Eram seis na mesa. O ideal são cinco, mas eram seis. Com cinco pessoas a conversa flui. Com seis já não flui. Dispersa em duas, ou até três diferentes papos. Assim diz a regra.
Mas três deles eram fumantes, que passam mais tempo fora do bar fumando, do que dentro. Daí a conversa também flui. Quanta matemática.
Uma turma hyppe de 40 anos. O que hoje se chama de hyppe. Sendo atendida por uma garçonete de 20 anos. Uma garçonete também hyppe. Já notaram como as pessoas de vinte anos se vestem iguais as pessoas de 40?
Foi assim que se conheceram. Num domingo a tarde. Ele solteiro, grisalho, desquitado. Ela, universitária, engajada, politizada, alternativa, e porque não, aberta a novas experiências.
No caso a nova experiência era pegar a estrada com o quarentão hyppe, para fotografar o interior do Brasil.
Ele fora do mercado financeiro. Mas nunca se entendeu, ou se achou nesta profissão. Seu pai era da área, seu tio, irmão, por isso ele tinha relativa familiaridade com alguns termos, mas nunca teve um caso de amor com bolsa de valores, nem identificação.
Casou-se com uma colega de faculdade. Faculdade de economia. Sua esposa abriu com duas sócias, nada hyppes, nada alternativas, um buffet de festa infantil.
Um dia o fotografo faltou. No desespero, a mulher o chamou as pressas, para ocupar o lugar do fotografo e retratar a festa infantil, da menina que fazia 4 anos de idade.
Ele adorou aquilo. As fotos ficaram melhor do que as do fotografo de costume, que havia adoecido.
Gostou tanto, que fez um curso no MAM de fotografia. Passou a fotografar agora todas as festas infantis.
Em pouco tempo se demitiu do mercado financeiro, e também se separou da mulher. Virou um fotografo de vez. Conheceu outros fotógrafos, conheceu galerias, se encontrou.
Mudou de bairro, aprendeu a cozinhar, passou a frequentar todos os eventos culturais da cidade de São Paulo. Estava feliz e realizado.
Nunca mais ouviu falar da ex-mulher. Sua turma mudou, seus interesses também.
Como pôde viver tantos anos convivendo com a fotografia, sem nunca ter se dado conta, de que ela era sua vocação, sua paixão?
A universitária fazia cerâmicas. Ou melhor estudava artes.
Foi uma viagem incrível. Era o final dos anos 80. O Brasil se democratizava. A menina tinha longos cabelos ruivos. Branca, ela contrastava com sertão do Brasil, ou melhor, o completava.
Leila, puxou a mãe. Tem lindos cabelos ruivos. Coisa rara, pois os ruivos estão em extinção. Mas diferente dos pais, fez direito. Nada de artes visuais.
Leila, entrou no escritório de Rita, uma senhora de uns 60 anos. Era Rita quem organizava e decidia todo o evento. No final ao se despedirem, Rita disse algo que pegou Leila de surpresa:
“Às vezes, a paixão de uma pessoa, está bem debaixo do nariz dela. Mas se você não mostra, não aponta, para esta pessoa, talvez ela passe uma vida inteira sem perceber. Sem se encontrar.”
Leila sem entender nada, perguntou de quem Rita falava. E a senhora respondeu, que era de Celso, pai de Leila.
“A senhora conheceu meu pai?”
“Não só conheci, como contei pra ele uma mentira, que foi talvez a melhor coisa que aconteceu na vida dele. Uma mentira, sem a qual você menina, nem seu filho tão pouco, existiriam.”
“E posso saber qual é esta mentira?” Perguntou Leila.
Rita riu, deu de ombros.
“Claro que pode”.
“E qual é?”
“O fotografo adoeceu. Você Celso, precisa ficar hoje no lugar dele"
Mas três deles eram fumantes, que passam mais tempo fora do bar fumando, do que dentro. Daí a conversa também flui. Quanta matemática.
Uma turma hyppe de 40 anos. O que hoje se chama de hyppe. Sendo atendida por uma garçonete de 20 anos. Uma garçonete também hyppe. Já notaram como as pessoas de vinte anos se vestem iguais as pessoas de 40?
Foi assim que se conheceram. Num domingo a tarde. Ele solteiro, grisalho, desquitado. Ela, universitária, engajada, politizada, alternativa, e porque não, aberta a novas experiências.
No caso a nova experiência era pegar a estrada com o quarentão hyppe, para fotografar o interior do Brasil.
Ele fora do mercado financeiro. Mas nunca se entendeu, ou se achou nesta profissão. Seu pai era da área, seu tio, irmão, por isso ele tinha relativa familiaridade com alguns termos, mas nunca teve um caso de amor com bolsa de valores, nem identificação.
Casou-se com uma colega de faculdade. Faculdade de economia. Sua esposa abriu com duas sócias, nada hyppes, nada alternativas, um buffet de festa infantil.
Um dia o fotografo faltou. No desespero, a mulher o chamou as pressas, para ocupar o lugar do fotografo e retratar a festa infantil, da menina que fazia 4 anos de idade.
Ele adorou aquilo. As fotos ficaram melhor do que as do fotografo de costume, que havia adoecido.
Gostou tanto, que fez um curso no MAM de fotografia. Passou a fotografar agora todas as festas infantis.
Em pouco tempo se demitiu do mercado financeiro, e também se separou da mulher. Virou um fotografo de vez. Conheceu outros fotógrafos, conheceu galerias, se encontrou.
Mudou de bairro, aprendeu a cozinhar, passou a frequentar todos os eventos culturais da cidade de São Paulo. Estava feliz e realizado.
Nunca mais ouviu falar da ex-mulher. Sua turma mudou, seus interesses também.
Como pôde viver tantos anos convivendo com a fotografia, sem nunca ter se dado conta, de que ela era sua vocação, sua paixão?
A universitária fazia cerâmicas. Ou melhor estudava artes.
Foi uma viagem incrível. Era o final dos anos 80. O Brasil se democratizava. A menina tinha longos cabelos ruivos. Branca, ela contrastava com sertão do Brasil, ou melhor, o completava.
Leila, puxou a mãe. Tem lindos cabelos ruivos. Coisa rara, pois os ruivos estão em extinção. Mas diferente dos pais, fez direito. Nada de artes visuais.
Leila, entrou no escritório de Rita, uma senhora de uns 60 anos. Era Rita quem organizava e decidia todo o evento. No final ao se despedirem, Rita disse algo que pegou Leila de surpresa:
“Às vezes, a paixão de uma pessoa, está bem debaixo do nariz dela. Mas se você não mostra, não aponta, para esta pessoa, talvez ela passe uma vida inteira sem perceber. Sem se encontrar.”
Leila sem entender nada, perguntou de quem Rita falava. E a senhora respondeu, que era de Celso, pai de Leila.
“A senhora conheceu meu pai?”
“Não só conheci, como contei pra ele uma mentira, que foi talvez a melhor coisa que aconteceu na vida dele. Uma mentira, sem a qual você menina, nem seu filho tão pouco, existiriam.”
“E posso saber qual é esta mentira?” Perguntou Leila.
Rita riu, deu de ombros.
“Claro que pode”.
“E qual é?”
“O fotografo adoeceu. Você Celso, precisa ficar hoje no lugar dele"
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