiam que eu conhecia muito bem a frase. Foi para me agradar. “Uma frase do seu tempo tiozão.”
 Até então nos meus 37 anos de vida eu nunca vira algo assim. Brasileiros sem a menor vergonha de ser brasileiro. Com uma segurança na voz e no olhar: “O mundo é nosso”.
 The world to be Brasil.  

domingo, 30 de outubro de 2011

De mãos dadas com a morte.

Era um dia cinzento do inverno de 1977. Estavam ela e os soldados todos na pista do aeroporto de Ezeiza próximos a Buenos Aires. Uma mulher havia lhe dado banho. A mulher, não estava mais ali agora. A mesma mulher lhe vestira com roupas quentinhas.

 Ela perguntara pela mãe, pelo pai e pelo irmãozinho. Onde eles estavam? A mulher só disse que seu avo viria do Brasil buscá-la. Um homem segurava sua mãozinha na pista. Ela tinha cinco anos.  Ela não sabia ainda, mas ela se recordaria deste momento todos os dias da sua vida.

 Aquele que segurava a sua mão era Humberto Elbironte. O avião pousou. Um jato particular. Os quinze soldados apontaram as armas para a porta. Dois homens enormes desceram as escadas. Um negro, e outro branco. Eles encaravam os soldados nos olhos e não disseram nenhuma palavra. Provavelmente não falavam espanhol.

 Um homem também enorme desceu a escadinha do avião carregando uma maleta. O homem parecia muito bravo. Um outro, pequeno e magro cumprimentou os soldados e Humberto. O homem grande era seu avo.

 Ele por um momento pensou em puxar a arma ali mesmo e atirar contra todos aqueles soldados. Os dois seguranças sabiam disso, conheciam o patrão. Ninguém piscava. Humberto sabia dessa possibilidade. Mas era muito dinheiro e o pequeno risco valia à pena.

 O avo ao ver a neta desistiu do tiroteio suicida. Odiou vê-la de mãozinha dada com o carrasco da sua filha.

 “Como posso ter certeza de que ela é realmente minha neta?”

 Um soldado então mostrou uma foto da família toda. Martina, a pequena Martina era a única sobrevivente dos quatro.

 Trocaram a maleta pela menina. E no avião a caminho da São Paulo Martina viu a primeira e ultima vez que seu avo chorou. Ainda no céu o grande homem fez a menina prometer que ela nunca mais colocaria os pés naquela terra maldita. Pelo menos enquanto ele estivesse vivo. Não naquela terra que tinha levado a sua única filha.

 Martina teve uma infância abastada. Foi amada pelos parentes brasileiros. Se tornou uma mulher muito bonita. No ano de 2011 percorria uma exposição de arte em São Paulo e viu aquele homem de costas, mas o reconheceu.

 Era Alexandre o seu primeiro beijo, quando ela tinha onze anos. Não quis falar com ele e fingiu que não o viu. Afinal já eram quase trinta anos que a separavam daquele beijo. Talvez fosse uma outra Martina.

 Foi naquela mesma tarde tomar um café próximo dali. Um cansaço bateu e ela pediu a conta e foi para casa. Suas recordações avançavam e se lembrou da primeira vez que esteve na pista de Ezeiza e também da segunda.

 O muro de Berlim já havia caído. Claro era o ano de 1992. Ela tinha vinte anos. Seu avo já morrera há dois anos. Desta vez a pista de Ezeiza estava com o céu azul.

 Um homem da organização já a esperava no desembarque. Ele pegou a sua mala e perguntou se ela queria ir para o hotel antes.

 Ela disse que queria liquidar a missão logo. Eles entraram num carro com motorista. O argentino disse a ela que não se preocupasse porque o motorista também era da organização.

 Depois já com o carro em movimento, os dois no banco de trás o homem mostrou a foto de Humberto Elbironte e seguiram para o bairro de Palermo. Ela se despediu dos dois. A arma carregada já estava na sua bolsa.

 Esperou até anoitecer. Quando viu o velho descer para a padaria como os agentes disseram que ele fazia todos os dias. Ela o abordou numa rua escura. Se identificou apontando a arma para aquele velho. O homem era um argentino elegante. Um homem comum.

 Ele pegou na mão dela. E de repente estavam numa praça. Humberto disse que tinha colocado um rato faminto na vagina da mãe dela. Martina acordou com seu filho de sete anos na sua frente.

 “O que houve mãe por que você está chorando?”



O muro de Berlim já havia caído. Claro era o ano de 1992. Ela tinha vinte anos. Seu avo já morrera há dois anos. Desta vez a pista de Ezeiza estava com o céu azul.

 Um homem da organização já a esperava no desembarque. Ele pegou a sua mala e perguntou se ela queria ir para o hotel antes.

 Ela disse que queria liquidar a missão logo. Ela mal podia se conter vendo a sua terra pela janela do carro. Realmente Buenos Aires era linda. Seu pai era Portenho a mãe Paulistana. Ambos marxistas se amaram, se conheceram em Paris.

 Uma equipe de um documentário filmava tudo enquanto a van seguia para um enorme prédio no centro.

 Um homem a anunciou para uma platéia de universitários. Enquanto ela lavava o rosto na pia do banheiro:

 “Vou chamar agora uma estudante de vinte anos. Ela é a considerada a maior líder etudantil do Brasil. A líder, do que eles lá chamam, de caras pintadas. Eles estão conseguindo derrubar um presidente corrupto no Brasil. E tudo feito na legalidade, na democracia.

 Mas o mais incrível disso tudo, é que esta jovem não nasceu no Brasil. Como vocês devem saber ela é filha de dois desaparecidos políticos da ditadura. Ela é portenha e há quinze anos não pisava em Buenos Aires.”

 Naquele dia a pequena Martina falou para milhares de argentinos. Sentiu orgulho dos seus pais. Sentiu que eles também se orgulhariam dela. Depois a levaram conhecer a capital argentina. O Tango contemporâneo, as livrarias, os teatros as praças. Ela amou tudo aquilo. A Argentina.

 “O que houve mãe? É por causa daquilo que o meu pai falou sobre os meus avôs?”

 “Sim filho. É por causa disso.”

 Naquele dia de 2011, antes de ir à exposição de arte a deputada Martina Esperanza recebera a noticia de que o assassino dos seus pais fora condenado à prisão pela justiça da Argentina. Por crimes cometidos contra a humanidade e a pátria.

 Aquele homem estava preso em seus pensamentos há mais de três décadas. Talvez agora ele ficasse preso em outro lugar e ela livre dele.  

 Talvez agora ela pudesse ir pela terceira vez na vida a Argentina. Levar seu filho conhecer a terra que ela nasceu. Logo ele vai ter onze anos, vai dar o seu primeiro beijo. A vida segue.

 “Vem cá”.

 Ela sorriu pegou seu filho e o puxou pra cima da cama. Enquanto ela fazia cócegas nele perguntou:

 “Quieres conocer la Plata?”  

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Tipos de mulheres parte 3


A Dona Flor.
Você sempre a achou interessante, mas ela era casada. De repente ela se divorcia. Tempos depois você a encontra. Combinam de se ver.  Você vai buscá-la para jantar. Ela pede que você entre só um pouquinho. Ainda não está pronta. E não está mesmo.
 Ela então te serve uma bebida. Você mal toma e ela, com um ar de nostalgia da inicio: “O Paulo também segurava o copo assim.”.
A principio aquilo não te incomoda. Tem até certo charme.  Você acha justo e pensa que foi um deslize. Afinal ela acabou de se separar. Faz o que? Só um ano?  
Minutos depois ela estará dizendo o signo do Paulo. Falara sobre a mãe do Paulo. E você ficando com fome.  Mas ela continua a falar de como era a casa quando o Paulo ainda morava ali. O que ela mudou e o que ela não mudou na casa.
 Duas garrafas de vinhos depois partem em direção há um restaurante que você sugeriu. Ela diz que o Paulo nunca a levou neste lugar. E fala sobre as preferências gastronômicas dele, o Paulo.  Já no restaurante ela decide que não esta com fome e pede um só prato para vocês dividirem. O garçom diz que o prato é grande. Que realmente para dois ate da para dividir. Você tem vontade de dizer para o garçom que vocês estão em três.
 Durante o jantar ela conta a vida dela antes e depois de conhecer Paulo. Você então já saturado daquela situação resolve falar das suas próprias ex-mulheres. Coisa que alias você adora. Quando se da conta, você e a Dona Flor estão comparado as suas ex-mulheres com o Paulo. Discutindo se eles combinam ou não.  
 Você já está na sobremesa e é agora um expert em Paulo.
 Já sabe os gostos dele, as manias, é como já o conhecesse. “O Paulo é um artista!” Ela diz.

Tenta refletir se o Paulo realmente seduzia as jovens alunas. Se ele realmente era um alcoólatra como ela dizia. Dona Flor já estava na terceira garrafa de vinho, e dizia que um dos motivos de ela largar o Paulo era que ele bebia em excesso.
 Excesso? Você se coloca a imaginar o que poderia ser este excesso. Umas cinco cachaças “velho barreiro” por dia?
 De volta à porta da casa dela. Dona Flor olha para todos os lados, esta meio aflita. Diz que é melhor eu ir embora, que o Paulo pode aparecer. Eu digo que já faz um ano que ele esta com a jovem aluna dele. Ela não se convence. Ela não quer traí-lo. Corre abre a porta e sem nem mesmo se voltar para trás, entra em casa.
 Ela é apaixonada pelo ex.

Pontos a favor:
 Se você for um ator, uma ainda um doido com dupla personalidade, pode se deleitar fazendo um laboratório. Pode fingir que é o Paulo e usar as roupas dele. Pode ainda dormir na cama dele, ter as mesmas opiniões que ele. Tudo baseado nas informações da Dona Flor. E talvez você consiga transar com ela. Transar a três.
 Finalmente você vai se dar conta de que falar de ex num encontro, é estragar qualquer possibilidade. E nunca mais vai fazer isso. Será?

Pontos contrários:
Você vai saber tudo de um tal Paulo que você nem conhece e não vai saber nada dela. Apenas o obvio. Ela ainda ama o ex. Você vai se perguntar: Será que ela não quis saber nada de mim? Nem me reparou? Ou seja, vai se sentir um step de pneu.



A amiga da namorada.
Você conhece duas mulheres em uma balada. As duas são melhores amigas. Fica na dúvida de qual você vai pegar. As duas são gatas. Ambas simpáticas e estão a fim. Inclusive estão competindo por você. O conflito é enorme, mas você tem de se decidir. Percebe que as duas é demais. Não vai dar. Além do que você não conseguiria dar conta.
 Você então opta pela mais meiga. Troca telefone. Você começa a namorar com a mais meiga. Acontece que a outra agora sempre vai estar junto de você e sua namorada. E num certo fim de semana, você chama a namorada para andar na praia, ela diz que não tem vontade e diz para você ir andar na praia com a melhor amiga dela.
 Aquela mulher que você depois de quase um ano, a vendo sempre, a deseja cada vez mais. Inclusive se questiona se acertou na escolha. Você poderia ter escolhido ela. E agora estão juntos, numa praia quase deserta. Ela de biquíni, com os cabelos soltos e o vento batendo. Ela te chama para entrar na água. Vocês se aproximam. Os dois riem, ela te joga água e espera que você entre na brincadeira.
 Você entra na brincadeira. Você chega à conclusão de que o seu anjo da guarda ficou lá na areia. E que seu diabinho da “guarda” é um surfista de primeira. Ele, o diabinho, está bem ali. A menina se aproxima você vê aqueles peitos, os pelos... É agora ou nunca.
 Daí você pensa, por que nunca? Pode ser amanhã. Você recua. E fica dando mergulhos como um mineiro que nunca viu o mar. Ela para de brincar e fecha a cara. E se ela estiver só me testando? Você pensa.
 E você se lembra de como a sua namorada é meiga e te ama. Então toma uma decisão e saí correndo da água na direção do seu anjo da guarda. Já na areia seu anjo da guarda te abraça e diz que você é o cara!
 Mas a melhor amiga da namorada não sai da água. Parece que está se afogando. E para desespero do anjinho da guarda você volta para salva-la e a salva. E salvando-a você se perde.
 Percebe caminhando na volta que aquela, melhor amiga da sua namorada, é também meiga, sensível, delicada e quase se afogou. Você quer cuidar dela, Você agora tem ciúmes dela, até dela com a sua namorada.
 Ela fala o quanto ela gosta de mar e natureza e o quanto ela está feliz com aquele domingo perfeito na praia. Na volta para São Paulo você fica a olhando pelo retrovisor enquanto sua namorada, que está do seu lado, troca as músicas. Sua namorada nem desconfia.
 Ela é apaixonante.

Pontos a favor:
  Como diz Oscar Wilde: “Só há uma maneira de você vencer um desejo. Jogando-se a ele..”
 Meu amigo no amor vale tudo.

Pontos contrários:
 Largue a mão de ser cafajeste! Ela é a melhor amiga da sua namorada. Já imaginou ela beijando seu melhor amigo? Um pesadelo, né? Então seja homem. Para você ter uma coisa, você tem de abrir mão de outras. Ela nem gosta de você, é só uma bandida. Será?



A ciumenta boxeadora.
 Ela tem ciúmes. Muito. Ela acha que você é simpático em excesso com as pessoas. Um dia se interessa pelo seu plano de celular. Diz que vai conseguir negociar um melhor na operadora.
 O que você ainda não sabe é que ela começa a receber na casa dela os números para quem você liga. Esta era a negociação. Depois ela sabe-se lá como, descobre a senha dos seus e-mails, do seu Faca-Book.
 Para ela todas as mulheres do mundo são bandidas. Você sai para beber com as atrizes que você está ensaiando. Ela acha um absurdo e ameaça terminar o namoro. Mas antes ela te da uma surra. Sim ela treina boxe.
 Não que tudo isso venha já na primeira semana de namoro. Não. É um processo que vai se intensificando. Certo dia ela chega e diz que você tem de se livrar da sua coleção de play-boys. Como assim? Você diz. Algumas ou metade delas eu herdei do meu avô, você argumenta.
 Não adianta, em poucos minutos ela as pega todas e carrega no carrinho de super mercado. Você nunca viu o seu porteiro tão feliz. Ele não crê no presente ganhou.
 Tempos depois, você descobre que ele não ganhou só a sua coleção de revistas. Mas recebe dinheiro dela para dar informações de quem vai a sua casa. Ela sabe com quem você fala no clube. Você se torna uma pessoa vigiada.
 Diz que vai a um bar depois do ensaio com todo o elenco, inclusive os homens. Mas acabam mudando os planos e vocês vão para outro bar. Porque o que vocês iam anteriormente está fechado.
 Ela então te liga. Está aos gritos.  Quer encontrá-lo porque diz que passara de carro no bar e não te viu. Inclusive o bar está fechado. Você quer argumentar que só sobrou você e o Ailton, que é um ator gay da companhia. Ela chega lá e começa a te bater na frente do Ailton. O garçom chega a pensar que você tem algo com o Ailton.  Ela começa a pensar que você tem algo com o Ailton.
 Você se confunde todo. E começa a mentir para ela, não porque você a trai, mas porque você não quer apanhar dela. Mas não importa tudo o que você diga ela encontrará uma falha, um buraco na sua história.
 Até que um dia você vai a uma festa. Sai com cinco atrizes e vão para casa de uma delas. Você beija as cinco atrizes juntas. Sai de lá de madrugada e vê que tem 80 ligações dela não atendida.
 Você não agüenta e diz a ela pelo celular a verdade. Que você estava não com uma mulher, mas sim com cinco mulheres. Ela tem um ataque de riso. Claro que não acredita e te da um mês de folga.  Então você percebe que quanto mais você a trai de verdade, mas ela sossega.
 Até um dia que ela começa a sumir. Você liga e ela não atende. O celular acabou a bateria. Estava sei onde, com sei lá quem e esqueceu sei o que e não viu o celular, porque sei lá o que e quem... Blá, blá, blá... Tenho outro.
 É você descobre que a sua gatinha do boxe, aquela garota visceral, que te amava incondicionalmente, tem um amante. E você que nunca havia sentido ciúmes daquela criatura, fica desesperado. Você não passa de um corno.


Pontos a favor:
 Namorar uma mulher ciumenta faz bem para o ego. Você vai descobrir inúmeras mulheres que te dão bola e que você nem sabia.
 O problema é que talvez seja fantasia dela. E você não poderá olhar de volta para estas mulheres, porque você vai estar com o cão de guarda. Ela.


Pontos contrários:   
 No começo apanhar é até divertido. Você ri, é algo diferente. Mas em determinado momento, um pacifista como você começa a achar aquilo degradante. Como você pode se relacionar com uma pessoa que te bate? Te bate e ao mesmo tempo diz que te ama?



Vitor ou Vitória.
 Você a vê dançando. Vai lá falar com ela. Percebe que ela apesar de suave e muito feminina é objetiva. Você não sabe direito bem o como, mas começa a se relacionar com ela. Ora ela é uma menina, ora é um menino.
 Aquele ser andrógeno te provoca muitas reações. E é esta parte que ela mais gosta. De ver o que acontece com você. De se perceber menos frágil do que você.
 E você não se sente um homem quando está com ela. Se sente, mas também não se sente. Ela não inspira aquelas sensações que dizem que nós homens heterossexuais temos. A de ter duas mulheres ao mesmo tempo. Não.
 Ela pede uma porção de bacon e fica te encarando. Os gestos, quando ela não está dançando são contidos. Mas o olhar é uma das coisas mais intensas da terra. Ela fica ali te ouvindo, não porque ela te deseja desesperadamente, mas porque ela gosta de ver como um “homem” se comporta com ela.
 Ela tem um humor extraordinário. É uma artista até o fundo da alma. E você que também não é lá muito bom da cabeça, depois de vários copos, começa a ver, não mais aquele ser underground, e sim a santa Joana D’ Arc.
 Ela quer alguma coisa a mais de você. Algo mais pratico. Sexo talvez.  Ela está te dando uma oportunidade. E você fica ali, a colocando na parede.
 Por que você é isso? Por que você gosta daquilo? Há quanto tempo que você sabe que você gosta disso? No começo ela até se diverte. Nos tornamos um Eduarda e Mônico, Mas depois ela vai se cansando.
 Você quer uma mulher e ela também quer uma mulher. Você no fundo a inveja. Ela é uma artista plástica, coisa que você nunca conseguiu ser. Ela é bissexual, coisa também que você nunca conseguiu ser.
 Mas tem algo a mais. Naquele jeito agressivo, com uma voz de menina, um humor de moleque, umas costas de bailarina, Você quer o Vitor, você quer a Vitória. Você quer só a igualdade.
 A verdade é que com ela você pode ser você mesmo. Melhor dizendo, com ela você pode jogar as máscaras fora. Ser esta pessoa sensível, feminina, sem se preocupar. Acontece que às vezes com ela, você fica o inverso.
 Um monstro, ibérico que se julga superior. Alguém que vai dizer-lhe: “Ei garota, eu posso ter estas mulheres que você sonha. Porque elas gostam de homem.”
 No fundo existe aí um conflito insolúvel. Ela não entende porque você não desiste. E você não entende porque ela sempre dá outra chance.
 Ela te ajuda na sua arte. E você talvez a ajude na dela.
 Ela é apaixonada por arte, por meninos e por meninas.  


Pontos a favor:
Esta é a sua verdadeira chance de ter um grande amigo e ainda transar com ele. Mas, mais do que isto é a sua oportunidade de conhecer a fundo a humanidade.

Pontos contrários:
 Se as mulheres já são complicadas, imagine esta?
 Ela diz que me faz uma pergunta simples. E que eu respondo, aí do meu jeito. Você fica sem saber quem é o homem e quem é a mulher da relação. Será que isto é realmente um ponto contrário?



A Esportista:
 Você sempre a vê no clube. Ela tem um corpo diferente. Tudo é como se a gravidade a puxasse para cima e não para baixo. Os músculos são todos marcados. Se ela ficasse pelada, poderiam usá-la em uma aula de anatomia.
 Você fica ali refletindo, como seria possuir um corpo daquele? A oportunidade aparece. Ela diz para você pega-la umas seis horas. Da tarde. Você a leva para um bar na Vila Madalena. Ela nunca havia ido a um bar na Vila Madalena. 
 Você chega até a desconfiar inclusive, que ela nunca nem esteve num bar antes. Em nenhum. No terceiro suco, ela grita:
 “Meu Deus do céu! Já são oito e meia e eu ainda estou de pé!”
 Você diz que é sábado a noite e amanhã é domingo. Ela diz que tem que pedalar as cinco da manhã até Ubatuba e voltar antes do almoço. Aí você não sabe se ri, ou se é sério. Ela ri antes e quebra o gelo. Ponto para ela. Até que é mais esperta do que imaginei.
 Não é porque vive para o corpo que não tem um pensamento veloz. Mas aquilo vai ficando tão triste. Começo a fazer uma consultoria com ela. Conto o que eu faço de exercícios durante a semana. Ela balança a cabeça e diz: “Está bom para quem está começando.” Começando? Eu treino desde sempre. Acontece que o que eu faço em um mês, ela faz em três dias.
 Nove horas e ela começa a piscar os olhos. Nove e quinze. Você pede a conta e a carrega até o carro. Ela já está dormindo. Antes das dez e sua noite de sábado acabou. Você pensa: “Só vai ter um jeito. Eu namorá-la na hora do almoço. É o único horário em que os dois estarão acordados”.
 Você descobre que aquele plano de parar de beber, e viver para o esporte, estão longe da sua realidade.
 Ela ama as olimpíadas.

Pontos a favor:
 Aquele corpo malhado realmente impressiona. Você dorme sem culpa. A noite de sono com ela é um prazer. Quer dizer, se você conseguir dormir antes das dez da noite. Eu não consigo.

Pontos contrários:
 A falta de assunto. Ou ainda assuntos rasos. Não é porque ela é atleta que você também vai ser. Ou ter de ser. Enfim, desde o começo você sabia que não iria dar certo.
 Alguém tem de fazer massagem nela. Se não for você, será outro. Mas isso até que nem é um ponto contra. Pode ser até gostoso. 




A Vampirona.
 Ela vive de preto. Mesmo de dia. A Pele é branca. Já foi casada, tem dois filhos. É o que alguns chamam de coroa. Mas ela é uma coroa que destrói corações. De senhores poderosos e até mesmo de universitários, garotos e... Até o seu coração também. Também? Também. Uma espécie de Carla Bruna brasileira. 
 Ela é vizinha dos seus pais. Você a conhece no elevador. Começam a sair. Você acha que ela está entrando na sua. Acredita que ela passa as tardes ligando para as amigas, contando do garotão que ela encontrou. Acredita que ela agradece a Deus de você ter aparecido.
 Te incomoda um pouco você ir na casa dela e ver aqueles filhos, que parecem que saíram do filme “Crepúsculo”. Eles ficam te olhando com cara fechada. Ela diz aos vampirinhos que você é um amigo dela. Mal sabe você que eles continuam indiferentes porque toda semana aparece uma vitima diferente. “Um amigo”.
 Um cara que pensa que está comendo a mãe deles. Mas mal sabe que está é se transformando em um vampiro. Ela te chupa todo. Tem muito mais estrada que você, embora pareça tão lânguida, tão civilizada...
 Você descobre que ela tem uma suástica no braço. Ela diz que não. Que a tatuagem é um símbolo hinduísta que os nazistas distorceram. De qualquer maneira você apreçasse a lhe dizer que você embora pareça, você não é circunsisado. Que Chacra é cristão. É melhorar se garantir. Se proteger. 
 Ela diz que é artista plástica e te mostra telas pintadas por ela. O tema é sempre o mesmo, a suástica hinduísta, ou alemã, sei lá... Ambas são idênticas. Ela explica que não. Que uma é para esquerda e a outra para direita. Você percebe que ela não tem reflexo no espelho.
 Um dia ela recua porque você comeu alho. Você não leva isso como um indício. Porque todo mundo recua com alho.
 Você se lembra então de que certa vez leu que lúcifer era um anjo lindo, o mais lindo! Começa acreditar que aquela criatura diabólica é má Só pode ser a madrasta da Branca de Neve. Só pode. .
 Tem certeza que ela, a coroa, te jogou algum feitiço. Você que antes gostava de garotas novinhas, está agora totalmente envolvido com a madrasta má?
 Uma voz vem do espelho dela. Uma voz masculina. Você pensa: “O que será que tem na minha bebida?”.
 Um dia acorda e não tem mais desejo de vê-la. Acha que o feitiço passou. Mas tem dúvidas se também não virou um vampiro.
 Ela é apaixonada por sangue fresco e poder. Não necessariamente nesta ordem.

Pontos a favor:
 Você vai sair um pouco do circuito confortável: Menininha, chatinha, bobinha, tontinha, frígida, namoradinha. E entrar em uma verdadeira tempestade. Uma montanha russa.

Pontos contrários:

 Vai entrar em regiões até então desconhecidas para você. Será que você já está pronto para uma aventura destas? No fundo você é apenas um menino.





    
















terça-feira, 27 de setembro de 2011

Tipos de mulheres parte 2

 (Num post anterior a este, existem outros 6 tipos de mulheres. Este é o parte dois.)





 A louca pra casar.

Vocês se conhecem há décadas, ela tem a sua idade. Ou até mais, 37, 38... Já viu quase todas as amigas se casarem, ou todas mesmo. Tem amigos e conhecidos em comum com você.
 Em festas, ela te serve. Faz seu prato, busca bebida. Te cumprimenta com um beijão melado no rosto, é a pessoa mais simpática da terra. Só te elogia.
 Ela nem se lembra que vinte anos atrás, ela era uma gatinha esnobe que nem te dava oi. Nem notava a sua existência. Naqueles tempos, era uma deusa. Todos a desejavam. Hoje sobraram os cinquentões para cima. E esses ela ainda não quer. Não está apelando.
 Você então diz que está difícil que você é um artista desempregado.
 Ela insiste que seu pai é um médico famoso, que você é sócio de restaurante. Sócio do Paulistano.
 Enfim, ela já sondou e sabe que depende só de você. Insiste em programas como caminhar no Ibirapuera. Viajar para a praia com a velha guarda. Claro, ela de biquíni ainda é melhor que a velha guarda. Será?
 Você não quer vê-la de biquíni. Quer lembrar dela quando ela tinha 15 anos e você era apaixonado por ela. Quando ela tinha uma bunda perfeita. Um cabelo que brilhava.
 Hoje se ela te pegar desprevenido, ou ainda se você encontrá-la à noite, no escuro é capaz de cumprimentá-la com um: “Oi tia.” E depois se dar conta que não é a mãe dela, e sim ela mesma.
  Ela vai te cercando falando de crianças. Comenta festas de casamento. Pergunta se minha casa é própria. Sonha com berços, Moises e bem casados.
 É apaixonada por um vestido branco na vitrine de uma butique.


 Pontos a favor:
 Você também não é tão jovenzinho assim. Já está na hora também de parar de ser padrinho e virar noivo.

Pontos contrários:
 Isto aí era um vinho maravilhoso. Mas era para ter sido bebido ainda jovem.











 A ninfeta filha de intelectual artista.

 Você a conhece num vernissage. Todos os tios da sua idade também estão de olho. Ela se veste com botinhas, um vestidinho curto e um casacão por cima. Tem o rosto bem maquiado. Algo de “Táxi driver” o filme.
 Não se sabe como você acaba ficando de frente para ela e começam a conversar. Ela diz que você se parece com o pai dela. Parece muito, com meu pai, ela diz. Ele também é assim meio intelectual artista. Igual você.
 E você tem medo de perguntar a idade dela. Você imagina que o pai dela deva ser assim... Igual ao seu. Só que mais descolado. Mais artista, sei lá.
 Na mesma noite ela te chama para ir numa balada. Você ainda não desconfia que ela tenha só 15 anos e que aqueles enormes seios são silicone.
 Você começa a dançar com ela na pista. Um monte de tiozão vem querendo se enturmar. Porque ela dança black music como se fosse uma negra americana.
 Aí você coloca ordem na casa e mostra para os projetos de rappers que você é que é o dono da fêmea. Ou ainda do filhote de fêmea.
 Você começa a perceber que as coxas dela são coxas de menina, embora os seios sejam enormes. O corpo ainda não é formado totalmente. Antes de você esclarecer ela começa te beijar loucamente.  
 Ela diz que está com fome e que ir comer um dogão. Depois disso você a leva pra casa.
 No dia seguinte conversando com uma amiga sua, descobre que ela é também amiga do pai da ninfeta. Descobre que o outro intelectual artista é só um pouquinho mais velho que você.
 Daí você não se sente mal. E ainda acha engraçado. Mas não sai por aí comentando, porque fica com medo de ser preso. Tem até hoje na memória a boca e as batatas da perna dela. E se ela não tivesse ido fazer intercambio você talvez tivesse sido preso.
 Ela é apaixonada pelo pai. Um grande intelectual artista.


Pontos a favor:
 Talvez seja a sua ultima oportunidade da vida de ainda poder beijar uma ninfeta.

Pontos contrários:
 Bem a começar pela cadeia e terminando em “Juno” o filme.














 A Bond Girl.

 Você a vê de longe numa estréia de teatro. Pensa logo, ou ela é uma atriz da novela das oito, ou ainda é namorada de um ator de novela das oito. A pele, o corpo, o rosto, os cabelos parecem ter vindo de outro planeta.
 Você sabe que aquele pedaço de carne de primeira não é para você. E você está bem resolvido com isso. Foi lá para ver teatro. 
 De repente de tanto você olhar para ela, percebe que ela também começa a te olhar. Você sabe que você nunca teria coragem de chegar nela. E para a sua sorte e seu desespero a vê vir em sua direção.
 Você tem vontade de chamar pela sua mãe. Suas pernas começam a tremer. Fica tudo embaçado.
 Você tenta então achar um garçom com uma bebida. Ao mesmo tempo em que tenta saber onde é o banheiro feminino, que ela te perguntou.
 Toma a bebida num só gole. E ela volta do banheiro com mais duas taças de espumante na mão.
 Por mais antipático e inseguro que você se mostre, ela está resolvida. Ela quer dar para você naquela noite. Por quê? Vai ver você deu sorte de estar no caminho. Mas você quer algo mais profundo com uma Bond Girl e vai para um restaurante japonês com ela.
 Afinal de tanto tomar espumante você ficou com fome. No restaurante você pede saquê a toda hora e ela te diz para ir de vagar. Você quer impressioná-la e diz que agüenta muito mais.
 No dia seguinte acorda de ressaca. Não lembra direito de muita coisa. E se dá conta que passou uma noite toda com uma mulher e não a conheceu. Não sabe nada a respeito dela. Só um vago: “Sou modelo.”
 Ela continua um mistério. Você não sabe nada dela. Nem tem o contato dela. Sumiu como uma bond girl.
 Anos depois vendo uma capa da Vogue, sente um gosto de saquê na língua. Então você a reconhece. Dá um suspiro e compra a revista. Fim da história.
 Ela é apaixonada por um colega modelo que é gay.


Pontos a favor:
 Se você sair com uma mulher dessas as outras mulheres vão te respeitar para sempre. Dinheiro chama dinheiro, mulher linda também chama mulher linda. Você vai ser fotografado e você vai ser o que você sempre sonhou quando criança:
 Você será o 007.

Pontos contrários:
 Você pode ser confundido com um playboy milionário e ser seqüestrado. Que mais? Que mais? Que mais? Você pode se tornar um chato convencido. E ficar mal acostumado para sempre. 












 A gordinha linda.

 Ela aceita sair com você a qualquer momento. Pode ser um dia gelado e você chamá-la de ultima hora. Nem interessa o lugar, para ela está tudo ótimo.
 E você a chama logo num domingo de madrugada, para não correr qualquer risco de ser visto com a gordinha num encontro. No fundo acho que ela sabe e não se importa.
 Chegam ao restaurante e ela olha o cardápio, depois olha para você e te confessa que está de regime. Pede então uma salada. E diz que já perdeu dez quilos. Você toma um susto se com dez quilos a menos ela continua gorda... Imagine como ela era?
 No final você que já mandou um espaguete, só de maldade pede um bolo de chocolate.
 A menina não resiste e cai matando. Um bolo de chocolate depois de meses de recesso lhe provoca uma compulsão. Ela quer pagar a conta de qualquer jeito. A sua e a dela. Quer agradar não importa como.
 Ela te convida para entrar. E para sua surpresa lhe dá um dos melhores beijos que você já teve. No escuro descobre que o que é bom de ver realmente não é bom de pegar e inverso também.
 A pele da menina é durinha embora ela seja cheinha. E antes que isto fique politicamente correto. Você se despede e some.
 Ela lhe manda recados agradecendo o jantar. Envia-lhe presentes, poemas e você sempre que vê um bolo de chocolate se lembra dela.
 Acaba virando sua amante. E cada vez você vai ficando mais desatento, até que um dia é flagrado com ela numa churrascaria rodízio da Marginal Tiete.
 Você não agüenta a explosão de comentários irônicos na internet e fora dela e decide não ver mais a gordinha.
 Depois de 30 torpedos e você carente, lembrando-se dos abraços nos escuros, não agüenta e segue para o SPA encontrá-la.
 Ela é apaixonada por carboidrato.

Pontos a favor:
 Você vai se sentir magro. Vai comer sem culpa. Não será corno, a principio.

Pontos contrários:
 Você será feliz, mas será discriminado.










 A perfeita.

 Um dia você a conhece. Bela, nem muito exibicionista, nem muito quieta. Culta, bem educada, trabalha. Tem cinco centímetros a menos que você. E seis anos mais nova.
 Já morou junto com outro cara. Cozinha. É criativa, alternativa, descolada, chique... Olhos verdes, lindo sorriso. Meiga, seios enormes e lindos Ela te adora, tem senso de humor, as amigas são ótimas, a irmã também, o irmão é na dele.
 Independente e está a fim de você. Ela adora sair, ir ao teatro, cinema, festas.
 Na cama é uma delícia, não fala em casamento, mas você vai ficando com ela.
 Tranqüila, calma. Você procura os defeitos, não acha. Nenhum. Nada. Sempre alegre, a conversa flui, você se diverte com ela.
 Você passa horas olhando o rosto dela e não se cansa. Você a admira dormindo, quer desenhá-la. Que rosto lindo, você suspira!  
 Mas chega um dia, você não a quer mais. Ela até chora. Ela quer saber o porquê disso?
 E você diz que não sabe. E você não sabe mesmo. E você se odeia, porque já gostou de tanta mulher imperfeita e sofreu por tanta mulher imperfeita e agora está com uma que é um sonho, e você não a quer. E vai embora sabendo que talvez tenha feito a maior burrada da sua vida.
 Ela é apaixonada por um burro.  


Pontos a favor:
 Você terá uma família de comercial de margarina.

Pontos contrários:
 Você quer realmente casar?










 A ninfomaníaca.

 Em público ela é super discreta. Te cumprimenta como se mal te conhecesse. Já sozinhos ela se transforma.
 Não adianta dizer que na praia de noite é frio, é perigoso. “E daí?” Ela dirá. Então você alega que ela está menstruada. “E daí?” Novamente.
 Quando ela chega à minha casa, já vai tirando a roupa e indo direto para minha cama. Ou entra no banheiro e sai pronta. Nua. Como se estivesse indo fazer ginástica.
 E é uma ginástica. Nos intervalos propõe chamar outra mulher na próxima. Para nos fazer companhia. Prometo pensar a respeito.
 Depois da quinta vez, resolve me acompanhar para comer algo. Saímos em busca de uma padaria 24 horas. Mas no caminho me faz parar numa praça deserta e novamente transamos.
 Já na padaria vou ao banheiro e ela me segue. E novamente transamos. Transamos no elevador, transamos com comida, sem comida, no banho.
 Ela pode sumir por meses. Mais um dia sempre volta. E sempre diz:
 “Nossa! Eu tinha me esquecido do quanto você é gostoso.”
 Para falar a verdade eu fico constrangido muitas vezes. Perto de um tipo assim eu sou um tímido.
 Ela tem um corpo totalmente malhado. E está em plena forma física. É insaciável e muito barulhenta.
 É apaixonada por um cara que come ela de vez em quando e não a assume. Ele é casado e ela diz que ele adora um ménage.

Pontos a favor:
 Você vai viver a vida e se libertar. Ela vai embora e não quer dormir de conchinha e nem carinho.

Pontos contrários:
  Você quer dormir de conchinha e quer carinho.

     


         
  
 


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Tipos de mulheres.


 O ser humano é complexo, por isso classificá-lo em tipos as vezes não é justo. Certa vez uma mulher ao olhar uma tela do pintor francês Henri Matisse, teria dito:
 “Aonde que isso parece uma mulher?”
 No que o pintor que ouvira, responde-lhe:
 “Isto senhora não é uma mulher. É uma pintura.”
 Bem agora vamos lá:



 A comunistinha.

 Geralmente é de classe média alta. Ou ainda só alta. A família tem fazenda ou construtora. Ou as duas coisas juntas. Diz que arte boa é só a que é feita por nordestinos, negros e índios. Ou ainda a arte que exalte nordestinos, negros e índios.
 Tem horror a termos em idioma inglês. Acha o francês uma língua essencial. Já leu o kit: Dostoievski, Proust e Gabriel Garcia Márquez. Ou melhor, diz que leu.
 Acha arquitetura e tudo que é do mundo visual perda de tempo. Quando bêbada se diz também artista. Mas uma arte a favor do povo. Almeja ser ministra. Agora se antes ou depois da revolução tanto faz.
 Não perde uma manifestação.
 Ela é apaixonada pelo professor de capoeira.  

Pontos a favor:
 Quando ela é bonita o mundo inteiro se apaixona. Vide a líder estudantil chilena.
 Não custa absolutamente nada. Freqüenta botecos com cerveja quente. Onde ainda paga a conta com a enorme mesada que a família lhe dá.
 Vai te levar conhecer Porto Alegre e Caracas. 

Pontos contrários:
Acontece que só é bonita uma em cem mil. E geralmente a bonita é Chilena.
Você tem de acordar os vizinhos na hora de fazer amor. Se não ela te acusará de fazer sexo burguês. Isso inclui ainda um fio terra.
 Você nunca terá razão em nada. E se você não for nem índio, nem negro e nem nordestino, você será sempre um cara errado.
 Ela te trocará por um aluno ou professor da USP, PUC, Unicamp engajado numa ONG e com barbinha por fazer.







 A corporativa.

 Fez administração. Adora livros do tipo: “O corpo fala”. Freqüenta stand-up. Tem uma completa alienação do mundo. Joga papel pela janela do carro. Depois fecha a janela bem rápido para não ser assaltada.
 Tem horror a índio, negro e nordestino, no que ela chama a todos de os Baiano. É sempre mal tratada em bares e restaurantes. E é mesmo. Os garçons não a suportam.
 Diz que separa muito bem amor de sexo. Mas não sabe bem o que é o tal do amor. Talvez coisa de gente fraca. Quer conhecer para usar no marketing do produto da empresa.
 Adora mostrar fotos da sede da empresa em algum país de primeiro mundo. Nunca sabe quem é o arquiteto que projetou a sede. E fotos de viagens pelo mundo. Nunca dá tempo de ir a um museu. Mas Louvre ela foi. 
 Sabe quanto o CEO ganha. Arte? Só gosta das que relaxam depois do trabalho. De preferência uma série de tv norte americana.
 Ou quando é um quadro caro.
 Chama os carros de TR4, XPF 7, DW 22... Adora tecnologia. E sempre que dá vai para Fernando de Noronha.
 Começa pedindo drinks clássicos, mas acaba na cerveja. Tal qual a comunista. Mundo curioso este, né?
 Ela é apaixonada pelo seu personal trainer.

Pontos a favor:
 Se for realmente malhada pode ser um excelente sexo.

Pontos contrários:
Todo o resto, com exceção ao: pode ser um excelente sexo.








 A Lolita inteligente.

 Confesso que este é o tipo que eu mais gosto. Quando você sai com um anjo destes em qualquer lugar você é bem tratado. Todos se derretem por ela.
 O jeito meigo. Verdade é que não existe gente propriamente burra no mundo. Ninguém é destituindo de inteligência.
 A Lolita inteligente no caso é uma menina especial. Carismática, linda, com vinte anos e sede de cultura. Adicione talento aí. E pronto.
 Arte para ela é um universo. É uma diversidade. É apaixonada por arte. É de bem com a vida.
 Ela tem humor. Ela te goza. Ela te escuta. Tudo é divertido.
 Você ganha cultura com ela. Tem uma excelente companhia para ir ao teatro.
 É ao mesmo tempo a filha que você não tem. A professora que você sempre sonhou. Ela te admira. Acha você experiente. Pode ser estudante de arquitetura, atriz e hostess de restaurante.
 Mesmo um simples café com ela, não tem preço. Ela é apaixonada pelo mundo. E pelo namorado novinho, que é músico.  

Pontos a favor:
Todas as células do corpo dela. Mais a alma.

Pontos contrários:
Você vai achar que seus cabelos estão brancos. Você vai se sentir gordo. Desajustado. E sempre vai concorrer com meninos tão ou mais cultos e interessantes que você. Com o agravante de que são meninos.  







 A elegante-chique.

 Ela não tem calça jeans. Está sempre maquiada. Mas não é uma perua. Ela somente vive nos anos cinqüenta. Conhece alta costura como ninguém. Divide seu tempo entre Paris e São Paulo.
 Em São Paulo é como se estivesse deslocada.
 É delicada. Tem um olhar triste, mas com um sorriso.
 Nos lugares sempre é bem tratada. As pessoas adoram atende-la. E ela é muito atenciosa. Sabe o nome de quem a serve.
 Domina todos os assuntos, inclusive política e futebol. Toma champanhe com feijoada. E sempre fala bem do Rio.
 Acorda todos os dias ao meio dia. Às vezes quando há uma missa de sétimo dia, acorda mais cedo. Ou para pegar um vôo.
 Tem jantares, vernissages, lançamento de livros, inaugurações, todos os dias. Não raras vezes mais de dois eventos na mesma noite.
 De dia almoça com as amigas. Vai à massagem.
 É uma excelente cozinheira. Mas por enquanto recusa convites para ser sócia de um restaurante.
 Ela está é criando coragem para lançar seu livro de contos.
 Ela é apaixonada por um cara bem mal vestido que escreve teatro.


 Pontos a favor:
 Você vai conhecer com ela o que o mundo tem de mais civilizado. Ela nunca é entediante. É amiga de todos formadores de opinião. Vai te apresentar o que o mundo tem de melhor. Inclusive autores que você nem conhecia. É fiel e te amará loucamente.

Pontos contrários:
 Se ela não tiver uma grande fortuna, terá muitas dívidas. Você se sentirá um americano ao lado dela. Terá de usar sapato.
 Vai acabar virando um coxinha. E se você não tem vocação para aristocrata se sentirá um peixe fora da água.
 E alguém tem vocação para aristocrata? Ou bem você nasce um, ou bem você nasce um.








 Varzeana Feliz.  

 Não está nem aí. Sabe que é uma varzeana mesmo e não inveja os aristocratas. Gosta de um churrasco. Um pagode. Um motel bem cafona. Veste-se com calça jeans e camiseta.
 Tem um corpaço e muita saúde. Adora a praia. Adora comer, rir. Acorda cedo. Adora sexo. Ela é totalmente heterossexual.
 Está sempre namorando. As amigas são como ela, varzeanas, mas ela é única bonita da turma.
 Você vai passar ótimos momentos. Em todos os lugares dirão que ela uma mulher muito simpática e bonita. Todos aconselharão:  
 “Casa-se com esta mulher, ela vai dar uma excelente mãe.”  
 Vai ser sua melhor amiga. Ela ama o pai, a mãe. Era feliz na escola. Te faz massagem.
 E você vai cogitar mesmo se casar com ela.
 Ela é apaixonada por você.

Pontos a favor:
 Mais que uma mulher, é uma amiga. Carrega as malas. Troca pneu. E troca o pneu feliz rindo. Gosta de guiar na estrada. Bebe mais do que você. Assiste futebol.
 Ama crianças. Te coloca para cima, te elogia. Te da beijinhos. Enfim cuida de você. E tudo está ótimo.

Pontos contrários:
Vem sempre com uma enorme família. Irmãos grandes e bêbados. Sogra que cozinha pessimamente e te obriga repetir várias vezes. Um pai que faz as piadas mais sem graça e politicamente erradas do planeta. E ainda peida sempre.  
 Inúmeras amigas varzeanas gordas, que dirão que você é um gordo e que ela tem muitas outras melhores opções.
 Enfim, o mundo varzeano todo.







 A hippie doida.

 Acreditem ou não. Eu gosto. Primeiro transamos e depois nos apresentamos. Banho tem de ser cachoeira. Pra que banho todo dia? Temos de economizar a água do planeta.
 Só come comida vegetariana. Espiritualizada. Carinhosa. Super feminina. Te faz viajar no tempo. Te faz viajar.
 Te faz prestar atenção nas árvores. Não briga. Não depila.
 Te da muito amor. Te batiza com um novo nome. Te toca de uma maneira especial. Cada canto ela decora e faz ficar agradável. Você descobre o olfato. Novos sabores. As preliminares com uma hippie são a melhor coisa que existe.
 Ela te transforma num ingênuo. Mas você fica feliz.
 As pessoas a tratam com receio. Alguns sorriem e outros tem nojo de cumprimentar.
 Ela é apaixonada pelo mundo. Pela humanidade. Apaixonada pelas florestas. Pelos bichos. Mas gosta muito de você.  



Pontos a favor:
Você ficará em total sintonia com a mãe Terra. Você se sentirá mais saudável. Vai emagrecer e curtir sua barba.
 E é bom parar por aqui. Porque você pode se descobrir um hippie, talvez até mais hippie que ela.


Pontos contrários:
Ter de ouvir que ela viu Jesus. Agüentar dezenas de gatos. E criar meia dúzia de filhos, que você nem tem certeza se são realmente seus. Nem você nem ela tão pouco.





 A louca pra casar.

Vocês se conhecem há décadas, ela tem a sua idade. Ou até mais, 37, 38... Já viu quase todas as amigas se casarem, ou todas mesmo. Tem amigos e conhecidos em comum com você.
 Em festas, ela te serve. Faz seu prato, busca bebida. Te cumprimenta com um beijão melado no rosto, é a pessoa mais simpática da terra. Só te elogia.
 Ela nem se lembra que vinte anos atrás, ela era uma gatinha esnobe que nem te dava oi. Nem notava a sua existência. Naqueles tempos, era uma deusa. Todos a desejavam. Hoje sobraram os cinquentões para cima. E esses ela ainda não quer. Não está apelando.
 Você então diz que está difícil que você é um artista desempregado.
 Ela insiste que seu pai é um médico famoso, que você é sócio de restaurante. Sócio do Paulistano.
 Enfim, ela já sondou e sabe que depende só de você. Insiste em programas como caminhar no Ibirapuera. Viajar para a praia com a velha guarda. Claro, ela de biquíni ainda é melhor que a velha guarda. Será?
 Você não quer vê-la de biquíni. Quer lembrar dela quando ela tinha 15 anos e você era apaixonado por ela. Quando ela tinha uma bunda perfeita. Um cabelo que brilhava.
 Hoje se ela te pegar desprevenido, ou ainda se você encontrá-la à noite, no escuro é capaz de cumprimentá-la com um: “Oi tia.” E depois se dar conta que não é a mãe dela, e sim ela mesma.
  Ela vai te cercando falando de crianças. Comenta festas de casamento. Pergunta se minha casa é própria. Sonha com berços, Moises e bem casados.
 É apaixonada por um vestido branco na vitrine de uma butique.


 Pontos a favor:
 Você também não é tão jovenzinho assim. Já está na hora também de parar de ser padrinho e virar noivo.

Pontos contrários:
 Isto aí era um vinho maravilhoso. Mas era para ter sido bebido ainda jovem.











 A ninfeta filha de intelectual artista.

 Você a conhece num vernissage. Todos os tios da sua idade também estão de olho. Ela se veste com botinhas, um vestidinho curto e um casacão por cima. Tem o rosto bem maquiado. Algo de “Táxi driver” o filme.
 Não se sabe como, mas você acaba ficando de frente para ela e começam a conversar. Ela diz que você se parece com o pai dela. Parece muito, com meu pai, ela diz. Ele também é assim meio intelectual artista. Igual você.
 E você tem medo de perguntar a idade dela. Você imagina que o pai dela deva ser assim... Igual ao seu. Só que mais descolado. Mais artista, sei lá.
 Na mesma noite ela te chama para ir numa balada. Você ainda não desconfia que ela tenha só 15 anos e que aqueles enormes seios são silicone.
 Você começa a dançar com ela na pista. Um monte de tiozão vem querendo se enturmar. Porque ela dança black music como se fosse uma negra americana.
 Aí você coloca ordem na casa e mostra para os projetos de rappers que você é que é o dono da fêmea. Ou ainda do filhote de fêmea.
 Você começa a perceber que as coxas dela são coxas de menina, embora os seios sejam enormes. O corpo ainda não é formado totalmente. Antes de você esclarecer ela começa te beijar loucamente.  
 Ela diz que está com fome e que ir comer um dogão. Depois disso você a leva pra casa.
 No dia seguinte conversando com uma amiga sua, descobre que ela é também amiga do pai da ninfeta. Descobre que o outro intelectual artista é só um pouquinho mais velho que você.
 Daí você não se sente mal. E ainda acha engraçado. Mas não sai por aí comentando, porque fica com medo de ser preso. Tem até hoje na memória a boca e as batatas da perna dela. E se ela não tivesse ido fazer intercambio você talvez tivesse sido preso.
 Ela é apaixonada pelo pai. Um grande intelectual artista.


Pontos a favor:
 Talvez seja a sua ultima oportunidade da vida de ainda poder beijar uma ninfeta.

Pontos contrários:
 Bem a começar pela cadeia e terminando em “Juno” o filme.














 A Bond Girl.

 Você a vê de longe numa estréia de teatro. Pensa logo, ou ela é uma atriz da novela das oito, ou ainda é namorada de um ator de novela das oito. A pele, o corpo, o rosto, os cabelos parecem ter vindo de outro planeta.
 Você sabe que aquele pedaço de carne de primeira não é para você. E você está bem resolvido com isso. Foi lá para ver teatro. 
 De repente de tanto você olhar para ela, percebe que ela também começa a te olhar. Você sabe que você nunca teria coragem de chegar nela. E para a sua sorte e seu desespero a vê vir em sua direção.
 Você tem vontade de chamar pela sua mãe. Suas pernas começam a tremer. Fica tudo embaçado.
 Você tenta então achar um garçom com uma bebida. Ao mesmo tempo em que tenta saber onde é o banheiro feminino, que ela te perguntou.
 Toma a bebida num só gole. E ela volta do banheiro com mais duas taças de espumante na mão.
 Por mais antipático e inseguro que você se mostre, ela está resolvida. Ela quer dar para você naquela noite. Por quê? Vai ver você deu sorte de estar no caminho. Mas você quer algo mais profundo com uma Bond Girl e vai para um restaurante japonês com ela.
 Afinal de tanto tomar espumante você ficou com fome. No restaurante você pede saquê a toda hora e ela te diz para ir de vagar. Você quer impressioná-la e diz que agüenta muito mais.
 No dia seguinte acorda de ressaca. Não lembra direito de muita coisa. E se dá conta que passou uma noite toda com uma mulher e não a conheceu. Não sabe nada a respeito dela. Só um vago: “Sou modelo.”
 Ela continua um mistério. Você não sabe nada dela. Nem tem o contato dela. Sumiu como uma bond girl.
 Anos depois vendo uma capa da Vogue, sente um gosto de saquê na língua. Então você a reconhece. Dá um suspiro e compra a revista. Fim da história.
 Ela é apaixonada por um colega modelo que é gay.


Pontos a favor:
 Se você sair com uma mulher dessas as outras mulheres vão te respeitar para sempre. Dinheiro chama dinheiro, mulher linda também chama mulher linda. Você vai ser fotografado e você vai ser o que você sempre sonhou quando criança:
 Você será o 007.

Pontos contrários:
 Você pode ser confundido com um playboy milionário e ser seqüestrado. Que mais? Que mais? Que mais? Você pode se tornar um chato convencido. E ficar mal acostumado para sempre. 












 A gordinha linda.

 Ela aceita sair com você a qualquer momento. Pode ser um dia gelado e você chamá-la de ultima hora. Nem interessa o lugar, para ela está tudo ótimo.
 E você a chama logo num domingo de madrugada, para não correr qualquer risco de ser visto com a gordinha num encontro. No fundo acho que ela sabe e não se importa.
 Chegam ao restaurante e ela olha o cardápio, depois olha para você e te confessa que está de regime. Pede então uma salada. E diz que já perdeu dez quilos. Você toma um susto se com dez quilos a menos ela continua gorda... Imagine como ela era?
 No final você que já mandou um espaguete, só de maldade pede um bolo de chocolate.
 A menina não resiste e cai matando. Um bolo de chocolate depois de meses de recesso lhe provoca uma compulsão. Ela quer pagar a conta de qualquer jeito. A sua e a dela. Quer agradar não importa como.
 Ela te convida para entrar. E para sua surpresa lhe dá um dos melhores beijos que você já teve. No escuro descobre que o que é bom de ver realmente não é bom de pegar e inverso também.
 A pele da menina é durinha embora ela seja cheinha. E antes que isto fique politicamente correto. Você se despede e some.
 Ela lhe manda recados agradecendo o jantar. Envia-lhe presentes, poemas e você sempre que vê um bolo de chocolate se lembra dela.
 Acaba virando sua amante. E cada vez você vai ficando mais desatento, até que um dia é flagrado com ela numa churrascaria rodízio da Marginal Tiete.
 Você não agüenta a explosão de comentários irônicos na internet e fora dela e decide não ver mais a gordinha.
 Depois de 30 torpedos e você carente, lembrando-se dos abraços nos escuros, não agüenta e segue para o SPA encontrá-la.
 Ela é apaixonada por carboidrato.

Pontos a favor:
 Você vai se sentir magro. Vai comer sem culpa. Não será corno, a principio.

Pontos contrários:
 Você será feliz, mas será discriminado.










 A perfeita.

 Um dia você a conhece. Bela, nem muito exibicionista, nem muito quieta. Culta, bem educada, trabalha. Tem cinco centímetros a menos que você. E seis anos mais nova.
 Já morou junto com outro cara. Cozinha. É criativa, alternativa, descolada, chique... Olhos verdes, lindo sorriso. Meiga, seios enormes e lindos Ela te adora, tem senso de humor, as amigas são ótimas, a irmã também, o irmão é na dele.
 Independente e está a fim de você. Ela adora sair, ir ao teatro, cinema, festas.
 Na cama é uma delícia, não fala em casamento, mas você vai ficando com ela.
 Tranqüila, calma. Você procura os defeitos, não acha. Nenhum. Nada. Sempre alegre, a conversa flui, você se diverte com ela.
 Você passa horas olhando o rosto dela e não se cansa. Você a admira dormindo, quer desenhá-la. Que rosto lindo, você suspira!  
 Mas chega um dia, você não a quer mais. Ela até chora. Ela quer saber o porquê disso?
 E você diz que não sabe. E você não sabe mesmo. E você se odeia, porque já gostou de tanta mulher imperfeita e sofreu por tanta mulher imperfeita e agora está com uma que é um sonho, e você não a quer. E vai embora sabendo que talvez tenha feito a maior burrada da sua vida.
 Ela é apaixonada por um burro.  


Pontos a favor:
 Você terá uma família de comercial de margarina.

Pontos contrários:
 Você quer realmente casar?











 A ninfomaníaca.

 Em público ela é super discreta. Te cumprimenta como se mal te conhecesse. Já sozinhos ela se transforma.
 Não adianta dizer que na praia de noite é frio, é perigoso. “E daí?” Ela dirá. Então você alega que ela está menstruada. “E daí?” Novamente.
 Quando ela chega à minha casa, já vai tirando a roupa e indo direto para minha cama. Ou entra no banheiro e sai pronta. Nua. Como se estivesse indo fazer ginástica.
 E é uma ginástica. Nos intervalos propõe chamar outra mulher na próxima. Para nos fazer companhia. Prometo pensar a respeito.
 Depois da quinta vez, resolve me acompanhar para comer algo. Saímos em busca de uma padaria 24 horas. Mas no caminho me faz parar numa praça deserta e novamente transamos.
 Já na padaria vou ao banheiro e ela me segue. E novamente transamos. Transamos no elevador, transamos com comida, sem comida, no banho.
 Ela pode sumir por meses. Mais um dia sempre volta. E sempre diz:
 “Nossa! Eu tinha me esquecido do quanto você é gostoso.”
 Para falar a verdade eu fico constrangido muitas vezes. Perto de um tipo assim eu sou um tímido.
 Ela tem um corpo totalmente malhado. E está em plena forma física. É insaciável e muito barulhenta.
 É apaixonada por um cara que come ela de vez em quando e não a assume. Ele é casado e ela diz que ele adora um ménage.

Pontos a favor:
 Você vai viver a vida e se libertar. Ela vai embora e não quer dormir de conchinha e nem carinho.

Pontos contrários:
  Você quer dormir de conchinha e quer carinho.









A Dona Flor.
Você sempre a achou interessante, mas ela era casada. De repente ela se divorcia. Tempos depois você a encontra. Combinam de se ver.  Você vai buscá-la para jantar. Ela pede que você entre só um pouquinho. Ainda não está pronta. E não está mesmo.
 Ela então te serve uma bebida. Você mal toma e ela, com um ar de nostalgia da inicio: “O Paulo também segurava o copo assim.”.
A principio aquilo não te incomoda. Tem até certo charme.  Você acha justo e pensa que foi um deslize. Afinal ela acabou de se separar. Faz o que? Só um ano?  
Minutos depois ela estará dizendo o signo do Paulo. Falara sobre a mãe do Paulo. E você ficando com fome.  Mas ela continua a falar de como era a casa quando o Paulo ainda morava ali. O que ela mudou e o que ela não mudou na casa.
 Duas garrafas de vinhos depois partem em direção há um restaurante que você sugeriu. Ela diz que o Paulo nunca a levou neste lugar. E fala sobre as preferências gastronômicas dele, o Paulo.  Já no restaurante ela decide que não esta com fome e pede um só prato para vocês dividirem. O garçom diz que o prato é grande. Que realmente para dois ate da para dividir. Você tem vontade de dizer para o garçom que vocês estão em três.
 Durante o jantar ela conta a vida dela antes e depois de conhecer Paulo. Você então já saturado daquela situação resolve falar das suas próprias ex-mulheres. Coisa que alias você adora. Quando se da conta, você e a Dona Flor estão comparado as suas ex-mulheres com o Paulo. Discutindo se eles combinam ou não.  
 Você já está na sobremesa e é agora um expert em Paulo.
 Já sabe os gostos dele, as manias, é como já o conhecesse. “O Paulo é um artista!” Ela diz.

Tenta refletir se o Paulo realmente seduzia as jovens alunas. Se ele realmente era um alcoólatra como ela dizia. Dona Flor já estava na terceira garrafa de vinho, e dizia que um dos motivos de ela largar o Paulo era que ele bebia em excesso.
 Excesso? Você se coloca a imaginar o que poderia ser este excesso. Umas cinco cachaças “velho barreiro” por dia?
 De volta à porta da casa dela. Dona Flor olha para todos os lados, esta meio aflita. Diz que é melhor eu ir embora, que o Paulo pode aparecer. Eu digo que já faz um ano que ele esta com a jovem aluna dele. Ela não se convence. Ela não quer traí-lo. Corre abre a porta e sem nem mesmo se voltar para trás, entra em casa.
 Ela é apaixonada pelo ex.

Pontos a favor:
 Se você for um ator, uma ainda um doido com dupla personalidade, pode se deleitar fazendo um laboratório. Pode fingir que é o Paulo e usar as roupas dele. Pode ainda dormir na cama dele, ter as mesmas opiniões que ele. Tudo baseado nas informações da Dona Flor. E talvez você consiga transar com ela. Transar a três.
 Finalmente você vai se dar conta de que falar de ex num encontro, é estragar qualquer possibilidade. E nunca mais vai fazer isso. Será?

Pontos contrários:
Você vai saber tudo de um tal Paulo que você nem conhece e não vai saber nada dela. Apenas o obvio. Ela ainda ama o ex. Você vai se perguntar: Será que ela não quis saber nada de mim? Nem me reparou? Ou seja, vai se sentir um step de pneu.



A amiga da namorada.
Você conhece duas mulheres em uma balada. As duas são melhores amigas. Fica na dúvida de qual você vai pegar. As duas são gatas. Ambas simpáticas e estão a fim. Inclusive estão competindo por você. O conflito é enorme, mas você tem de se decidir. Percebe que as duas é demais. Não vai dar. Além do que você não conseguiria dar conta.
 Você então opta pela mais meiga. Troca telefone. Você começa a namorar com a mais meiga. Acontece que a outra agora sempre vai estar junto de você e sua namorada. E num certo fim de semana, você chama a namorada para andar na praia, ela diz que não tem vontade e diz para você ir andar na praia com a melhor amiga dela.
 Aquela mulher que você depois de quase um ano, a vendo sempre, a deseja cada vez mais. Inclusive se questiona se acertou na escolha. Você poderia ter escolhido ela. E agora estão juntos, numa praia quase deserta. Ela de biquíni, com os cabelos soltos e o vento batendo. Ela te chama para entrar na água. Vocês se aproximam. Os dois riem, ela te joga água e espera que você entre na brincadeira.
 Você entra na brincadeira. Você chega à conclusão de que o seu anjo da guarda ficou lá na areia. E que seu diabinho da “guarda” é um surfista de primeira. Ele, o diabinho, está bem ali. A menina se aproxima você vê aqueles peitos, os pelos... É agora ou nunca.
 Daí você pensa, por que nunca? Pode ser amanhã. Você recua. E fica dando mergulhos como um mineiro que nunca viu o mar. Ela para de brincar e fecha a cara. E se ela estiver só me testando? Você pensa.
 E você se lembra de como a sua namorada é meiga e te ama. Então toma uma decisão e saí correndo da água na direção do seu anjo da guarda. Já na areia seu anjo da guarda te abraça e diz que você é o cara!
 Mas a melhor amiga da namorada não sai da água. Parece que está se afogando. E para desespero do anjinho da guarda você volta para salva-la e a salva. E salvando-a você se perde.
 Percebe caminhando na volta que aquela, melhor amiga da sua namorada, é também meiga, sensível, delicada e quase se afogou. Você quer cuidar dela, Você agora tem ciúmes dela, até dela com a sua namorada.
 Ela fala o quanto ela gosta de mar e natureza e o quanto ela está feliz com aquele domingo perfeito na praia. Na volta para São Paulo você fica a olhando pelo retrovisor enquanto sua namorada, que está do seu lado, troca as músicas. Sua namorada nem desconfia.
 Ela é apaixonante.

Pontos a favor:
  Como diz Oscar Wilde: “Só há uma maneira de você vencer um desejo. Jogando-se a ele..”
 Meu amigo no amor vale tudo.

Pontos contrários:
 Largue a mão de ser cafajeste! Ela é a melhor amiga da sua namorada. Já imaginou ela beijando seu melhor amigo? Um pesadelo, né? Então seja homem. Para você ter uma coisa, você tem de abrir mão de outras. Ela nem gosta de você, é só uma bandida. Será?



A ciumenta boxeadora.
 Ela tem ciúmes. Muito. Ela acha que você é simpático em excesso com as pessoas. Um dia se interessa pelo seu plano de celular. Diz que vai conseguir negociar um melhor na operadora.
 O que você ainda não sabe é que ela começa a receber na casa dela os números para quem você liga. Esta era a negociação. Depois ela sabe-se lá como, descobre a senha dos seus e-mails, do seu Faca-Book.
 Para ela todas as mulheres do mundo são bandidas. Você sai para beber com as atrizes que você está ensaiando. Ela acha um absurdo e ameaça terminar o namoro. Mas antes ela te da uma surra. Sim ela treina boxe.
 Não que tudo isso venha já na primeira semana de namoro. Não. É um processo que vai se intensificando. Certo dia ela chega e diz que você tem de se livrar da sua coleção de play-boys. Como assim? Você diz. Algumas ou metade delas eu herdei do meu avô, você argumenta.
 Não adianta, em poucos minutos ela as pega todas e carrega no carrinho de super mercado. Você nunca viu o seu porteiro tão feliz. Ele não crê no presente ganhou.
 Tempos depois, você descobre que ele não ganhou só a sua coleção de revistas. Mas recebe dinheiro dela para dar informações de quem vai a sua casa. Ela sabe com quem você fala no clube. Você se torna uma pessoa vigiada.
 Diz que vai a um bar depois do ensaio com todo o elenco, inclusive os homens. Mas acabam mudando os planos e vocês vão para outro bar. Porque o que vocês iam anteriormente está fechado.
 Ela então te liga. Está aos gritos.  Quer encontrá-lo porque diz que passara de carro no bar e não te viu. Inclusive o bar está fechado. Você quer argumentar que só sobrou você e o Ailton, que é um ator gay da companhia. Ela chega lá e começa a te bater na frente do Ailton. O garçom chega a pensar que você tem algo com o Ailton.  Ela começa a pensar que você tem algo com o Ailton.
 Você se confunde todo. E começa a mentir para ela, não porque você a trai, mas porque você não quer apanhar dela. Mas não importa tudo o que você diga ela encontrará uma falha, um buraco na sua história.
 Até que um dia você vai a uma festa. Sai com cinco atrizes e vão para casa de uma delas. Você beija as cinco atrizes juntas. Sai de lá de madrugada e vê que tem 80 ligações dela não atendida.
 Você não agüenta e diz a ela pelo celular a verdade. Que você estava não com uma mulher, mas sim com cinco mulheres. Ela tem um ataque de riso. Claro que não acredita e te da um mês de folga.  Então você percebe que quanto mais você a trai de verdade, mas ela sossega.
 Até um dia que ela começa a sumir. Você liga e ela não atende. O celular acabou a bateria. Estava sei onde, com sei lá quem e esqueceu sei o que e não viu o celular, porque sei lá o que e quem... Blá, blá, blá... Tenho outro.
 É você descobre que a sua gatinha do boxe, aquela garota visceral, que te amava incondicionalmente, tem um amante. E você que nunca havia sentido ciúmes daquela criatura, fica desesperado. Você não passa de um corno.


Pontos a favor:
 Namorar uma mulher ciumenta faz bem para o ego. Você vai descobrir inúmeras mulheres que te dão bola e que você nem sabia.
 O problema é que talvez seja fantasia dela. E você não poderá olhar de volta para estas mulheres, porque você vai estar com o cão de guarda. Ela.


Pontos contrários:   
 No começo apanhar é até divertido. Você ri, é algo diferente. Mas em determinado momento, um pacifista como você começa a achar aquilo degradante. Como você pode se relacionar com uma pessoa que te bate? Te bate e ao mesmo tempo diz que te ama?



Vitor ou Vitória.
 Você a vê dançando. Vai lá falar com ela. Percebe que ela apesar de suave e muito feminina é objetiva. Você não sabe direito bem o como, mas começa a se relacionar com ela. Ora ela é uma menina, ora é um menino.
 Aquele ser andrógeno te provoca muitas reações. E é esta parte que ela mais gosta. De ver o que acontece com você. De se perceber menos frágil do que você.
 E você não se sente um homem quando está com ela. Se sente, mas também não se sente. Ela não inspira aquelas sensações que dizem que nós homens heterossexuais temos. A de ter duas mulheres ao mesmo tempo. Não.
 Ela pede uma porção de bacon e fica te encarando. Os gestos, quando ela não está dançando são contidos. Mas o olhar é uma das coisas mais intensas da terra. Ela fica ali te ouvindo, não porque ela te deseja desesperadamente, mas porque ela gosta de ver como um “homem” se comporta com ela.
 Ela tem um humor extraordinário. É uma artista até o fundo da alma. E você que também não é lá muito bom da cabeça, depois de vários copos, começa a ver, não mais aquele ser underground, e sim a santa Joana D’ Arc.
 Ela quer alguma coisa a mais de você. Algo mais pratico. Sexo talvez.  Ela está te dando uma oportunidade. E você fica ali, a colocando na parede.
 Por que você é isso? Por que você gosta daquilo? Há quanto tempo que você sabe que você gosta disso? No começo ela até se diverte. Nos tornamos um Eduarda e Mônico, Mas depois ela vai se cansando.
 Você quer uma mulher e ela também quer uma mulher. Você no fundo a inveja. Ela é uma artista plástica, coisa que você nunca conseguiu ser. Ela é bissexual, coisa também que você nunca conseguiu ser.
 Mas tem algo a mais. Naquele jeito agressivo, com uma voz de menina, um humor de moleque, umas costas de bailarina, Você quer o Vitor, você quer a Vitória. Você quer só a igualdade.
 A verdade é que com ela você pode ser você mesmo. Melhor dizendo, com ela você pode jogar as máscaras fora. Ser esta pessoa sensível, feminina, sem se preocupar. Acontece que às vezes com ela, você fica o inverso.
 Um monstro, ibérico que se julga superior. Alguém que vai dizer-lhe: “Ei garota, eu posso ter estas mulheres que você sonha. Porque elas gostam de homem.”
 No fundo existe aí um conflito insolúvel. Ela não entende porque você não desiste. E você não entende porque ela sempre dá outra chance.
 Ela te ajuda na sua arte. E você talvez a ajude na dela.
 Ela é apaixonada por arte, por meninos e por meninas.  


Pontos a favor:
Esta é a sua verdadeira chance de ter um grande amigo e ainda transar com ele. Mas, mais do que isto é a sua oportunidade de conhecer a fundo a humanidade.

Pontos contrários:
 Se as mulheres já são complicadas, imagine esta?
 Ela diz que me faz uma pergunta simples. E que eu respondo, aí do meu jeito. Você fica sem saber quem é o homem e quem é a mulher da relação. Será que isto é realmente um ponto contrário?



A Esportista:
 Você sempre a vê no clube. Ela tem um corpo diferente. Tudo é como se a gravidade a puxasse para cima e não para baixo. Os músculos são todos marcados. Se ela ficasse pelada, poderiam usá-la em uma aula de anatomia.
 Você fica ali refletindo, como seria possuir um corpo daquele? A oportunidade aparece. Ela diz para você pega-la umas seis horas. Da tarde. Você a leva para um bar na Vila Madalena. Ela nunca havia ido a um bar na Vila Madalena. 
 Você chega até a desconfiar inclusive, que ela nunca nem esteve num bar antes. Em nenhum. No terceiro suco, ela grita:
 “Meu Deus do céu! Já são oito e meia e eu ainda estou de pé!”
 Você diz que é sábado a noite e amanhã é domingo. Ela diz que tem que pedalar as cinco da manhã até Ubatuba e voltar antes do almoço. Aí você não sabe se ri, ou se é sério. Ela ri antes e quebra o gelo. Ponto para ela. Até que é mais esperta do que imaginei.
 Não é porque vive para o corpo que não tem um pensamento veloz. Mas aquilo vai ficando tão triste. Começo a fazer uma consultoria com ela. Conto o que eu faço de exercícios durante a semana. Ela balança a cabeça e diz: “Está bom para quem está começando.” Começando? Eu treino desde sempre. Acontece que o que eu faço em um mês, ela faz em três dias.
 Nove horas e ela começa a piscar os olhos. Nove e quinze. Você pede a conta e a carrega até o carro. Ela já está dormindo. Antes das dez e sua noite de sábado acabou. Você pensa: “Só vai ter um jeito. Eu namorá-la na hora do almoço. É o único horário em que os dois estarão acordados”.
 Você descobre que aquele plano de parar de beber, e viver para o esporte, estão longe da sua realidade.
 Ela ama as olimpíadas.

Pontos a favor:
 Aquele corpo malhado realmente impressiona. Você dorme sem culpa. A noite de sono com ela é um prazer. Quer dizer, se você conseguir dormir antes das dez da noite. Eu não consigo.

Pontos contrários:
 A falta de assunto. Ou ainda assuntos rasos. Não é porque ela é atleta que você também vai ser. Ou ter de ser. Enfim, desde o começo você sabia que não iria dar certo.
 Alguém tem de fazer massagem nela. Se não for você, será outro. Mas isso até que nem é um ponto contra. Pode ser até gostoso. 




A Vampirona.
 Ela vive de preto. Mesmo de dia. A Pele é branca. Já foi casada, tem dois filhos. É o que alguns chamam de coroa. Mas ela é uma coroa que destrói corações. De senhores poderosos e até mesmo de universitários, garotos e... Até o seu coração também. Também? Também. Uma espécie de Carla Bruna brasileira. 
 Ela é vizinha dos seus pais. Você a conhece no elevador. Começam a sair. Você acha que ela está entrando na sua. Acredita que ela passa as tardes ligando para as amigas, contando do garotão que ela encontrou. Acredita que ela agradece a Deus de você ter aparecido.
 Te incomoda um pouco você ir na casa dela e ver aqueles filhos, que parecem que saíram do filme “Crepúsculo”. Eles ficam te olhando com cara fechada. Ela diz aos vampirinhos que você é um amigo dela. Mal sabe você que eles continuam indiferentes porque toda semana aparece uma vitima diferente. “Um amigo”.
 Um cara que pensa que está comendo a mãe deles. Mas mal sabe que está é se transformando em um vampiro. Ela te chupa todo. Tem muito mais estrada que você, embora pareça tão lânguida, tão civilizada...
 Você descobre que ela tem uma suástica no braço. Ela diz que não. Que a tatuagem é um símbolo hinduísta que os nazistas distorceram. De qualquer maneira você apreçasse a lhe dizer que você embora pareça, você não é circunsisado. Que Chacra é cristão. É melhorar se garantir. Se proteger. 
 Ela diz que é artista plástica e te mostra telas pintadas por ela. O tema é sempre o mesmo, a suástica hinduísta, ou alemã, sei lá... Ambas são idênticas. Ela explica que não. Que uma é para esquerda e a outra para direita. Você percebe que ela não tem reflexo no espelho.
 Um dia ela recua porque você comeu alho. Você não leva isso como um indício. Porque todo mundo recua com alho.
 Você se lembra então de que certa vez leu que lúcifer era um anjo lindo, o mais lindo! Começa acreditar que aquela criatura diabólica é má Só pode ser a madrasta da Branca de Neve. Só pode. .
 Tem certeza que ela, a coroa, te jogou algum feitiço. Você que antes gostava de garotas novinhas, está agora totalmente envolvido com a madrasta má?
 Uma voz vem do espelho dela. Uma voz masculina. Você pensa: “O que será que tem na minha bebida?”.
 Um dia acorda e não tem mais desejo de vê-la. Acha que o feitiço passou. Mas tem dúvidas se também não virou um vampiro.
 Ela é apaixonada por sangue fresco e poder. Não necessariamente nesta ordem.

Pontos a favor:
 Você vai sair um pouco do circuito confortável: Menininha, chatinha, bobinha, tontinha, frígida, namoradinha. E entrar em uma verdadeira tempestade. Uma montanha russa.

Pontos contrários:

 Vai entrar em regiões até então desconhecidas para você. Será que você já está pronto para uma aventura destas? No fundo você é apenas um menino.


 Por enquanto são essas. Eu sei que este tema não é nada original. E é uma visão minha. Valeu.