segunda-feira, 13 de julho de 2015

Tipos de ricos.

Tipos de Ricos:

 O conceito de rico é relativo. Para alguém com uma renda de 15.000 reais mensais, que convive com pessoas, com renda de até 2 mil, este alguém, é rico para os demais. E para ele mesmo.
 Já alguém com renda de 30 mil, mas que convive com pessoas com renda de 80 mil reais, também mensais, este alguém vai se sentir pobre.
 Uma curiosidade, existem uns 150.000 milionários no Brasil, destes, só uns poucos 35, tem um patrimônio maior do que um bilhão de dólares. Mas não é necessariamente dinheiro, que faz uma pessoa entrar nos nossos tipos. Às vezes, a postura, a caricatura, e a atitude, vem desacompanhadas de patrimônio. Basicamente, o que faz um rico existir, é a presença de um pobre.
 Se enxergarmos o indivíduo, e não o grupo à qual ele pertence, teríamos que ser complexos na descrição de cada ser. Por isso, isto aqui é um retrato das qualidades, características mais comuns, e não pretende ser a definição final.
 Tento também, apenas colocar uma visão talvez, mais para a artística, e não cientifica, nem marxista, muito menos religiosa.     
 Agora, chega de desculpas e vamos aos tipos:


O rico simples:


 Este tipo é aquele que realmente aprecia a pobreza. Quando vê pedreiros, pintores de paredes, jardineiros, faxineiros... trabalhando, lá vai o rico-simples puxar conversa. Seus assuntos basicamente são de temática cristã. Posta-se ao lado do trabalhador, e fala, fala, fala sem parar.
 Debocham de empresários, políticos, e falam da beleza de São Francisco de Assis. Da necessidade de ricos aprenderem a servir, para respeitar os pobres. Da inutilidade do consumo. Raramente quer saber a opinião do pobre. Trata o pobre como criança, animal de estimação. Adora chamar o pobre para sentar à mesa, tomar café.
 Leva os funcionários para almoçar, e até para beber junto. O rico-simples aprecia realmente a companhia do pobre. Gosta de verdade da comida, arroz feijão, pinga e piadas infames. Geralmente este tipo não trabalha, é herdeiro.
 Podem ser encontrados em clubes, hotéis de veraneio, principalmente fora de temporada, condomínios na praia e em classe turística em viagens de avião. Se veste com camisetas, tênis, e sem cores, nem luxo. Adoram ônibus vazios, onde apresentam notas de cem para os cobradores.




O rico babaca:


 Existe em qualquer país do mundo. Mas aqui, falo dos brasileiros. Quer sempre tudo do bom e do melhor. Adora a divisão de classe social. Perde muito tempo fiscalizando pessoas de classes inferiores, fazendo, agindo fora das regras, estas regras, por sua vez, que geralmente são delírios, do próprio rico-babaca.
 Ou repreender simplesmente, quando o pobre, ou indivíduo de classe inferior, localiza-se em lugares, ditos “fora da cozinha”.  
 Da pelo menos uma carteirada por dia. Nunca anda a pé, nem de ônibus. Seu carro é sempre blindado. E vê sujeira em tudo. Tem pavor de sol, pois tem pavor de sua pele escurecer. Não assiste nem filmes, nem peças de teatro, nacionais.  Aliás, não vai a cinemas, pra que? Se pode ver series americanas em casa?
 Se veste basicamente com roupas importadas e novas. Geralmente seu trabalho é chefiar, ou ainda ser puxa saco de poderoso. No caso, alguém maior que ele na escala das classes.



O rico- Moema:


 Como o próprio nome diz, trata-se de alguém que mora num bairro como o de Moema. E não, em um bairro dito mais aristocrático, Morumbi, Jardins e Higienópolis. O rico-Moema, não dá a mínima para tradição, sobrenomes e carteiradas.
 Ele é alguém que trabalha muito, quer qualidade de vida, mora próximo ao parque, é contido, quer um bom vinho, mas não o mais caro.
 Num país desenvolvido, ele seria alguém da classe média. Mas aqui no Brasil é rico.
 É visto com desdém tanto por ricos, quanto por pobres. Os primeiros dirão que é uma pessoa com ambições pequenas de classe média. Já os pobres, os acusarão de ser um fracassado.
 Ele sempre estará fora dos livros de história. É o chamado setor médio urbano. Não possui terras, nem fábricas, nem empresas.
 Geralmente são profissionais liberais. Ou trabalham em grandes empresas.
 No vestir, tentam seguir algo chamado “estilo”. Mas sempre desanda para algo sem muita criatividade. Politicamente são os mais conservadores. Pois querem conservar o pouco que têm.






O rico- Ipanema:


 Este tipo, apesar do nome, pode estar em qualquer grande Capital do Brasil. Recife, Rio, Belo Horizonte, Curitiba.  Trata-se do rico descolado. O famoso culturetes. Se considera melhor que um rico, ou intelectual Americano, ou mesmo o Europeu, pois o rico- Ipanema, seria o mais completo.
 Tem a mesma educação que os gringos, geralmente fez até colégio Americano, mas alega que conhece também a maravilhosa cultura Popular Brasileira.
 Antigamente eram fanáticos pela França, hoje eles têm uma ligação, ou predileção maior por Nova Iorque.
 Não se relacionam com funcionários. Adoram diaristas, e gostam de trabalhar com pobre que faz faculdade. Incentivam o pobre a estudar, mas ironicamente o rico- Ipanema autêntico, não tem muita formação acadêmica.
 Tem sim uma boa base. Geralmente os pais o mandam estudar fora, na Suíça, na Califórnia, em Londres.
 Se vestem com roupas dos amigos estilistas, são criativos, e até muito originais.
 Não produzem nada, seu trabalho é transformar a herança em ONGs, ou editoras de arte, reformas de apartamento, festas, vernissages...




O rico de verdade.


 Este tipo, meu leitor, é o rico, que é dono do banco que você deve. Do canal de televisão que você assiste. Da cerveja que você bebe. Do ônibus que você toma.
 Ele muitas vezes acorda, e passa o dia todo sem ver uma pessoa mais rica do que ele. Ou seja, com certeza, se ele não tem uma reunião, um jantar, um evento, onde seus pares vão comparecer, o rico- de verdade, só irá conviver com pessoas mais pobres do que ele.
 O sonho do rico de verdade, é ser mais rico dos que os Chineses. Comprar mais bancos, mais cervejas, mais televisões, mais construtoras.
 Seu medo, por sua vez, é perder dinheiro e deixar de ser rico de verdade.  E de algumas semanas para cá, alguns têm também medo de serem presos, detidos.
 Certa vez ouvi que este tipo, nunca fica louco. Pois o rico de verdade fica é no máximo excêntrico.
 Inexplicavelmente este tipo, também possui uma motivação, um desejo, assim como o rico- simples, de conviver com pobres, bem mais pobres do ele.
 E também uma propensão para consumir coisas simples. Como arroz e feijão.
 Para não dizer uma vontade de fazer atividades simples, como pegar uma enxada, fazer churrascos, pintar paredes.
 Por incrível que pareça, o rico de verdade, pode ser confundido com um pobre, pelo seu portar, e vestir.
 Porque a verdade é que as pessoas mais elegantes e educadas que existem são os ricos de verdade, e os pobres. 




O rico Golfe. 


 Este tipo, é aquele rico brasileiro, que decide viver no Brasil, mas como se estivesse nos Estados Unidos. Ele surge com o desenvolvimento da indústria Aeronáutica. Faz milhagem no cartão, por isso está sempre em Orlando, ou esquiando em Aspen.
 Conhece toda a Califórnia, no Brasil, mora em condomínios de casas, com nomes Americanos, que em nada diferem dos originais.
 O interior de suas casas seriam perfeitamente cópias dos subúrbios americanos, não fossem a quantidade de câmeras de segurança, e quartinhos de empregadas.
 O Rico Golfe, odeia samba, feijoada, é um verdadeiro cameleão, não fosse algo que o trai.
 Ele é mais colorido no vestir do que um americano comum. Uma calça vermelha, as vezes uma meia amarela, um tênis roxo, de resto até seus carros são aqueles enormes, iguais aos americanos
  O Rico Golfe, gosta de fartura. Louças grandes, muita comida, casa extremamente espaçosas, em condomínios ao lado de imensos campos de golfes.
 Ele vive no Brasil, como se o Brasil fosse marte. Tudo ao seu redor é blindado, carros, casas, shoppings.
 O Rico Golfe, nunca, mais nunca mesmo, foi ao centro de São Paulo, ou andou numa calçada fora de condomínio.
 Ele anda de ônibus, só em aeroportos, mesmo assim, com uma claustrofobia imensa.
 Metrô, nunca andou. Mesmo em NY, ele alugou limusines blindadas.
 Hoje ele vai numa reunião de condomínio, para tentar colocar ar condicionado no campo de golfe, afinal o Brasil ainda é um país tropical.




O rico saudosista.


 O rico saudosista, bem da verdade nunca foi rico. Ele aquele indivíduo que tem uma enorme vocação para rico, mas não tem dinheiro. Nem sabe como ganhá-lo. Tem amigos ricos, maneiras de ricos, gestual, oratória, de ricos, conhece tradições.
 Geralmente usa algumas palavras em francês. Sabe quem são as famílias tradicionais, e não raras vezes é monarquista.
 Tem loucura por brasões, e adora os anos 50. Cria toda uma fantasia de que sua família até os anos 50, teria um grupo empresarial. Fazendas, palacetes, criados, e faziam festas enormes. Ah! Os bons tempos, suspira o rico- saudosista.
 Depois passa a viver de saudosismo, pois começa a acreditar nesta fantasia. Tem um discurso de que se acostumou com a nova vida, de menos dinheiro, e menos glamour.
 Geralmente aluga um apartamento um dormitório, bem pequeno, mas muito bem localizado. No bairro dos Jardins de preferência. Compra algumas peças, objetos em feirinhas do Bixiga, e decora seu espaço como um fiel representante da decadência.
 Os amigos ricos então, revezam-se para leva-lo a bons restaurantes e casas de praias e fazendas aos finais de semana.
 Ele acaba sendo sempre convidado para vernissages, e eventos da alta sociedade. Sai em colunas sociais. E é sempre consultado sobre arte moderna, pintores principalmente, até os anos 60. Ele sempre alega que teve uma enorme coleção. E que seu avô era o melhor amigo e conselheiro de Juscelino Kubitschek.
 Mas numa entrevista, disse que sua família, originaria da França, foi rica mesmo, rica de verdade no período de Dom Pedro II.




O novo rico.


 Este talvez seja o mais clássico, e o que mais desperta a curiosidade das pessoas. O novo rico, seria o indivíduo que até uma semana atrás ainda era classe baixa. Logo todo seu comportamento se transforma, num curto período de tempo. E nem tudo pode ser tão rapidamente assimilado.
 O novo rico, com certeza é o mais excêntrico de todos os ricos. E bem da verdade ele quer frequentar a classe alta, não por gostar de ricos antigos, mas para se exibir para os antigos amigos pobres.
 Sua frase predileta é: “Antes novo, do que nunca”.
 Ele vai agora comprar tudo bom e do melhor, ou seja, vai adquirir o que é caro. Vai comprando tudo, misturando as coisas caras. Somando-se a isso uma estética que destaque ainda mais. Suas casas são ostentosas, suas festas também.
O som é alto, a felicidade é enorme, as risadas sem limites, seus closets labirintos infinitos de cores, e fantasias.
 Sua casa possui pomar, pianos de caldas, esculturas gregas, colunas romanas, com arquitetura moderna, formas e mais formas, sem unidade.
 Chafarizes, fontes, cascatas e escorregadores nas piscinas. Música sertaneja, pagodes, e televisões de última geração em todos os 15 banheiros de sua casa.
 Botões que fazem a sala girar. O novo rico tem uma propensão ao estilo Las Vegas de ser, misturado com o Shopping Internacional de Guarulhos.
 Ou ainda, não tem estilo algum. Só coisas extremamente caras, desajustadas, confusas e sobrando.
 Outra frase, e que serviria bem para este tipo, é: “O mais é menos”.




 O Rico Avarento.



 Este é fácil, existiu muito no século XX. São geralmente migrantes ou imigrantes. O Português da padaria, que se tornou milionário. O comerciante Turco. Fizeram dinheiro trabalhando muito, e economizando mais ainda.
 Eles nunca têm mais do que precisam em casa. Na própria casa digo. Porque alguns chegam a ter tantos imóveis, que nem sabem quantos são ao todo.
 Estão sempre reclamando de que a vida está difícil. É são extremamente desconfiados. Desconfiam de todos os prestadores de serviços. Têm pesadelos constantes de que foram roubados.
 Geralmente por não terem formação, morrem de medo de serem enganados.
 Não têm timidez nenhuma em pedir desconto, e possuem uma energia sobrenatural para uma negociação, nem que seja um desconto num café expresso.
 Desconfiam que a nova privada da reforma, de um de seus imóveis foi trocada. Que a faxineira está roubando cuecas usadas.
 Andam com as chaves de toda a casa e gavetas na cintura. Tudo está sempre trancado.
 Em hotéis, dormem com um dos olhos abertos.
 Em restaurantes, que só vão, se extremamente necessário, dão um show à parte.
 Se o garçom simplesmente pronunciar a palavra couvert, é capaz do rico avarento passar mal.
 Sempre leva as sobras para viagem. A água só é boa se for da torneira. E não se enganem, o rico avarento não aceita cortesias, nem presentes. Pois é muito desconfiado.
 A não ser um presente de casamento, que quando não considera bom o suficiente, devolve o presente e cobra um melhor.
 Se você leitor, considera isso muito exagerado, saiba que eu tive e ainda tenho parentes assim. E quando você tem acesso a lógica deles, as privações e as perseguições que passaram, tudo faz sentido.
 Este tipo não admira ninguém, não inveja ninguém, não odeia ninguém. Só tem medo. Muito medo e desconfiança. Seria cômico, se não fosse trágico.
 O rico avarento, geralmente começa a trabalhar aos oito anos de idade, e só para quando morre.




O rico- Forbes.



 E finalmente o rico Forbes. Este tipo, que na minha opinião deveria comprar a revista Forbes, e assim fazer com que seu nome constasse sempre da lista, mas não. Ao invés disso, o rico- Forbes, sofre todo ano.
 Será que meu nome vai estar na lista este ano? Será que cai de posição?
 É um ilusionista. É rico claro. Mas ele faz com que pensemos que ele é dez, as vezes até cem vezes mais rico do que ele realmente é.
 Por isso tudo na sua vida, tem de ter um significado de marketing. Não basta ser bilionário, tem de parecer bilionário, é o seu lema.
 O rico Forbes, faz selfies na frente de navios, edifícios novos de 50 andares. Sempre possuem carros milionários, helicópteros, festas extravagantes milionárias, e sempre pagam para serem rodeados de celebridades.
 Vivem intensamente. Perdem cem milhões num dia, ganham 150 milhões no outro dia.
 São adrenalina pura. Mas nem sempre a frase do 007: “Eu nunca perco”. Funciona.

 Mas a verdade é que as mulheres lindas tendem a gostar dos ricos Forbes.  

2 comentários:

  1. Texto muito bom! Sou classe média e monarquista....Será que sou um rico saudosista? Acho não....afinal sou tijucano rs.

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  2. hahahaha, amei o texto! Super atual, não importa se a bolsa já quebrou uns ricos-forbes ou se já colocaram o ar-condicionado no campo de golfe.
    Escreva mais, por favor. Isso torna o blog mais RICO ;-)
    bjos

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