terça-feira, 26 de agosto de 2014

Diarios de Nova York, parte 1.

  SoHo, um pedacinho de Roma em Manhattan. 


 Fui para o final do vagao.  Como estava com a mala, imaginei que ficando na porta atrapalharia o entrar e sair deste trem, que liga o terminal do aeroporto ao metro.
 Me sentei no fundo, e olhei pela janela, o ceu estava azul. O trilho corria paralelamente a uma rodovia. Em nada lembrava a paisagem de Nova York do cinema. Olhei para a  direita e vi uma jovem, que se equilibrava ao mesmo tempo em que tentava manter suas tres malas em pe. Sentado a sua frente um outro jovem. Que nao a ajudava. Acho que ele estava tentando organizar a chegada deles ao detestino final. Ficava vendo mapas.
 Os dois eram muito bonitos. Cruzei o meu olhar com a da jovem mulher. Uma pele dourada, um nariz meditarraneo e uma boca sensual. Por um instante acho que ela pensou que eu entendera o que ela conversava em Italiano com o rapaz.
 Ele pouco parecia se importar para a minha presenca. Apesar de sentado, notava-se que era alto. Calculei que seriam irmaos. Nao eram colegas, nem tao pouco amigos. Eram parentes. So nao sei se primos, irmaos ou amantes. Amante eh parente?
 No dia seguinte fui as Villages, west e east. Tomei um porre e fiquei andando pelas pracas, cantarolando Bob Dylan. Eu queria muito ter vivado nos anos 60. Estou lendo um livro da Patti Smith, Just Kids, que retrata aqueles tempos.
 Depois lembrei de Caetano, Narciso acha feio o que nao eh espelho. Incrivel como eu me torno muito mais brasileiro, quando estou longe do Brasil.
 Acabei entrando no territorio do Soho. Um lugar que a principio nao tem nada para mim. Boutiques e lojas de alta costura, mescladas com o melhor das grifes pret a porter europeias.
 O casal Italiano veio de volta a minha cabeca. O que eles estariam fazendo em Nova York? Lua de mel?
 O jeito que eles usavam as calças jeans. A garota estava com um sapato, o rapaz com uma camisa colorida polo. De um tipo que nao se usa no Brasil.
 Existe um charme na mulher americana. A mulher americana, sempre parece uma adolescente. Prontas para agarrar um skate ou fazer uma cesta de basquete. Mas algumas tem sim um olhar 43, com shorts jeans, camisas amarradas na cintura, umbigo de fora, segurando um copo de cafe de papel, e muita pressa.
 Eu nao estou falando das roupas. Falo da ginga. Muito se comenta do homem latino e pouco, ou quase nada da mulher Latina. Nao as Ibericas, mas as Italianas.
 Um jeans numa americana eh um jeans. Ja numa Italiana, um jeans eh um eterno incomodo.
 No fundo, no fundo mesmo, o bairro mais Italiano que existe em NY eh o SoHo. Todos os outros podem ser Italo-americanos. A la Coppola e Al pacino. Mas o SoHo eh um lugar magico onde as americanas se tornam Italianas no caminhar.
Ha coisas que ninguem explica.  Tome um expresso no SoHo por exemplo. E la sentado observe este feitico. Uma americana ao pisar numa calcada do SoHo, anda, olha e fala como uma legitima Romana.
 Tchau Girl.







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