terça-feira, 4 de setembro de 2012

Final- Os anões gêmeos de Nova Orleans.



 As meninas de Dona Glen, não raras vezes tinham algum tempo livre. Principalmente sábados a tarde, quando seus clientes estavam com a família. Foram então até o porão para ver a quantas andava o anão cadáver.
 Cutucam, riem e chacoalham o pequeno George. Até que o anão levanta num salto e abre os olhos. Elas apavoradas, pensando se tratar de um fantasma saem correndo pela rua.
 A verdade é que o anão nunca havia batido as botas. Foi que o Dona Glen pensou quando lhe contaram. Era óbvio que o Doutor Jacó é que estivesse muito velho e não percebera que o anão estava só cansado e não morto.
 George ao se lembrar do show e ver as horas, tratou de correr para clube de jazz.   
 Já eram quase nove Horas da noite e o show estava para começar. Buddy Lee, posicionado na coxia, nos bastidores. Sonny e o resto da banda, incluindo aí o policial que havia os ajudado a fugir da delegacia, estavam cada qual com seu instrumento no palco. Herbie cabeção muito nervoso segurava o trompete nas mãos. Ele estava no centro de tudo e mal sabia onde deveria colocar a boca.
 A casa estava cheia. Não cabia mais ninguém. Gambele, o mafioso, e Frank Stitt seu sócio empresário musical, estavam na melhor mesa. Joe Parker também estava lá, mais bem mais atrás, numa mesa do lado da porta, caso tivesse que fugir, fosse do Xerife de Fort Mallins, ou dos gangsteres de Chicago logo a sua frente.
 Parker, havia contado só lá dentro uns seis pistoleiros, capangas de Gambellini.
 Então o show começou. Herbie e Buddy Lee, como um não podia ver o outro, estavam em total falta de sincronia. E mesmo porque Buddy Lee que era surdo não via nada e também não escutava nada.  
 O som estava de mal a pior. Era explicito que estava tudo fora do tom. Não havia sintonia e o policial que abriu as portas da delegacia, era mais amador do que Herbie.
 Frank Stitt já estava se levantando. E de repente George entra pela porta com o trompete na mão e corre para o palco e já começa a tocar.
 Foi um mal estar geral. Os dois anões no palco. Gambele e Stitt, não sabiam se aquilo fazia parte do show. Deram sinal para que parasse tudo. Parker se mandou. Sonny tremia. Acenderam as luzes.
 Todos os músicos pararam de tocar. Mas o som do trompete de Buddy Lee continuou. Um dos capangas abriu as cortinas e lá estava Buddy tocando. Ele ainda continuou por alguns segundos, mas logo viu que algo estava errado.
  Gambele então se levantou empurrando o garçom.“Que diabo está acontecendo aqui?” Berrou
 “Por acaso os anões são dois e não um?”
 Tomou uma dose de uísque. O lugar todo em silencio.
 “Matem os músicos!” E virou o copo. Feito isso despencou no chão.
 Por sorte havia um médico no local, doutor Jacó Shorter. Que ao examinar o senhor Gambele, o declarou morto.
 No final das contas este episódio fez com que nenhum músico morresse.
 Gambele foi enterrado dois dias depois. Seu corpo foi levado de volta para Chicago. Até hoje não se sabe a real causa da sua morte, afinal ele era um cardíaco. Especulasse  que a qualquer momento aquilo poderia acontecer.
 Descobriu-se também que George o anão e Herbie o anão eram gêmeos. Mas George fora criado pelo pai, também músico e Hebie pala mãe, que era cozinheira.
 Há anos se cruzavam trinta para ser exato, desde crianças. Agora encontram-se todos os sábados para nadar no Rio Mississipi. Exceto nos invernos. 

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