O leitor deve estar acompanhando as “celebrações”, dos trinta anos da guerra das ilhas Malvinas.
Acho que desde que o enorme e perigoso Paraguai nos invadiu, nenhum outro conflito de proporções desta magnitude ficou tão perto da gente aqui de São Paulo.
E falando em São Paulo estava eu subindo hoje a Alameda Casa Branca, e sem querer me escapa:
“Oh mochila pesada!”
Minha namorada parou me olhou, e disse:
“Da isso aqui pra mim. Eu já disse que não queria que você a carrega-se. Se ela é minha...”
“Eu só disse que ela é pesada.” Ela me olhou ainda mais brava e falou séria.
“Você nunca fez exercito, né Leo? Você daria um péssimo soldado.”
Eu no meu machismo ia começar a gritar o que ela sabia sobre exército? Já ia com dedo apontado para a cara dela. Ela já estava com a mochila nas costas, e não parecia achar nada pesado. Continuou a subir a rua. Sem me dar importância.
Quando me ocorreu que assim como ela, eu não sei nada a respeito de exército.
Por que afinal o povo que mora naquelas ilhas, sem árvores, com muitas pedras e um vento gelado, deve optar ou por Inglaterra, ou por Argentina?
Não podem simplesmente serem uma vila livre e independente como a do Asterix? Um lugar bulcólico, autossuficiente?
Você sabia leitor, que foi uma mulher chamada Margaret quem aceitou começar a guerra das ilhas Malvinas, ou ilhas Falklands?
Dias antes no parque do Ibirapuera, dois jovens falavam de carreiras, salários, chefes e colegas enquanto tomavam um lanche depois dos exercícios. Aqueles dois jovens nunca haviam se alistado no exercito. Porque eram jovens, mas eram meninas. Nada na fala delas lembrava o feminino. Elas conversaram uma hora só sobre valores, mercado, preços. Nada sobre homens, crianças, moda...
E como não estamos nem na Suíça nem em Israel, por que deveriam ter se alistado?
Há algo interessante em ser Brasileiro. Nós não sabemos direito para que serve um exército.
Para o Chaves não tomar o Amapá? Para vermos desfiles no sete de setembro? Uma vez me ensinaram que ele serve para além de proteger as nossas fronteiras, fazer a nossa constituição ser respeitada.
Na volta da exposição do museu quando, ela, a minha namorada, reclamava dos pés que doíam, eu disse:
“Eu teria dado um excelente soldado.”
Ela que já nem se lembrava, franziu a testa. Acho que depois lembrou e deu de ombros.
“Sabe por que eu teria dado um bom soldado?” E ela que é mais alta do que eu:
“Não. Não sei. Por quê?”
“Porque lamentavelmente todo garoto de 17 anos é louco para ser soldado. E os caras de 37, por mais aliviados que são por nunca terem sido, sempre terão uma curiosidade. Como seria ter ido para a guerra?”
Acho que é a mesma sensação da mulher que nunca deu a luz. Mas isso tudo tem os dias contados. Com os aviões caças robôs, e os homens engravidando.
Felizes, mais felizes ainda que o Asterix e Obelix é o povo das Malvinas.
Asterix tem de se defender por si só. Agora o povo das ilhas, têm Inglaterra e Argentina brigando por eles. O conflito mais improvável e fictício dos últimos tempos.
Será que é realmente só uma vontade masculina adolescente de brigar?
Ou será que de novo tem uma mulher querendo ver um monte homens se matando? Hein Cristina?
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