O leitor deve antes ler os capítulos I, II, III e IV antes de prosseguir pelo V. Grato.
Felipe Rulfo acordou e seguiu para o escritório de paisagismo. A polícia federal tinha alugado uma casa numa vila e colocado além de Felipe e Mariana, mais cinco policiais na operação: “Verde que te quero verde.”
Assim como os membros do grupo 23 saiam na Avenida Paulista pedindo doações, um disfarce para dar um tom amador nas ações terroristas, a polícia federal tinha também seu disfarce. A policia tinha que fazer eles, o grupo 23, entrar na de Felipe Rulfo.
Por isso ele tinha sido escolhido. Felipe era também jovem e bonito. Tinha um aspecto descolado e de ser alguém com propensão à esquerda. Ou pelos menos parecer isso. Pois se sabia tratar-se de um grupo de esquerda.
Já no atelier de paisagismo seu celular tocou. Todos agentes ouviram em silencio o convite de Letícia para que Felipe fosse jantar em sua casa. Ela passou no endereço e marcou para as oito horas.
Mariana ficou muito animada. Ela imaginava que talvez fosse Felipe quem iria fazer o primeiro contato, mas depois ficou desconfiada. Não haviam afinal passado nem vinte e quatro horas do primeiro contato.
Era uma casa grande na zona Sul de São Paulo. Um jardim bem arborizado. Foi Lucas quem abriu a porta e apresentou o casal de convidados. Um espanhol de nome Pablo e uma Argentina de nome Ana Laura.
Letícia saiu da cozinha e veio dar um oi rápido e depois voltou para a cozinha. Lucas ofereceu uma cerveja que Felipe ou agora Rodrigo aceitou. A casa tinha vários livros e uma enorme mesa de madeira.
Durante o jantar o casal de castelhanos contou da viagem que fizeram a Cuba. Eles tinham visto mais pontos positivos lá do que negativos. Verdade é que queriam mais ouvir as opiniões de Felipe do que falar das suas próprias.
Pablo era um sujeito que sorria pouco. Disse a Felipe que odiou a Avenida Paulista porque lá só havia bancos.
“Mas os bancos mudaram-se todos para a Avenida Faria Lima.”
Pablo respondeu que esta Avenida Faria Lima então deveria ser também bem feia e desinteressante.
A comida e o vinho eram maravilhosos. Felipe cogitou em se tornar até um vegetariano. Ele não podia parecer nem muito militante de esquerda e nem tão pouco a favor do sistema. Aqueles quatro jovens queriam testá-lo, mas também queriam recrutá-lo. E ele não podia mostrar-se pronto a se converter tão rápido. Aquilo traria desconfiança e não seria tão prazeroso para os outros.
Lá pela meia noite, Pablo e Ana Laura se despediram. Felipe disse que também iria, mas Letícia o segurou.
Lucas ofereceu mais vinho a Felipe enquanto Letícia aumentava o som. Quando o policial deu por si, ele estava beijando os dois Lucas e Letícia.
Lucas tinha uma barriga durinha e era uma meiguice só. Pelo incrível que pareça aquela moça delicada e sofisticada era um furacão.
Ora ele passava as mãos no corpo de Lucas que tinha uma boca carnuda, ora sentia a delicadeza de Letícia. Que embora muito feminina lhe dava umas pegadas mais agressivas, enquanto o doce Lucas ia bem de vagar.
Letícia tinha uma boca fina e cabelos longos. Gostava de comandar, enquanto Lucas curtia ser comandado.
Ele sentiu muito carinho daqueles dois e se perguntava como poderiam ser más pessoas se o abraçavam tanto. Com tanto afeto.
Será que sempre fazem jantares e agarram os convidados depois? Toda semana? Dia sim, dia não?
Acabou passando a noite lá. Teve receio de mandar um torpedo para Mariana e o resto da operação: “Verde que te quero verde.”
Acordou com o jovem casal na grande cama deles. Na janela ele via as árvores enormes do jardim. Realmente era uma casa e tanto. Nem parecia que estavam em São Paulo. Lucas comentou que durante o café da manhã que Felipe poderia dar uns palpites no jardim.
Mas Letícia o salvou. Dizendo que ele não faria uma consultoria de graça e que não cansassem o hóspede.
“Mas o seu jardim já é lindo.”
Letícia adorou aquilo. Felipe disse que tinha de ir trabalhar. Ele antes de sair perguntou:
“E quando vocês irão à minha casa jantar?”
Aquilo era bom. Mariana recomendou que ele retribuísse o convite. Letícia e Lucas sentiriam confiança em saber onde Felipe morava.
Mas nenhum dos dois se animou em responder.
“Nos falamos”. Disse simplesmente Letícia. De um jeito bem rica esnobe.
E logo depois Lucas começou a retirar a mesa. E disse um: “Tchau”.
Felipe ligou o carro e se foi. Um outro carro logo em seguida o seguiu. E de novo Felipe não notou nada.
Letícia fechou a porta, pegou o celular e ligou.
“Ele acabou de sair daqui.” A voz do outro lado disse.
“O que você achou dele?”
Lucas sorriu quando ouviu ela dizer:
“Uma delícia.”
“E o Lucas?”
“Também gostou.”
“Ótimo. Vamos prosseguir. O próximo a fazer contato será ele.”
Letícia desligou o celular. Puxou Lucas pela camiseta.
“Agora vamos cuidar do jardim.”
Aposto que esse Rodrigo tá mais envolvido na coisa do que se parece. :P mt legal, Léo! :)
ResponderExcluir