sábado, 20 de novembro de 2010

Os Irmãos Chavez- Capítulo 3

Advertência: Se o leitor ainda não leu o capitulo um e dois, textos anteriores a esse, não entenderá o capítulo 3. Pois trata-se de uma continuação.

 O bar ficava próximo da praça onde uma catedral barroca era iluminada. Um quarteirão cinqüenta por cento rural e metade urbano continha os três bares de Lucrécia; a cor predominante eram o branco e o amarelo da nave e torres do templo. Já o “Beco do Sucesso” era edificado em madeira. O vento penetrava com facilidade tanto quanto os clientes, que circulavam também pelos outros dois botecos.


Era meia-noite e o lugar já estava cheio. Em uma das mesas Gabriela em um vestidinho de estampas vivas observava Caio conversando com uma garota no balcão, enquanto bebia whisky com Cris e os outros.

Ela notou que a menina pouco olhava para Caio e estava começando a dar sinais de retirada. Foi então que Gabriela perguntou a si mesma: “Como eu fui transar com esse feinho e baixinho?” “Se com ele tinha sido bom com outro poderia ser até melhor.” Olhou então em volta, mas não viu ninguém que a interessasse, e acabou dando de cara com Cris que vestia uma camiseta preta. Começou a tocar um CD dos Rolling Stones. Cris era realmente lindo, mas que droga! Além de lindo ele tinha um sorriso que com certeza desconcertaria qualquer mulher casada.

— Cris, se você precisar eu trouxe camisinha!

— Para cima de mim, sua punkinha virgem!

— Nem de signo, Cris!

— Então passa para cá que eu vou precisar.

Levantou-se e foi atrás de uma das muitas neo-hippies do lugar.

Caio agora a olhava, mas ela já ocupara os olhos tentando ver aonde o irmão fora.

— Pronto, o Cris deu uma folga! — disse Caio, que viera sentar ao seu lado. Mas ela nem lhe escutou e o álcool agora a fazia rir à toa só de olhar para Guga e Jaime. (É muito nome eu sei).

— Vamos dar role? — propôs Pedro que dizia ter arrumado um beque. Foram.

Subiram para uma colina mais afastada, não para se esconderem com medo de serem pegos por uma autoridade local, mas sim para ficarem mais à vontade e terem uma vista do mar. Era lua cheia e duas garotas vieram se juntar. A brisa morna levantava o cabelo de todos que em formação de roda passavam o baseado de mão em mão, um ou outro apesar da boca seca introduzia com o dedo umas porções de saliva para a seda não descolar. Quando Cris ensinou essa manha para Gabriela ela achou um tanto não higiênica, mas agora nem se dava conta e também o fazia automaticamente.

Caio puxou Gabriela pelo braço até a praia; ficou nítido ao vocalista apesar de estar “doidão” e um tanto alcoolizado, que a menina não estava mais apaixonada e isso reverteu o jogo, ainda mais depois de Gabriela se esquivar das tentativas do vilão em tentar roubar-lhes alguns beijos.

— Você ficou mais doce agora à noite. Disse a mocinha.

— Que calcinha mais linda essa sua Gabi, que você abre as perninhas... Sem querer eu vi lá no bar, com esse vestidinho.

— É me enganei. Você não ta mais doce e sim amargo.

— E você não está mais a fim de mim, não é?

De repente Caio largou seu braço e se afastou. Mal Gabriela teve tempo de virar as costas e Cris surgiu com uma menina.

— Essa é minha irmã e esse é o meu amigo Caio que você conhece bem, ele está tomando conta dela para que nenhum malandro se aproveite da sua falta de experiência.

— Nossa você é linda! — cumprimentou a menina.

—E malandra! — concluiu Caio.

— Ai, como vocês dois estão chatinhos, ninguém precisa tomar conta de mim! Já de vocês...

Cris contou que sua amiga, se é que era só amiga, daria uma festa no dia seguinte na casa onde ela e outras meninas de Ribeirão Preto estavam.

— Vem, vamos dançar forró. — propôs Cris. A irmã aceitou, então os dois desceram a colina em direção ao bar, deixando a menina e Caio atrás, ao luar.

Dançaram algumas músicas e todos ficaram admirados de ver um casal tão apaixonado, e eram lindos diziam alguns. “Tão bonitos que até parecem irmãos.”

Gabriela quis ir dormir e Cris a levou de volta para a pousada. Os dois estavam altos por causa do whisky, mas o sistema neurológico dos dois ainda estava bem coordenado, ainda mais depois da dança. A irmã quis saber se Cris estava beijando a menina de Ribeirão Preto ao que ele bobamente respondeu ser só dela. Estavam agora na porta do chalé que estava trancado.

— Cadê as chaves, Gabriela?

— Onde está Cris, Chaves?

Cris tirou um molho de chaves que caiu no chão. Os dois se abaixaram para pegá-lo e um rápido beijo na boca foi trocado, mas logo interrompido. Cris se apressou em abrir a porta e os dois não se encararam mais. Não fora um beijo de irmãos como já acontecera sempre na presença de testemunhas, apenas o chamado selinho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário