Paraty
Gabriela é das acreditam no pensamento de alguns sábios antigos que afirmavam ser o nosso planeta Terra um ser vivo e que o equilíbrio entre a convivência das espécies é fundamental para que a mãe natureza continue a existir. Por isso ela amava ir à ilha dos Chavez em Paraty e se esbaldava de fauna e flora.
Duda estacionou a camionete em uma marina e um marinheiro já os aguardava em uma lancha. Ao chegarem à ilha no fim da tarde tiveram uma surpresa: puderam ver Pedro Paulo e Carla na praia antes mesmo de chegarem o píer. Dona Mercedes arranjara com uma amiga um helicóptero e um amigo Senador emprestara o outro, ou seja, tanto ela como o primogênito Guilherme e os amigos de Gabriela não gastaram nem quarenta minutos, ao passo que Duda e a irmã levaram quatro horas para percorrer o mesmo percurso, e olha que Duda corre na estrada. (Que otimismo eu tinha em relação ao tempo de viagem nos anos 90).
À noite fizeram um lanche com poucos à mesa. Talvez, já que estamos a avançar no romance o leitor possa razão cometer certa confusão com os nomes dos personagens.
Em verdade o leitor deve se intrigar como eu mesmo não me perco, por isso mesmo decidi chamar dois personagens que vou agora incluir como casal Puritano.
Pois então, recapitulando os nomes, estavam à mesa Duda, Cris, Gui e Gabriela, que são os irmãos Chavez. Fora eles sua mãe dona Mercedes, sua amiga Lourdes Maria, Pedro Paulo que fora apresentado a Gui, Carla e o casal Puritano de namorados, cujo rapaz era filho de Lourdes Maria.
E essa, por ser uma fresca muito parecida com sua amiga Mercedes, ficou impressionada quando Madame Chavez requisitou que o simpático Cris tocasse Chopin ao piano após o jantar, onde conversavam sobre os recentes casos de estupros que ocorriam já há uma semana em Paraty, relatados pelos funcionários da ilha.
Gabriela que estava excitada com tão mórbida história de garotinhas que mesmo de dia eram forçadas por esse cidadão rastafári que se fazia passar por jovem descolado, a se entregarem aos prazeres do vilão, pediu ao irmão que tocasse para ela alguma coisa clássica.
— Ah, Cris, faz isso para sua irmãzinha!
— Mas eu sou roqueiro, sou oposição, vou agora me deprimir?
— Por favor, vai!
E o músico, com o corpo obedecendo e a boca protestando seguiu em direção ao instrumento como lhe pediram as mulheres da família.
Sentaram-se então todas nos enormes sofás e poltronas brancas num terraço que percorria toda a casa, onde se realizaria o tal esperado almoço de natal.
Lourdes não se conteve e acrescentou um ronco ao piano e para surpresa de todos Cris foi o primeiro a rir e ao que tudo indicava que ele iria trocar Chopin por algo mais contemporâneo e acelerado, não foi o que aconteceu, talvez pela aparição da lua cheia, ele começou a tocar seu repertório de Beethoven.
O rapaz Puritano acordou sua mãe e lhe disse para se recolher ao quarto.
Dona Mercedes despediu-se e foi ter lá para dentro, onde, aliás, Lourdes já havia ido.
Eu creio e acho que o leitor também, que as madrugadas foram inventadas para a prática sexual. Não que as outras horas do dia inclusive da manhã também, não sejam fascinantes.
A moça puritana era bonitinha e o rapaz bem atlético; os únicos assuntos que dispunham eram ou falar mal de alguém ou falar mal de alguma celebridade.
Mas os Chavez odeiam o puritanismo e enquanto o rapaz se distraía a conversar com Carla sobre alguma futilidade Duda e Cris que estavam do outro lado começaram a chamar a Puritana com olhares obscenos para que esta se levantasse e viesse ter com eles.
Gabriela que percebeu a pegadinha dos irmãos aumentou a conversa também com olhares obscenos para o Puritano que nem percebeu então a falta da namorada que já estava no escuro sendo chupada por Cris e Duda.
Vamos dormir que amanhã o dia vai ser puxado, pois os irmãos Chavez irão a Paraty e da última vez que lá foram juntos, até o prefeito foi tirado da cama.
Mas isso só à noite porque de dia o Puritano vai esquiar duas vezes: uma com Cris enquanto Duda transa com Puritana e depois de novo esquia, dessa vez com Duda enquanto Cris está transando com Puritana. Bem da verdade talvez o Puritano até percebesse o que estava rolando. O que não podiam imaginar é que ele, o Puritano já estava loucamente apaixonado por Gabriela.
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