segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Mulheres desinteressantes.

Em principio todas as mulheres bonitas são interessantes. Em principio. Pelo menos para mim. Mas aqui vou falar de mulheres bonitas, mas com almas e com personalidades desinteressantes.
 Desinteressante para mim leitor. Vamos ao primeiro tipo:
 Delegado do DOPS no corpo de um anjinho:
 “Ale vamos sentar ali perto da janela?”
 Aquela loirinha frágil de voz sensual me perguntava. Mas será que ela não sabe que o meu nome é Leo? E não Ale. Eu quis corrigi-la, mas de repente me deu um branco.
 “O...” Será Gabi, Camila, Luana? Por falta de opção. Confirmei com um sim. E ela:
 “Tá bom então aqui?”
 “Tá. Tá ótimo.”
 Nós já tínhamos saído anos antes. Uma única vez. As coisas até que estavam indo bem, quando, nesta primeira vez, eu acho que fiz um comentário que ela não gostou. Ela tinha dito:
 “Quando te perguntarem uma coisa. Responde? Tá.”
“Claro. Me diga uma coisa. Por um acaso, olha o que eu vou te dizer é sutil, mas por acaso, alguém já te disse... É discreto...”
 “Disse o que? Pergunta logo.”
 “Que você é um tanto quanto estrábica?”
 Depois desta, ela me fez levá-la embora do restaurante direto para sua casa, sem beijo de despedida.
 Bem, anos se passaram e estávamos ali agora, nos dando uma segunda chance. Um segundo jantar. 
 “Você ainda é palhaço Ale?”
 “Acho que vou ser palhaço...”
 “Ai desculpe Leandro, eu aqui te chamando de Ale, faz um tempão”. Ela disse isso sem sorrir. Aliás, este anjinho não sorri. Pelo menos comigo. Ela deixou bem claro que não gosta de deboche, piada, enfim humor em qualquer forma. De que será que ela gosta? Da morte?
 Meu nome é Leo, eu queria dizer. Mas também não lembrava o nome dela. Ah! Lembrei, é Danila. Mas será? Existe Danila? Dalila?
 “Então Leandro, você é muito esquisitinho. Você não pode sair por aí falando o que você quiser e dando uma de Zé Celso, subindo em cima da mesa e tirando a roupa. Você deve respeitar as pessoas Ale.”
 O que é que esta menina agora está dizendo? Zé Celso? Seria aquele diretor de teatro? Deve ser. Provavelmente ela está me confundindo.
 “Você pensa o que Ale? Uma conversa deve ser solidária. Que nem agora. Olha aí. Essas coisas que você faz. Fica aí parado me olhando, sem falar nada.”
 Será que uma noite, uma relação sexual vale tanto esforço? Eu tentei elogiar a entrada do prédio dela. Ela disse que era uma entrada comum.
 Eu disse que deveria ser muito bacana trabalhar na Berrini. Ela disse que era horrível. Eu disse, mentindo claro, que deveria ser muito bacana trabalhar numa empresa enorme. Ela disse que não, que era um stress e muito trabalho, não gratificante.
 “Vamos mudar o tópico da conversa Le? Posso te chamar de Le, não posso?”
 Claro que pode, Le é algo válido tanto pra Ale, Leandro ou Leo. Aquela menina tinha códigos, condutas, normas, formulários a conversa não fluía. Eu a desejava, por outro lado transar com o delegado do DOPS?  Sim, a alma dela era de um conservadorismo, algo tão reacionário.
 As mulheres dizem que os homens são seres insensíveis. Sei lá eu. De homem só conheço este aqui que escreve, eu mesmo.
 Agora tem cada coisa por aí. Cada mulher tão indiferente a poesia, aos sonhos, a fantasia. Às vezes são lindinhas, mas debaixo daquilo, da pele, elas são senhorinhas retrógradas.  
 No fundo eu acho que a... Danila deva ser muito infeliz. E por algum motivo não quer que eu seja feliz.
 Diz que não podemos falar o que pensamos por ai. Claro que podemos. Podemos até escrever o que pensamos. Porque os pensamentos são nada mais que sentimentos.
 Uma mulher que não sabe mais olhar olho no olho. Que fala com um garçom sem olhar na cara dele. Isso é ser civilizado? Corram! Invasões bárbaras!
 “Eu acho que um homem só amadurece aos 80 anos.”
 Foi com esta frase que eu saquei a menina.
 Eu nunca bati em mulher nenhuma. Nem uma ex-namorada tem queixas ou rancor de mim. Nunca explorei mulher, nunca enganei. Eu gosto muito de mulher. Mas daí a dizer que são seres mais frágeis, sensíveis e oprimidos. Não sei? Eu como feminista sei que existem muitos criminosos por aí.
 Mas me tratar como um ser humano a ser concertado? É fazer comigo, o mesmo que por milênios, fizeram com vocês mulheres.
 Desconfio as vezes que nem todo machismo nasce de um homem.
 “ Você não acha Ale que eu estou contribuindo para melhorar você?”
 “Claro que está menina. Você nem imagina como.”  
   
  

   

Um comentário:

  1. Ale, digo, Leonardo (desculpa, mas foi irresistível!), o final é ótimo! Sem querer entrar em análises psicanalíticas, o homem que nós, mulheres, questionamos, acusamos - e que não vivemos sem -, é, em boa parte, fruto de uma mente feminina.

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