sábado, 31 de julho de 2010

A gatinha pára-quedista.

A minha perversão sexual é na verdade muito tímida. Sim todos nós invariavelmente temos nossas perversões, seja transar com casacos de pele, com pessoas de chulé, anões, garçonetes ou marinheiros.


Diz o mestre austríaco que até beijo na boca é perversão. Sim uma vez que o aparelho digestivo é usado para fins sexuais e não para se tomar uma sopa é batata, digo é perversão.

Por isso sim eu tenho uma perversão. Chegue mais perto. Vou falar baixinho. Mais perto um pouco. Eu... Tenho atração, quer dizer tesão mesmo, por pessoas que amo. Pronto falei.

A leitora romântica dirá que isso é lindo. É certo e honrado. Mas daí vem o senhor Freud e diz que ter desejos só e exclusivamente pelo objeto amado é perversão. Ainda mais quando esse objeto tem uma diferença bem grande de idade com você. Quando digo bem grande, quero dizer que Heleonora tem oitenta anos e eu trinta e cinco.

Meus amigos morrem de inveja de mim. Principalmente os casados. É porque Heleonora teve muitos homens em sua vida é uma mulher madura que sabe o que quer. Já as amigas não entendem como eu posso me envolver com uma mulher mais velha. O que elas não sabem é que eu me atraio pelas rugas de Heleonora, pelos seus cabelos brancos que eu considero um charme. Já as mulheres da minha idade são imaturas, galinhas, periguetes, só pensam em sassaricar.

E quer saber? Se Heleonora ficar parecida com a minha sogra então melhor. Sim minha sogra é budista, pedala, é super alto-astral. Ela a minha sogra, numa dessas viagens budistas conheceu um francês e foi morar um ano com ele no litoral Índia.

Nunca achei Heleonora velha. Aliás, ela tem um pique. Outro dia estávamos na praia e ela quis transar ali na areia. Eu argumentei que era de noite e estava frio. Foi quando ela deixou tudo bem claro, ou a gente transava todos os dias da semana, ou não tinha mais namoro. Que mulher da minha idade tem essa disposição?

Numa outra noite transamos no banheiro da balada. Detalhe foi à terceira transa do dia e havíamos comido uma feijoada. Acontece que de uns tempos pra cá ela vem tendo umas idéias de se relacionar com alguém da idade dela. Eu particularmente ando bem desconfiado do seu professor de pára-quedismo. Ele é quase da idade dela, deve ter uns oitenta e dois. E é bonito o desgraçado. A barriga é um tanquinho. Alto, usa umas camisas estampadas, cheio de tatuagens. Mas deixa estar. Tem uma amiga dela que toda vez que encontro dá em cima de mim. A Rosa. Ela é ainda mais velhinha que a Heleonora. E meio surdinha o que me deixa assim um pouquinho até seduzido.

Às vezes eu penso nessas perversões todas e dou graças a Deus pela minha, ser tão comum e tão normal se comparada às maluquices que tem por aí.

Um amigo meu, por exemplo, da minha idade com uma menina de vinte oito anos? Coitado do Freud se fosse vivo, teria de escrever o quarto ensaio sexual, o quinto o sexto. Deixa o meu amigo, melhor não julgar as pessoas. Vocês não acham? A leitora me desculpe, eu estou vendo aqui no relógio e é hora de abrir o antiquário. Licença que hoje vão os filhos de Heleonora jantar em casa. Antonio Carlos agora se aposentou. Dá um trabalho, tem uns ciúmes da mãe. Amanhã tenho um casamento de outra amiga de Heleonora. Por incrível que pareça nenhum velório essa semana. Porque o que a Heleonora tem de amigo que arruma velório de última hora. Sempre amigos dela, os meus não. Por que será?

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