terça-feira, 26 de julho de 2011

23 Capítulo III


 O leitor deve antes ler os capítulos I e II, postados anteriormente, antes de prosseguir pelo III. Grato.

 A menina quase mulher, abordava os transeuntes na calçada da Avenida Paulista com a Rua Augusta. Ela mais cinco jovens tentavam conseguir assinaturas de doações para a sua ONG, via cartão de crédito.
 Não eram jovens com cara de contratados por empresas para fazer pesquisas sobre comportamento. Eles tinham algo de sofisticado e muitas vezes queriam mais comunicar-se com a rua do que propriamente conseguir fundos.
 Seu nome era Letícia. Parecia claramente ser a líder do grupo. De estatura média para alta, cabelos longos e echarpe no pescoço. Foi ela quem abordou Felipe naquele fim de tarde. Ele vinha passando olhando para ela. Claro que quase todos os homens vinham passando olhando para ela.
 “Oi tem um minuto.”
 Ele tentou fingir-se na dúvida. Na verdade ele não tinha só um minuto, e sim a vida toda. Mas fingiu tão bem que Letícia se esforçou no charme.
 “Você conhece o grupo 23?”
 Ele respondeu que não. Então ela explicou que eles ali eram um grupo que salvaria o planeta da cobiça e da ganância das grandes corporações capitalistas. Ou que pelo menos estava combatendo a idéia unilateral da exploração egoísta dos recursos da mãe Terra.
 “Você quer ajudar?”
 “Claro que eu quero!”
 Foram então para o segundo passo, preencher uma ficha com nome, endereço, e-mail, mas foi quando Letícia perguntou a ocupação, que ela teve uma surpresa e começou a se interessar realmente por aquele rapaz.
 “Biólogo.”
 “Jura?”
 “Juro! Mas eu trabalho com paisagismo.”
 “Aqui na Avenida Paulista?”
 “Às vezes”. Ele riu. Depois emendou. “Eu estou indo ao teatro.”
 Bem a conversa ia terminando, e Felipe arriscou.
 “Será que você não podia me dar um contato para eu saber mais sobre o grupo 23?”
 Até ali Felipe talvez estivesse sendo honesto, ele queria realmente saber mais, alias, saber tudo sobre o Grupo 23. O que ele não foi sincero é quando disse que não conhecia o Grupo. Há dois meses ele vinha estudando tudo o se sabia sobre o tal Grupo 23.
 “Você tem todas as informações no panfleto Rodrigo e também no certificado que eu te dei. Veja depois o nosso site."  Felipe agora era Rodrigo. E sim Felipe tinha ganhado não só um certificado de doador como uma meia dúzia de papéis informativos. Papéis recicláveis claro.
 “Mas eu vou te escrever o meu o contato, se você quiser participar mais. Seria ótimo um biólogo.” Ela escreveu então o número do celular. Depois pediu o dele. Nisso apareceu Lucas.
 “Este é o Lucas.” Os dois se cumprimentaram. Lucas usava roupas apertadas, tinha um corpo maravilhoso e um aspecto muito jovem. Teria no máximo uns 22 anos. Ele sorriu para Felipe.
 “Rodrigo é biólogo. E quer participar mais.”
 “Ótimo, bem vindo Felipe.”
 Era difícil saber qual a relação de Letícia e Lucas. Namorados? Amigos? Amantes? 
 Ele então se afastou, andou mais uns quatro quarteirões. Olhou em volta. Com a certeza de não ter sido seguido, pegou o celular e ligou.
 “Mari! Primeiro contato feito. Um sucesso.”
 “Eu já disse pra não usar uma linha aberta. Felipe, eles parecem inofensivos, mas não são.”
 “Desculpe.”
 “ Venha pra cá e depois falaremos mais.” 
 "A caminho." 
 "E Felipe?"
 "Sim."
 "Estou feliz." 
 Mariana tinha razão. Era a primeira missão do agente Felipe como infiltrado. Não era propriamente no crime organizado tradicional. A principio nada demonstrava perigo de violência. Mas o grupo ou clube 23 era extremamente organizado e competente. Felipe havia sim sido seguido. É difícil acreditar em teorias da conspiração. Mas aqueles jovens sabiam o que estavam fazendo. Eles não formavam uma organização secreta. Por isso eram ainda mais perigosos. Pois praticavam ações criminosas dentro de uma ONG. Ou ainda se disfarçavam de ONG para cometer ações criminosas. Eram lobos na pele de cordeiros. Prato cheio para a policia federal. 
 E isto Mariana gostaria que Felipe não se esquecesse. Eles eram a policia e Letícia, Lucas e quem mais fizessem parte do Clube 23 eram os bandidos.
 Mas eles pareciam tão doces, tão meigos. Só o tempo diria se a primeira abordagem havia sido realmente um sucesso ou não. Mas ele estava confiante. Agora era esperar.
 Uma coisa ele Felipe estava contente, teria de seduzir dois jovens muito atraentes. Melhor impossível. Entrou no metrô. Tão entusiasmado que nem se deu conta de um jovem de uns 28 anos que o seguia.




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