segunda-feira, 11 de julho de 2011

16 Capítulo 3.

O leitor deve antes ler os capítulos anteriores 1 e 2. Valeu.

  A música logo na entrada era muito agradável. Agradável, que palavreado é este Victor? O restaurante Constantinopla era bem iluminado e com muita vegetação. Uma linda garçonete, Catarina, veio me receber. Havia só mais duas mesas. Um jovem casal bem vestido e na outra, duas senhora e um senhor. Comi uma massa ao dente maravilhosa. Surfe da muita fome. Um vinho italiano acompanhando.
 Perguntei a Catarina se ela conhecia Foguinho. Este era o nome do menino.
 “O que é que você quer com ele? Coisa boa não pode ser.”
 “Disseram-me que ele da aula de surfe. Confere?”
 “Olha se ele não estiver ocupado assaltando nenhuma casa de turista pode até ser, porque ele é bom surfista. Mas todo cuidado é pouco.”
 Tentei mudar de assunto.
 “Por acaso Catarina você sabe de casas para alugar por aqui?”
 “Claro que sei. O meu amigo tem uma imobiliária, a Sun Time. Procure pelo Juca e diga que a Catarina é que te mandou.” Pegou a bandeja e se mandou.
 Quantos anos esta linda mulata poderia ter? Com certeza menos de vinte. A sobremesa uma deliciosa torta de limão.
 Voltei para o hotel e mal entrei uma mulher de uns quarenta anos e muito em forma me chamou:
 “Hei não quer me acompanhar num espumante?” Ricardinho estava atrás do balcão do bar da pousada e ria meio como piscando para mim. Meu Deus só podia ser a tal Verônica, e agora? Se eu disser a ela que sou gay terei um Ricardinho em cima se achando íntimo para sempre. Se continuar a bancar o heterossexual fazendo turismo, eu vou ter de pegar esta... Nossa que mulher vulgar!!!
 Tentei simular um mal estar e corri para o quarto. Mas Verônica bateu na porta junto com Ricardinho e me ofereceram remédios. Não teve jeito, tive de voltar ao bar e vencê-la no álcool. Pensei que uma mulher de 40, já alta não agüentaria muito. Ilusão, eu acordei numa resseca. Pelo menos acordei sozinho. Já era meio dia.
 O café da pousada já tinha sido tirado. Encontrei uma padaria e foi lá mesmo que tentei me informar sobre Foguinho, o menino de 16 anos.
 “O senhor está atrás de aula de surfe?” Me perguntou um rapaz de uns 25 anos que me atendia.
 “Isso”.
 “Sinto muito moço, o Foguinho faleceu ontem à noite. Hoje é o enterro dele.”
 “Como? Morreu ontem, de que?”
 “Provavelmente ou foi droga ou foi alguma coisa que ele roubou. O Foguinho mais uns por aqui vivem roubando as casas dos turistas. Trabalhar ninguém quer, uma hora daria nisso.”
 Minha única pista havia desaparecido. Pelo que eu soube depois com Ricardinho, Foguinho tinha levado umas facadas num beco que tem acesso à praia. Resolvi então visitar uma imobiliária. Ricardinho me sugeriu a mesma que Catarina. Sun Time, Juca.
 “O Juca é um cara sensacional. Se você quer uma casa boa ele te arruma.”.
 Conclui que o Juca era um cara bonito. Mas não imaginava que fosse tão bonito. Recebeu-me com um lindo sorriso. Tinha quase a minha altura, uns 35 anos. Cara de bem sucedido e de esportista. Um lindo corpo. Nossa comecei a me apaixonar.
 Com certeza Luana ficaria mexida com um tipo desses, apenas um detalhe ela não iria gostar, Juca era simpático, lindo mas sem conteúdo nenhum.
 Levou-me ver algumas casas para alugar. Eu disse que queria comprar um terreno também.
 “Juca eu ouvi dizer que para construir é muito difícil aprovar a planta na prefeitura?”
 “Rui, eu nunca soube de nenhuma casa que não teve a planta aprovada pela prefeitura, para tudo se dá um jeito.”
 Depois me disse que o governo vai duplicar a estrada e com isso os imóveis vão duplicar o valor.
 “Aqui o único problema é o transito nos feriados. Mas com a estrada nova, isso aqui não vai mais ter preço.”
 “Achei que estávamos na bolha.” Eu disse.
 “Rui a dez anos que eu escuto que o litoral norte chegou ao máximo, e por mais incrível que pareça todo ano os imóveis se valorizam”.
 Incrível, achei eu, porque se ele estava já há tantos anos como não havia ficado rico? Ele não me parecia muito feliz em morar lá. Era um tipo que se daria muito bem em São Paulo, no Itaim. Mas me contou que havia se casado com uma local e já tinha um filho de dois anos.
 Perguntei sobre a violência, e ele disse que tinha diminuído muito. Falei do assassinato de Foguinho.
 “Quer saber? Ainda bem que o mataram. Aquele garoto era um marginal.”
 Realmente Luana não teria gostado deste Joca, Juca sei lá.
 O que Luana tinha feito com Foguinho? Será que duas mortes não fariam a policia suspeitar de uma conexão? Será que Ricardinho não tinha contado a policia sobre os encontros de Foguinho e Luana?
 Fui até a delegacia, que ficava em outra praia. Na praia do Piabú. Qual foi não foi a minha surpresa ao reconhecer o Delegado. Era o bonitinho que estava ontem final de tarde surfando e havia sorrido para mim.
 E qual não foi uma surpresa ainda maior ao ouvir:
 “Queira sentar-se senhor Victor Montale, eu o estava esperando.”.


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