Se o leitor ainda não leu o capítulo 1, não pode ler o dois. Para tanto é só ler, ele é a postagem anterior a esta. Valeu.
A praia estava linda naquele final de tarde. Ela tinha um quilometro e meio de extensão. Bem na frente da pousada é onde ficavam os surfistas. Uma linda coincidência. Se não fosse a dor da perda de Luana, eu estaria muito feliz.
Não entendo como algumas pessoas se preocupam com a estética das casas na praia. Dentro da água o que se vê são as enormes montanhas verdes da mata atlântica, a praia, o mar e que Deus existe. Existe?
Havia cinco caras na água, mas só um me cumprimentou. Era um cara bem definido. Passou e me deu um sorriso. Depois ficava me olhando, meio curioso. Acho que vou me dar bem aqui no Cacau.
Depois do banho, uma bichinha da recepção passou a me perseguir.
“Senhor Amaral está tudo bem com a sua estada? Precisa alguma coisa?” Rui Amaral, este era o meu disfarce.
“Oi, você é?” Eu vi o crachá escrito Richard. Mas não queria dar a entender que eu fosse alguém esperto. Quanto mais tonto, mais informações nos dão.
“Richard, mas pode me chamar de Ricardinho.” Sei... Eu hein!
“Ricardinho? Mas Richard é tão bonito. Combina com você.” É as vezes eu sou meio afetado.
“Olha Ricardinho para falar a verdade sim. Você pode e ajudar.” O jovenzinho magrinho e muito feinho, ficou extremamente contente em ajudar.
“Um amigo meu me disse de um lugar chamado... Que o nome era um número?”
“O senhor Amaral quer uma sugestão de um restaurante?”
“Sim, não existe nenhum lugar aqui com nome de número?” Claro que eu já tinha dado um google com todas as possibilidades possíveis: Cacau imobiliárias 16. Cacau 16, Dezesseis litoral norte. Restaurante 16.... Enfim, era a última tentativa.
“Aqui no Cacau? Não.”
“Acho que me confundi. Mas de qualquer maneira onde você me recomenda jantar?”
“No Constantinopla! Sem dúvida o melhor restaurante da região. Não faz feio em nenhum de São Paulo.”
“Ótimo, você poderia me reservar uma mesa?”
“Sim claro.”
“Me diga uma coisa Ricardinho... Eu estou aqui de férias, atrás de umas gatas, você entende, não é?” O Ricardinho ficou vermelho de vergonha. Parecia desapontado, mas ao mesmo tempo um papo tão direto assim o tirou da mesmice, da monotonia da portaria.
“Tem uma moça de uns 35 anos acabou de separar, está no quarto 18. É muito bonita e tem um corpão.” Ele dizia isso num sussurro.
“Sei, mas fora esta recém divorciada...”
“Verônica, Dona Verônica, um charme e muito simpática.”
“Sim Verônica, mas muitas outras mulheres sozinhas vêm para a pousada, não?”
Foi aí que ele deu um suspiro.
“Seu Amaral... Se o senhor soubesse... Se o senhor soubesse...”
“Rui, pode me chamar de Rui. Mas então me conte, estou de férias adoro histórias.”
Foi aí que ele falou de Luana. Não disse o nome, mas a descrição e as datas era ela. Mas eu não podia acreditar no que eu ouvia. Um garoto de 16 anos vinha visitá-la no quarto? E eles ainda saiam juntos, sempre.
Ela era a minha melhor amiga, e eu nunca soube que ela gostasse de garotos. Pelo contrário seus grandes amores sempre foram homens mais velhos do que ela. Mesmo assim consegui saber quem era o menino. E o mistério do número 16 estava resolvido.
Conhecendo minha amiga, este garoto deve ter relação com a investigação imobiliária. O computador de Luana foi roubado no mesmo dia em que ela se afogou logo este menino era a minha única pista naquele momento.
A fome apertou e segui a pé pela rua principal em direção a Constantinopla, o restaurante contemporâneo do cacau.
Nenhum comentário:
Postar um comentário